Um forte e contudente protesto contestou a entrega do Orçamento de Estado (OE) passada segunda-feira em São Bento. Os centos de pessoas concentradas sob o chamado do 'Cerco ao Congresso' (em analogia com um protesto similar convocado em Madrid a 25, 26 e 29 do mês passado) enfrentaram nas ruas o Orçamento mais lesivo das últimas décadas contra os interesses das classes trabalhadoras.

O protesto de segunda-feira subiu mais um degrau no nível de combatividade, na linha das últimas semanas. A manifestação terminou em enfrentamentos e barricadas defensivas que conseguiram que, desta vez, as perseguições e surras protagonizadas pela polícia em ocasiões anteriores não tivessem sucesso. Assim, as forças policiais do regime, tiveram poucas oportunidades de empreender a agressão a manifestantes, tendo que manter uma atitude essencialmente defensiva. Houve 11 pessoas feridas, das quais 10 policiais, 2 detenções e três identificações.

Apesar das situação de emergência social, da perda absoluta da soberania nacional e do muito reduzido apoio popular às instituições do regime neoliberal (com o governo do direitista Passos Coelho a sofrer um descrédito sem precedentes e, segundo inquéritos, ter o rejeitamento da imensa maioria dos portugueses e portuguesas) a polícia voltou demonstrar de quê lado está e defendeu com obediência o edifício do Congresso. Paradoxalmente, foi a própria polícia a que acabou por cercar o edifício.

O facto de o status-quo do regime precisar da mobilização massiva de forças policiais demonstra até que ponto os interesses deste estão num caminho divergente dos interesses da maioria social.

Galeria de fotos do protesto e a luta nas ruas em São Bento

Fotografias do fotografo Luis Nunes para o Diário Liberdade

Por quê vou ao Cerco ao Congresso?

Porque este orçamento condena os mais velhos a decidir entre comida e medicamentos
Porque este orçamento rouba o essencial às crianças
Porque este orçamento impede os jovens de continuar a desenvolver-se e contribuir para o bem comum
Porque este orçamento deixa grande parte da populção sem lugar na sociedade, poque não pode pagar os bens essenciais
Porque este orçamento deixa quase um milhão e meio de pessoas sem trabalho justamente remunerado
Porque eu sinto na pele todas estas razões... e por enquanto ainda estou calmo.

Fotos: Luis Nunes para o Diário Liberdade