1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 (17 Votos)

chad.johnsonCC BY NC ND 2.0Alemanha - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] Após a derrota do nazifascismo na Segunda Guerra Mundial, a burguesia, liderada pelo imperialismo norte-americano, empreendeu uma forte campanha para identificar o nazismo com as “loucuras” de Adolph Hitler.


Foto: Chad Johnson (CC BY-NC-ND 2.0)

O nazismo ressurgirá?

Os Estados Unidos apareceram como a superpotência que dominava o mundo desenvolvido. Na realidade, a subida de Hitler ao poder tinha sido apoiada por 99% da burguesia alemã e 95% da burguesia mundial. Da mesma maneira, a subida de Mussolini ao poder teve o apoio de 99% da burguesia mundial. O fascismo e o nazismo tiveram como objetivo conter a ascensão operária na década de 1920, após a Primeira Guerra Mundial, por causa da crise que não conseguia ser fechada. Na Alemanha, após a Guerra, aconteceram três revoluções e a inflação, em 1923, chegou a mais de um trilhão por cento ao ano. Vladimir I. Lenin, o líder da Revolução Russa, disse que não há nada mais revolucionário que a inflação.

Na época, os partidos da III Internacional Comunista eram partidos operários de massas. Somente o Partido Comunista Alemão contava com, aproximadamente, um milhão de membros e enorme influência nos sindicatos. O oportunismo político e a confusão gerados a partir da direção da III Internacional levou a que Hitler chegasse ao poder em 1933 sem qualquer resistência.

Leia também:

Alemanha: o coração do capitalismo europeu (Parte I)

Alemanha: o coração do capitalismo europeu (parte II)

Alemanha: o coração do capitalismo europeu (Parte III)

Os ataques contra os judeus representaram apenas a ponta de lança para desatar os ataques contra o movimento operário, em primeiro lugar o Partido Comunista e o Partido Social-democrata. Uma vez no poder, os nazistas atacaram todas as formas de organização da classe operária, a imprensa e os sindicatos, assim como as expressões da democracia burguesa, como o parlamento e as liberdades de expressão, associação etc. Hoje, a mesma política está sendo desenvolvida em relação aos imigrantes, por meio de uma campanha xenofóbica feroz.

A burguesia imperialista tem impulsionado os grupos de extrema-direita em escala mundial. Quando os governos ditos democráticos, principalmente os governos da ala esquerda, falham, a burguesia usa a extrema-direita. Esses grupos têm se fortalecido em escala mundial. Na Inglaterra, o UKIP tem se tornado um polo de atração das tendências centrípetas do Partido Conservador, os Tories. Na França, a Frente Nacional venceu as últimas eleições municipais e ameaça passar para o segundo turno nas próximas eleições nacionais. No Japão, a extrema-direita passou de 0 deputados para 31, nas últimas eleições nacionais, e ainda empurrou a campanha eleitoral para a direita. Nos Estados Unidos, o Tea Party, agrupado no Partido Republicano, que já controla as duas câmaras do Congresso, tem recebido crescentes contribuições dos monopólios. Nos países atrasados, a movimentação golpista tem sido impulsionada em larga escala. Na América Latina, é a política atual. Os golpes de estado no Egito, na Ucrânia e na Tailândia deixaram claro que a política de força está colocada por causa do aprofundamento da crise capitalista.

Como o nazismo tem sido contido na Alemanha?

Em 1952, a então RFA (República Federal Alemã) proibiu o partido neonazista “Partido do Reino Socialista”. Até meados da década de 1960, os chamados “Anos Dourados do Capitalismo” colocaram os neonazistas no limbo.

A crise capitalista de 1967, apesar de relativamente moderada, impulsionou um novo crescimento dos nazistas, inclusive eleitoral. O neonazista PND (Partido Nacional Democrático), entre 1966 e 1969, contou com representação em sete parlamentos locais. Na Baviera, obteve 7,4% dos votos. Esse sucesso durou pouco tempo e nenhum partido de extrema-direita voltou ao parlamento da Bavária até o presente momento, apesar do relativo sucesso dos “Republicanos” e da União Popular Alemã que tiveram votações razoáveis em alguns momentos.

Leia ainda:

Alemanha: o coração do capitalismo europeu (Parte IV)

Alemanha: o coração do capitalismo europeu (Parte V)

Alemanha: o coração do capitalismo europeu (Parte VI)

Apesar do nazismo na Alemanha se encontrar sob controle até o presente momento, o neonazismo deverá crescer no próximo período, exatamente da mesma maneira que tem acontecido nos demais países europeus e em escala mundial. Na base, se encontra o inevitável aprofundamento da crise capitalista que avança, a passos largos, da periferia para os centros.

Munique é a cidade alemã onde nasceu o Partido Nacional Socialista, de Hitler, e onde o nazismo está mais forte, tanto em termos de organização como de propaganda.

O neonazismo se fortaleceu, principalmente, após a reunificação alemã e, ainda mais, após o colapso capitalista de 2008. Em 2011, a polícia alemã levou a público o desmantelamento de células do NCU (Nacional Socialismo Clandestino) que teriam avançado na preparação de ataques terroristas em larga escala.

