1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 (18 Votos)

1frnakAlemanha - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] A Alemanha, liderando o imperialismo europeu, representa hoje o ponto central da relativa estabilidade da Europa. A maioria dos países da região foram transformados em províncias, na prática, ou em extensões da Alemanha, representando mais da metade das exportações.


A Bolsa de Frankfurt é a mais importante da Alemanha. Representa quase 90% das transações totais; 60% desse total se relaciona com os ultra podres derivativos financeiros. Foto: Alejandro Acosta/Diário Liberdade

O aprofundamento da crise capitalista nos países mediterrâneos tem escalado como consequência da política depredadora do imperialismo europeu. Os alemães, em primeiro lugar, mas também os franceses, os italianos e os ingleses, embora em menor medida, inundaram a Europa de “crédito fácil”, na década passada, com o objetivo de facilitar as exportações. Conforme os mercados começaram a se saturar, importantes volumes de capitais foram aplicados na especulação financeira, em primeiro lugar na especulação imobiliária. Essa é a base da “má administração” dos países mais endividados, particularmente dos chamados PIIGS (Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha). Também, essa é a base dos “resgates” realizados pela chamada “troika” (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional), que resgata os bancos imperialistas, impondo duros ataques contra os trabalhadores com o objetivo de salvar os lucros a qualquer custo.

Leia também:

Alemanha: o coração do capitalismo europeu (Parte I)

Alemanha: o coração do capitalismo europeu (parte II)

Alemanha: o coração do capitalismo europeu (Parte III)

Bonança ou recessão?

As condições de vida dos alemães se destacam na comparação com os demais países europeus, com a exceção dos países nórdicos, a Suíça, a Holanda e a Bélgica. Mas a situação deve ser analisada no desenvolvimento e não apenas tirando uma foto da situação atual.

2frankA partir da segunda metade da década de 1990, foram aplicados duros ataques contra os trabalhadores, aproveitando a entrada no mercado dos trabalhadores da antiga RDA (República Democrática Alemã). Posteriormente, a Alemanha passou a incorporar a mão de obra barata de grande parte dos demais países europeus. Hoje, os imigrantes representam mais de um décimo da população, que é de 80 milhões de habitantes.

Uma parte do chamado “Estado de bem-estar social” ainda continua em pé, mas com a tendência a ser completamente destruído.

A área dos bancos, em Frankfurt, é uma das poucas onde podem ser vistos prédios altos na Alemanha. Mesmo assim, estão localizados do lado do Rio Main. A cidade tem só 700 mil habitantes. Foto: Alejandro Acosta/Diário Liberdade

A indústria alemã já entrou em recessão. O efeito contágio da periferia se expressa tanto no aumento das dificuldades para exportar quanto no aumento das dificuldades para espoliar os demais países por meio do parasitismo financeiro. Os recentes acontecimentos na Grécia representam uma prova viva.

Os principais bancos do país, que estiveram fortemente envolvidos na especulação imobiliária, hoje, acumulam trilhões em títulos podres. Somente o Commerzbank e o Deutsche Bank, os dois principais bancos privados do país, acumulam mais de meio trilhão de euros. Mas o problema principal é que a crise tem sido concentrada nos órgãos públicos, no Estado burguês. O Bundesbank (banco central alemão) gastou 102 bilhões de euros somente para resgatar o Hypo Bank.

Leia ainda:

Alemanha: o coração do capitalismo europeu (Parte IV)

Alemanha: o coração do capitalismo europeu (Parte V)

Alemanha: o coração do capitalismo europeu (Parte VI)

O BCE (Banco Central Europeu), que é controlado, em primeiro lugar, pelo Bundesbank, acumula trilhões em títulos podres, após todos os planos aplicados desde 2008 terem fracassado.

A implosão da União Europeia representa, em primeiro lugar, a implosão da Alemanha, dos mecanismos colocados em pé para manter o domínio e os lucros dos principais monopólios europeus, liderados pela aliança entre Alemanha e França.

Para o próximo período está previsto um colapso capitalista de gigantescas proporções. A “bonança” alemã está com os dias contados. O aprofundamento da crise capitalista nos países periféricos tem aprofundado a crise capitalista na Alemanha. Ao mesmo tempo, o colapso da Alemanha inevitavelmente implodirá a União Europeia, a começar pelos mais fracos. O que aconteceria com a Grécia, Portugal e o Estado espanhol por exemplo? Para onde iria o desemprego, que hoje é assustador, mesmo quando milhões de trabalhadores têm deixado o país? E a inflação para onde irá?

Qual é o significado do “Estado de bem-estar social”?

De acordo com o economista burguês Piketty, que foi transformado num “pop star” pela propaganda da burguesia, o “Estado de bem-estar social” teria sido promovido pela aplicação de políticas keynesianas que, após a Segunda Guerra Mundial, teria levado à redução das desigualdades de renda (nem tanto da riqueza), por causa do aumento da procura que, por sua vez, impulsionou o crescimento. O financiamento teria acontecido, supostamente, por causa da taxação progressiva. “Tudo dito durante o período de 1932-1980, durante cerca de meio século, o imposto de renda federal mais alto, nos Estados Unidos, era em média 81%.”

