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ambulantesBrasil - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] Brasil: crise passageira ou na direção da recessão profunda?


Índices oficiais de desemprego não contemplam, por exemplo, serviços como o de vendedores ambulantes. Foto: Paisagem gráfica da cidade (CC BY-NC 2.0)

A disparada do desemprego

De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas brasileiras (São Paulo, Rio, Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador e Recife), em abril, subiu para 6,4%, no quarto mês de subidas consecutivas, segundo os dados da PME (Pesquisa Mensal de Emprego). O aumento foi de 4,2% sobre o mês de março e de 32,7% (em torno a 385 mil trabalhadores) na comparação com o ano passado, para quase 1,6 milhão de pessoas, segundo as estatísticas oficiais.

A Pnad Contínua, que considera o Brasil todo nas pesquisas, indicou um desemprego de 7,9%. O desemprego entre os jovens (entre 18 e 24 anos de idade) foi de 16,2% em abril, o que equipara o Brasil aos países europeus em grave crise, como Portugal por exemplo. A estatística não considera os jovens que não conseguem entrar no mercado de trabalho por causa da crise.

Leia também:

O inevitável colapso econômico no Brasil... e no mundo (Parte I)

O inevitável colapso econômico no Brasil... e no mundo (Parte II)

O inevitável colapso econômico no Brasil ... e no mundo (Parte III)

O inevitável colapso econômico no Brasil ... e no mundo (Parte IV)

O inevitável colapso econômico no Brasil ... e no mundo (Parte V)

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O setor da construção civil tem sido um dos mais afetados, devido aos R$ 29 bilhões retirados da caderneta de poupança neste ano, e ao aperto do financiamento de imóveis. A Caixa Econômica Federal, que tem sustentado a especulação imobiliária nos últimos dois anos, cortará o crédito para o setor em 20% (de R$ 128 bilhões para R$ 103 bilhões), o que representa uma mudança sensível da política aplicada nos últimos anos.

6,4% de desemprego no Brasil?

A deterioração dos índices oficiais de desemprego revelam o aprofundamento acelerado da crise capitalista no Brasil. Mas isso não significa que revelem a realidade.

Os trabalhadores com carteira assinada, de acordo com o IBGE, somam 22,5 milhões nas seis regiões pesquisadas; 11,1 milhões no setor privado.

De acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o desemprego na região metropolitana de São Paulo está em 19%. O Dieese chega nesse índice, três vezes superior ao do IBGE, simplesmente considerando componentes "esquecidos" pelo IBGE: o desemprego oculto pelo "trabalho precário" (pessoas que realizaram algum tipo de atividade nos 30 dias anteriores à pesquisa e buscaram emprego nos últimos 12 meses) e o desemprego oculto pelo "desalento" (quem não trabalhou nem procurou trabalho nos últimos 30 dias, mas tentou nos últimos 12 meses).

Os índices oficiais do desemprego do Brasil contemplam apenas dados relacionados com as principais cidades do País, um pequeno período de procura do emprego pelos trabalhadores desempregados, não consideram os milhões de trabalhadores que trabalham como vendedores ambulantes, prestadores de serviço informais, diaristas, que não têm nenhum tipo de proteção social, e que são alvo dos organismos de repressão do estado, e o trabalho escravo que tem aumentado com o aprofundamento da crise capitalista.

A população total do Brasil é de aproximadamente 195 milhões de pessoas. A PEA (população economicamente ativa) está estimada, pelas estatísticas oficiais, em aproximadamente 103 milhões de pessoas, mas, se considerarmos as pessoas entre 14 e 65 anos, o número passa para, aproximadamente, 128 milhões. Existem em torno de 11,5 milhões de pessoas não incorporadas ao mercado de trabalho: a população carcerária (500.000 pessoas, recorde mundial em crescimento), os incapacitados para o trabalho (em torno de 7 milhões) e os dependentes nas famílias com rendimentos acima de 20 salários mínimos (estimamos em 4 milhões de pessoas, considerando dois dependentes para cada uma das 2 milhões de pessoas que recebem essa remuneração). Se desconsiderarmos, ainda, os aproximadamente 3 milhões de pessoas que estão na faixa de 10 a 14 anos e entre 65 e 70 anos, que estão trabalhando, concluímos que pelo menos 117,5 milhões de pessoas compõem a PEA real, 16,5 milhões de pessoas a mais do que as manipulações estatísticas oficiais mostram.