Do antissemitismo à xenofobia (anti-imigrantes)

A “ideologia” antissemita, que representou um dos pilares do nazismo, na prática, foi transformada numa política para impor a política do imperialismo alemão não somente contra os judeus, mas contra as massas trabalhadoras, as organizações políticas e sociais, e todas as nações oprimidas.

Essa “ideologia” foi reciclada para a política xenófoba contra os imigrantes, uma espécie de nazismo disfarçado.

Leia mais:

Alemanha: o coração do capitalismo europeu (Parte VII)

Alemanha: o coração do capitalismo europeu (Parte VIII)

Alemanha: o coração do capitalismo europeu (Parte IX)

Alemanha: o coração do capitalismo europeu (Parte X)

O movimento de massas nazifascista surge como produto do desespero de camadas direitistas da pequena burguesia perante o aprofundamento da crise capitalista. A burguesia imperialista e a reação mundial impulsionam esses movimentos com o objetivo de impor governos de extrema-direita no poder. Mas, uma vez chegando ao poder, a tendência sempre foi a se livrar da base de massas e passar a atuar por meio dos aparatos do estado. Aconteceu isso em todos os golpes de estado fascistas. Hitler destruiu as SA's, na chamada “Noite das Facas Longas”, e as substituiu pelas SS e a Gestapo. Pinochet atacou até os grupos de extrema-direita. No Egito, os jovens do Tamarrud, que foram apresentados como a base de massas do recente golpe, foram deixados de lado e o Exército passou a controlar o poder diretamente.

Na Ucrânia, o imperialismo europeu e norte-americano têm pressionado os próprios nazistas a não usarem símbolos nazistas, exclusivamente por motivos demagógicos. O Setor de Direita está sendo atacado pela força militar para enquadrá-lo aos aparatos do estado da mesma maneira que foi feito com o Batalhão Azov. Estes dois grupos participam como milícias armadas contra a população das regiões do leste da Ucrânia.

Fascismo: arma da burguesia contra o movimento operário

O fascismo representa a arma que é usada pela burguesia contra o movimento operário quando todos os demais mecanismos falham. Esses mecanismos entram em crise conforme a crise capitalista se desenvolve.

A dificuldade para colocar em pé, hoje, ditaduras de cunho fascista no poder passa pelo aprofundamento da crise econômica e o extremo parasitismo do capitalismo em escala mundial. Em quase todas as principais potências os gastos militares têm disparado. Isso não tem acontecido na Alemanha e na França por causa da crise, apesar de ambos os países terem passado a disputar com maior intensidade o mercado mundial de armas.

Conforme as engrenagens da economia começarem a engripar, no próximo período, as alternativas para controlar o regime político se verão reduzidas. A burguesia, inevitavelmente, não duvidará em colocar o fascismo, mesmo em versões recicladas, no controle do poder político. O problema que ficará em aberto será a resistência dos trabalhadores e as dificuldades para controlar os fascistas. O estudo da ascensão do nazismo na Alemanha é uma tarefa central neste momento. Os escritos compilados de Leon Trotsky sobre o tema, no livro Revolução e Contrarrevolução na Alemanha, são muito esclarecedores.

A crise capitalista pode ser contida por meio da militarização da economia, mas somente durante um período e ao custo das contradições de classe se acirrarem.

Para o próximo período, deverá acontecer um novo colapso capitalista em escala ainda maior que o de 2008. Segundo Nouriel Roubini, o economista que, em 2006, previu, em detalhes, o colapso de 2008, no início deste ano, previu o estouro de um novo colapso a partir da implosão da “mãe de todas as bolhas”, as emissões desenfreadas de dinheiro podre pelos estados com o objetivo de manter os lucros dos monopólios.

Os estados burgueses se enfraqueceram consideravelmente por causa dos trilhões que foram repassados para os monopólios. A burguesia se encontra paralisada e estupefata, sem conseguir colocar em pé uma política alternativa ao “neoliberalismo”, a não ser o aumento da dose do “neoliberalismo”.

A única maneira de derrotar o fascismo é com a classe operária nas ruas e organizada. O motor que coloca em movimento a classe operária é o aprofundamento da crise capitalista, principalmente a disparada da inflação e do desemprego.

Alejandro Acosta está atualmente na Alemanha.


Diário Liberdade é um projeto sem fins lucrativos, mas cuja atividade gera uns gastos fixos importantes em hosting, domínios, manutençom e programaçom. Com a tua ajuda, poderemos manter o projeto livre e fazê-lo crescer em conteúdos e funcionalidades.

Microdoaçom de 3 euro:

Doaçom de valor livre:

Última hora

Quem somos | Info legal | Publicidade | Copyleft © 2010 Diário Liberdade.

Contacto: info [arroba] diarioliberdade.org | Telf: (+34) 717714759

Desenhado por Eledian Technology

Aviso

Bem-vind@ ao Diário Liberdade!

Para poder votar os comentários, é necessário ter registro próprio no Diário Liberdade ou logar-se.

Clique em uma das opções abaixo.