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invasãomaracanaBrasil - Diário Liberdade - Invasão policial causou ferimentos. Heróica resistência indígena até o último minuto.


Com uma ação brutalmente violenta, amparada por uma cobertura desinformativa de combate destinada a justificar a truculência policial, a Polícia de Choque acabou por invadir finalmente o Antigo Museu do Índio, nas redondezas do Estádio do Maracanã do Rio de Janeiro. A confiscação de câmeras à mídia alternativa e atitude policia fazia deste final o mais provável.

Os e as indígenas, que após meses e do acontecido nas últimas horas já assumiram que o governo do Estado do RJ não deixaria eles/as ficarem no local, apenas pediam que a utilização do casarão fosse como uma embaixada indígena em pleno ambiente urbano, aberta a todas as etnias existentes no Brasil, como um espaço para mostrarem sua cultura e realizarem intercâmbios de conhecimento. Em troca, as moradoras e moradores aceitariam abandonar imediatamente o local. Mas nem assim. Os planos do governador Cabral para o que fora no passado o prédio do Serviço de Proteção aos Índios (SPI) e da Fundação Nacional do Índio (Funai) passam, pretensamente, pela construção de um shopping e um estacionamento para os megaeventos esportivos que vêem, e que, após a pressão popular, foi prometido pelo governo a construção de um Museu Olímpico, que seria administrado pelo Comitê Olímpico Brasileiro -COB.mdi

Foto à direita: Polícia reprime jornalistas com spray de pimenta

Nesse momento, apoiadoras e apoiadores da Aldeia Maracanã se dirigem à UERJ para contestar a brutal ação do braço armado do Estado em defesa das construtoras e especuladores/as.

Ferimentos na invasão policial

A desumana invasão da Aldeia Maracanã aconteceu por volta do meio dia com balas de borracha, gás de pimenta e cacetetes usados pelos cerca de cem elementos das forças repressivas (contra 22 moradores) que desde as 3h da madrugada cercaram o edifício. Ao que parece, segundo as primeiras informações, houve moradores da Aldeia Maracanã feridos na sequência da invasão. Entre eles, um menino de quatro anos que sofreu as consequências do gás pimenta policial. Ainda, uma mulher grávida foi reprimida violentamente e presa.

Embora apanharam força com a saída do sol, as provocações e agressões da polícia já aconteciam desde a madrugada, como se pode ver neste vídeo. Entrentanto, indígenas e ativistas resistiram com heroísmo e pacificamente no interior. Na tarde de ontem, em previsão da ação comandada pelo governo do estado do RJ, montaram barricadas para se proteger da violência institucional.

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Galeria de fotos

Graças ao contributo de Norbert Suchanek podemos oferecer essa galeria de fotos da resistência indígena contra a abafante superioridade numérica e militar policial.


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Desinformação 'de choque' massiva

A polícia era de choque, mas os meios informativos também. Após a polícia silenciar toda a mídia alternativa, confiscando suas câmaras, começou o show da Globo e, principalmente, da Record. A segunda, em uma cobertura completamente subjetiva, classificou apoiadores e apoiadoras da Aldeia Maracanã de provocadores subversivos. O colapso no trânsito criado pela desmedida intervenção policial - a Radial Oeste chegou a estar bloqueada - é arma da Globo para criminalizar a exemplar resistência indígena.

A reação popular ao despejo está sendo, nos primeiros minutos após o acontecido, de imensa rejeição à desmedida violência policial, focando as responsabilidades no governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral (PMDB, eleito como aliado do PT). 

Relato de Guilherme Pimentel, companheiro da Revista Vírus Planetário:

"Acabo de chegar da Aldeia Maracanã. A paz não foi possível por uma sucessão de levianidades:

1 - O governo (Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos do Estado) se negou a negociar no local e disse que só negociaria depois de retirados todos os indígenas. Essa postura gerou um grande impasse.
2 - Os oficiais de justiça preferiram a velocidade do que a qualidade do cumprimento da "ordem" de despejo, vetando propostas que tomariam muito tempo e ignorando inclusive a condição expressamente colocada pelo juiz de não utilizar nenhuma forma de violência.
3 - A PM descumpriu sua palavra de não agir com violência na desocupação do local, mesmo com os manifestantes já cedendo e saindo por vontade própria, já com os portões abertos e sem cadeado...