Os trabalhadores com carteira assinada somam apenas 44 milhões, ou 37,5% da PEA, dos quais mais de 10,5 milhões são terceirizados de acordo com a pesquisa setorial divulgada pelo Sindeprestem e pela Asserttem.

A disparada do desemprego na indústria

De acordo com o IBGE, o emprego industrial encerrou o ano de 2011 com crescimento de 1,0%, ritmo muito inferior ao verificado em 2010 (3,4%). Mas, nos últimos quatro meses do ano, as taxas caíram para -0,4%, -0,5%, -0,1% e 0,2% respectivamente, o que reflete o impacto da crise capitalista mundial no Brasil e a esquálida retomada após o pacote do governo implementado no mês de novembro com o objetivo de incentivar o consumo mediante a liberação de recursos através dos bancos.

Em dezembro de 2011, o emprego industrial caiu 0,4% frente a igual mês do ano anterior, principalmente em São Paulo (-3,3%) e nas indústrias de maior valor agregado: produtos de metal (-8,2%), borracha e plástico (-8,2%), vestuário (-7,9%), calçados e couro (-16,2%), metalurgia básica (-9,4%), papel e gráfica (-4,6%), produtos químicos (-4,4%) e de máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-3,7%).

A avaliação em perspectiva da evolução do emprego industrial mostra a sua acelerada redução a partir do terceiro trimestre de 2010, quando registrou aumento de 5,1%, caindo, no ano passado, em 0,2% em janeiro-março, 0,0% em abril-junho, 0,1% em julho-setembro e 0,6% no quarto trimestre de 2011.

Os altos índices de desemprego no Brasil refletem o impacto da crise capitalista mundial e deverão piorar acentuadamente devido à crescente submissão do governo do PT aos interesses dos especuladores financeiros imperialistas. O desenvolvimento da luta dos trabalhadores contra os ataques da burguesia deixa clara a necessidade de impulsionar as tendências combativas e revolucionárias presentes no interior da classe operária contra o regime capitalista falido.

Nuvens negras sobre a economia brasileira (e mundial)

PIB brasileiro caiu 0,2% no primeiro trimestre, segundo os dados oficiais e, obviamente, desconsiderando as maquiagens estatísticas. A queda dos últimos quatro semestres acumulados soma 0,9%.

Mas o realmente grave dos componentes desses dados é que o ÚNICO setor que registrou algum crescimento foi o da agricultura, com 4,7%.

O consumo caiu 1,3%, o que coloca à ordem do dia a implosão do crédito e o crescimento da bolha do consumo, em cima do gigantesco endividamento das famílias. E revela o esgotamento dos mecanismos de contenção da crise colocados em pé em 2009.

O investimento público caiu 1,3%, o que repercute na geração de empregos. Os serviços caíram 0,7%. A produção industrial caiu 0,3%, continuando o processo de desindustrialização.

Sobre a agricultura o que deve ser destacado é que a produção da meia dúzia de matéria primas sobre as quais estão focadas as políticas públicas não tem nada a ver com as necessidades da população. O foco é na especulação financeira, principalmente nas bolsas futuro, nos mercados de commodities. E o objetivo é obter divisas para compensar a inundação de importações e, se possível, gerar algum recurso para enfrentar os pagamentos externos. A balança de contas correntes continua aumentando o déficit a ritmos alucinados.

O Brasil continua (e cada vez mais rapidamente) andando em direção ao buraco ...


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