3munikNa realidade, o objetivo do “Estado de bem estar social” foi conter o desenvolvimento da revolução após a Segunda Guerra Mundial. Na Itália, os operários estavam armados e tinham tomado as principais fábricas do país. Na França, a Resistência representava a principal força armada do país. Na Grécia, aconteceram duas revoluções. A revolução na Índia conduziu à independência do país e, de acordo com as previsões de Winston Churchill, a Inglaterra acabou se transformando numa potência imperialista de segunda ordem. As burguesias nacionais já tinham desaparecido na Europa Oriental antes de 1948 porque, ou tinham sido expropriadas em favor dos nazistas, ou tinham fugido com eles. Revoluções de massas tinham triunfado na Iugoslávia e na Albânia. Na China, triunfou a revolução proletária em 1949, da mesma maneira que aconteceu na Indochina e na Coreia. O movimento anticolonial entrou num novo patamar em todo o mundo. O capitalismo ficou muito perto de cair.

Munique, cidade de pouco menos de um milhão de habitantes. Quase não há prédios altos. As indústrias foram distribuídas de maneira bastante homogênea por todo o país. Foto: Alejandro Acosta/Diário Liberdade

Com o objetivo de conter a ascensão das massas em escala mundial, o imperialismo aplicou o chamado “Estado de bem estar social” nos países desenvolvidos e brutais ditaduras de cunho fascista nos países atrasados. As ditaduras foram desmontadas por causa dos movimentos de massas que eclodiram após a crise mundial do petróleo de 1974. O “Estado de bem estar social” começou a entrar em rota de colisão com os estados burgueses a partir da década de 1960 conforme os chamados “Anos Dourados” chegavam ao fim. O ataque frontal começou na década de 1980 com o “neoliberalismo” tendo se tornado a política dominante no mundo inteiro.

O colapso capitalista mundial de 2008 implodiu o “neoliberalismo”. A burguesia não conseguiu colocar em pé outra política por causa do elevado nível de putrefação do capitalismo.

Capitalismo: lucros a qualquer custo

A concorrência entre os capitalistas conduz à procura pelo aumento da produtividade e à redução dos custos, mediante a implementação de novos processos e a automação industrial, em cima de máquinas mais modernas, o que leva à redução do número de trabalhadores. Por esse motivo, a mais-valia extraída apresenta a tendência a cair, o que provoca a queda dos lucros que representam o motor da economia capitalista.

3berlinNa tentativa de conter a ação da lei, os capitalistas aumentam a intensidade do trabalho, reduzem os salários, por meio de processos de terceirizações, promovem ataques por meio dos programas de austeridade e usam trabalho escravo em proporções nunca antes vistas nos últimos séculos.

Munique, com destaque para a fábrica da BMW, um verdadeiro show de tecnologia. Foto: Alejandro Acosta/Diário Liberdade

Mas todas essas tentativas não conseguem abortar a ação da lei, apenas a contém temporariamente, ao mesmo tempo em que provoca o aumento das lutas operárias. Na China, por exemplo, o salário médio dos trabalhadores passou de US$ 30 na década de 1980, para US$ 230, e no Vietnã, que se pretendia que substituísse, parcialmente, à China, nos últimos seis anos, os salários passaram de US$ 45 para mais US$ 90.

A tentativa de agilizar os processos de vendas e a diminuição dos estoques, com o objetivo de acelerar a rotação do capital, tem se chocado com o crescente empobrecimento das massas. A crise de superprodução está na base da crise capitalista atual. O aumento exponencial do crédito, em cima de recursos públicos, está levando o mundo inteiro a enormes bolhas financeiras.

No Brasil, o “modelo de crescimento Lula” se esgotou e deixou como saldo a disparada da inadimplência em níveis históricos, com o governo fomentando-o ainda mais devido à falta de alternativas.

A desvalorização do capital constante empregado (principalmente, as máquinas e equipamentos) e, fundamentalmente, a crise capitalista, que leva à destruição em larga escala das forças produtivas permitem, junto com superexploração dos trabalhadores, que os mecanismos capitalistas não engripem. Ao mesmo tempo, as crises aumentam as compras e consolidações, reforçando ainda mais a monopolização da economia. O grosso da competição agora se processa em escala mundial entre os monopólios que, na disputa pelo mercado mundial, têm levado o parasitismo a níveis absurdos, além de impulsionarem o militarismo e as guerras.

Alejandro Acosta está atualmente na Alemanha.


Diário Liberdade é um projeto sem fins lucrativos, mas cuja atividade gera uns gastos fixos importantes em hosting, domínios, manutençom e programaçom. Com a tua ajuda, poderemos manter o projeto livre e fazê-lo crescer em conteúdos e funcionalidades.

Microdoaçom de 3 euro:

Doaçom de valor livre:

Última hora

Quem somos | Info legal | Publicidade | Copyleft © 2010 Diário Liberdade.

Contacto: info [arroba] diarioliberdade.org | Telf: (+34) 717714759

Desenhado por Eledian Technology

Aviso

Bem-vind@ ao Diário Liberdade!

Para poder votar os comentários, é necessário ter registro próprio no Diário Liberdade ou logar-se.

Clique em uma das opções abaixo.