Resultado: vários feridos e detidos. Até autoridades públicas, como parlamentares, promotores e defensores sairam com a cara inchada de tanta pimenta. No final, a PM disse que entrou no local porque havia fogo se alastrando, o que é uma mentira deslavada! Antes da PM entrar na aldeia, os bombeiros entraram e acabaram com as fogueiras que os manifestantes tinham feito.

Sem a verdade e sem vontade política, fica difícil construir a paz..."

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Polícia ameaça Adeia Maracanã no Rio de Janeiro

[22/03, às 08:06 horas do Rio de Janeiro] Desde as 3h da madrugada, querem despejar indígenas para construir um shopping. Faz meses que a resistência enfrenta as pressões da especulação imobiliária.

Desde as 3h da manhã, cerca de 50 policiais da Tropa de Choque do Rio de Janeiro cercam a Aldeia Maracanã, o antigo Museu do Índio, no entorno do estádio Maracanã (com fortes interesses de especuladores em vista dos eventos desportivos dos próximos anos) para forçar a desocupação do prédio, atualmente defendido por indígenas e ativistas.

Assim, dá-se o paradoxo de que se prepara uma ação policial violenta contra indígenas no edifício que, precisamente, abrigou no passado o Serviço de Proteção aos Índios (SPI) e a Fundação Nacional do Índio (Funai). Uma demonstração, sem dúvida, de qual a ordem de interesses no Brasil de hoje.

A ordem de despejo foi emitida pela justiça federal no último dia 15 e o prazo para a desocupação terminou ontem (21). Ao longo da madrugada, as e os ativistas que agora defendem o prédio chamaram a juntar-se para resistir a previsível ação violenta da polícia de choque. O local em que atualmente moram indígenas seria destinado para um estacionamento e mais um shopping que reverencie o consumismo, mas após a pressão popular, o governo prometeu construir um Museu Olímpico.

Neste momento, ativistas chamam a se unir na defesa do Antigo Museu do Índio, da Aldeia Maracanã.

Polícia tenta apagar informações

O próprio movimento de defesa Aldeia Maracanã denunciou lançamento de gás à zona onde crianças e comunicação estão. Ainda, atitude policial faz suspeitar da intenção de usar violência física direta nas próximas horas, dado que os corpos repressivos confiscaram câmeras da imprensa alternativa presentes no local.

Governo do RJ quer deslocar indígenas para hotel

O governo do RJ quer despejar os e as indígenas para um hotel na região central do Rio de Janeiro. Teoricamente, seria apenas uma situação temporária enquanto é preparado um centro de referência indígena que, inicialmente, ficaria próximo da Quinta da Boa Vista.

A hipótese do hotel foi decididamente contestada pelas pessoas afetadas, de forma que o governo estadual teve que ceder e oferecer outras possibilidades, como a instalação em Jacarepaguá, Bonsucesso ou em uma estrutura provisória nas proximidades do Maracanã, assim como a volta às aldeias natais.

Seja como for, resulta incompreensível e dificilmente justificável a necessidade de enviar para estruturas provisórias, e o facto de que a localização definitiva não esteja ainda pronta apesar de o projeto do shopping no local contar já com bastante antiguidade. Ou será que as medidas provisórias tencionam se converter em definitivas? 

Ainda, os antecedentes em relocação de pessoas despejadas (em locais sem as minimas condições de higiene, serviços públicos e segurança) por interesses urbanísticos no Rio aconselha cautela.

Indígenas e ativistas que apoiam a causa rejeitam deixar um "lugar histórico" que "faz parte da nossa cultura e da nossa vida" para deixar via livre à especulação com as infraestruturas da Copa e das Olimpíadas.

Fotos: Principal - Record - Imagem da invasão policial // Galeria: Norbert Suchanek para o DL


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