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dielinkeAlemanha - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] A esquerda alemã se encontra dividida em dezenas, ou talvez centenas, de pequenos grupos, e um grande agrupamento principal, o Die Linke, ou A Esquerda.


O Die Linke é atualmente o principal partido da esquerda alemã, de cunho reformista, que conta com 64 deputados federais. Foto: Fabian Bromann (CC BY 2.0)

Onde está a esquerda revolucionária alemã?

A ligação desses grupos com as massas e, especificamente, com a classe operária, é quase nula. Os pequenos grupos não possuem uma atuação na situação política real e se resumem basicamente a pequenos grupos mergulhados em gigantesca confusão.

O Die Linke é um partido incorporado ao regime e com atuação parlamentar, desligado do movimento de massas real, na mesma linha do Syriza grego, do Podemos espanhol ou do Psol brasileiro. Hoje Die Linke conta com 64 deputados federais.

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Perante este quadro, que em linhas gerais se repete em escala mundial, está colocada a necessidade de uma reformulação da esquerda para o próximo período, conforme a classe operária se colocar em movimento, impulsionado pelo aprofundamento da crise capitalista. A esquerda oportunista e burocratizada, tal como a conhecemos hoje, deverá ser superada pelo movimento de massas.

A revolução socialista não é possível sem um partido operário, revolucionário e de massas. As organizações pequeno burguesas, tanto os partidos políticos como a burocracia sindical, funcionam como um colchão que impede a organização independente da classe operária. Conforme esses partidos entram em crise e os trabalhadores se movimentam, se fortalece a tendência da classe operária a buscar a organização do próprio partido, passando por cima dessas organizações e da burocracia sindical.

Sobre o caráter do Die Linke

Die Linke representa um partido pequeno burguês, o segundo do Partido da Esquerda Europeia, apenas atrás do Syriza grego, em relação ao número de deputados. Esses dois partidos, junto com a Frente de Esquerda francesa, formam o tripé da tentativa de estruturação de novos partidos social-democratas, alternativos aos social-democratas tradicionais, que se encontram muito desgastados.

O Die Linke foi criado como um racha social-democrata do PSD (Partido Social-democrata) que foi o impulsionador das políticas neoliberais na Alemanha. Esse partido tem sido impulsionado pela burguesia alemã como a carta na manga para colocar em pé uma frente popular no caso da falência da Grande Coalisão liderada por Angela Merkel.

O Die Linke tem participado de governos locais em vários estados (lands) alemães, junto com o PSD e os Verdes. O “anticapitalismo” não passa de uma rotulagem em voga entre a esquerda oportunista, principalmente na Europa. Em grande medida a atuação parlamentar desses partidos é pró-capitalista, tal como ficou evidente com o Syriza grego ou com várias atuações do Die Linke.

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A inspiração do Die Linke é o italiano Partido da Refundação Comunista (PRC), o herdeiro do eurocomunista PCI (Partido Comunista Italiano) que, apesar de nunca ter participado diretamente do governo central italiano, entre 1996 e 1998 ajudou a completar a maioria parlamentar do governo liderado por Romano Prodi.

O Die Linke conta com aproximadamente 100.000 filiados. Na sua origem se encontra a fusão do PDS (Linkspartei), o partido estalinista que governou a RDA (República Democrática Alemã), sucessor do Partido Socialista Unificado da Alemanha, e a WASG (Alternativa Eleitoral pelo Trabalho e a Justiça Social), uma ruptura menor do SPD (Partido Social-democrata) de 2005.

O Linkspartei representou originalmente, muito à frente dos outros, a força principal por causa da base eleitoral no leste da Alemanha.

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O WASG, apesar de mais fraco, acabou impulsionando a extensão do Die Linke para a Alemanha e, em grande medida, conseguindo o último resultado eleitoral, que foi muito significativo.

Várias organizações ditas trotskistas se encontram dissolvidas no Die Linke, como o Secretariado Unificado e os cliffistas.

Pode o Die Linke evoluiur e tornar-se um partido revolucionário? Die Linke poderia romper com governos burgueses e regionais e lutar por um governo dos trabalhadores? Devido ao caráter pequeno burguês, e a falta de base operária de massas dessa organização, essa possibilidade não existe. É a mesma política que a esquerda pequeno burguesa, como o Psol, o Syriza, o Podemos e a Frente de Esquerda francesa, aplica com a finalidade de eleger deputados para o parlamento burguês.

Sobre a desaparição do maior partido operário do mundo

Após a dissolução da I Internacional Comunista em 1874, se desenvolveu um processo de formação de grandes partidos operários de massas que enfrentaram a estabilidade do final do século XIX do capitalismo por meio da priorização da luta por reformas. Esses partidos tinham, na sua composição, um importante setor de elementos oportunistas que tinham se fortalecido a partir do lassaleanismo e do proudhonismo, que, posteriormente, acabaram evoluindo para o bernsteinianismo, a maior expressão do oportunismo que infectou quase todos os partidos da II Internacional Socialista.

Com a formação dos monopólios, que passaram a dominar a economia nas últimas décadas do século XIX, aumentou o acirramento das contradições pela divisão do mercado mundial. A enorme maioria dos deputados dos partidos da II Internacional Socialista aprovou os créditos de guerra e se passou abertamente para o lado da burguesia.

Com a vitória da Revolução Russa de Outubro de 1917, e o estouro de várias revoluções na Europa, foi impulsionado um novo processo no sentido da formação de partidos proletários, revolucionários e de massa. Perante a ascensão operária e o aprofundamento da crise capitalista, a burguesia impulsionou o fascismo a partir da mobilização de camadas médias da sociedade.

Com a derrota das revoluções operárias na Hungria e, principalmente, na Alemanha, a revolução operária na Rússia ficou isolada, após ter ficado arrasada na Primeira Guerra Mundial e na Guerra Civil. Os remanescentes da sociedade anterior, que tinham sido expropriados, junto com os camponeses que tinham enriquecido com a NEP (Nova Política Econômica) e a oficialidade desmobilizada do Exército Vermelho, impulsionaram a burocratização da sociedade. O estalinismo foi a representação da nova situação política. A III Internacional passou a priorizar a estabilização da União Soviética e a priorização dos interesses nacionais, com a nova burocracia à cabeça e acordos com o imperialismo mundial em vários terrenos.

Em 1926, foi derrotada a greve geral na Inglaterra por causa, em grande medida, da política oportunista da III Internacional aplicada em relação à burocracia sindical ligada ao Partido Trabalhista Britânico. A derrota da revolução chinesa em 1927, por causa da política de incluir o Partido Comunista Chinês no Kuomintang, custou o massacre de mais de cinco mil militantes comunistas somente em Xangai, pela mão do próprio Kuomintang. Em 1933, Hitler sobe ao poder, devido aos brutais erros cometidos pelo PCA (Partido Comunista Alemão), que na época contava com aproximadamente um milhão de membros, e pela III Internacional.

Hitler liquidou o PCA que nunca mais veio a ressurgir na Alemanha. O PCA aplicou as mesmas políticas oportunistas que a esquerda pequeno burguesa aplica hoje.

A experiência do PCA deve ser analisada de perto pelos revolucionários. Para o próximo período está colocada a entrada em movimento da classe operária mundial e a formação de novos partidos revolucionários, operários, de massas, que deverão ultrapassar a esquerda oportunista e burocratizada e a burocracia sindical.

Alejandro Acosta está atualmente na Alemanha.


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