O estudo do Eurobarómetro foi realizado em 27 países da União Europeia, não incluindo ainda a Croácia, a propósito do Dia Internacional da Mulher.
Portugal é o país onde a violência contra as mulheres provoca a maior preocupação em toda a Europa. A crise agravou as desigualdades de género e os patrões continuam a praticar a discriminação absoluta nos critérios de recrutamento entre homens e mulheres, ainda segundo o estudo.
Os resultados do trabalho do Eurobarómetro revelam que 38 por cento dos europeus continuam a considerar a discriminação salarial como a maior evidência da desigualdade de género, seguida pela violência contra as mulheres, com 34 por cento, e pelas dificuldades de conciliação da vida profissional com a vida familiar, igualmente com 34 por cento. Mas se em França, na Áustria e na Suécia as diferenças salariais preocupam mais de metade dos cidadãos, em Portugal a situação é muito diferente. A violência contra as mulheres é o maior sinal de desigualdade para 52 por cento, a maior taxa registada em toda a União, seguida pela Suécia e pela Espanha (49 por cento), Itália e Roménia (46 por cento). As dificuldades de conciliação entre trabalho e vida privada representam a maior preocupação para os alemães (48 por cento).
Quase um em cada três europeus (30 por cento) consideram que a crise agravou as desigualdades de género, a mesma percentagem dos que consideram que fez piorar, igualmente, as dificuldades de conciliação entre as vidas laboral e privada. Em Portugal, 45 por cento das pessoas consideram que a crise tem como consequência principal o agravamento da violência contra as mulheres.
Dois terços dos europeus não têm dúvidas, de acordo com o Eurobarómetro: a criação de emprego e o combate ao desemprego devem ser as prioridades das instituições de Bruxelas e dos governos.
Interrogados sobre as mais graves consequências da crise, os cidadãos europeus responderam da seguinte maneira: 46 por cento consideram que tornou ainda mais tardia a entrada de jovens graduados no mercado de trabalho; 42 por cento não têm dúvidas de que agravou a insegurança laboral; 37 por cento registam que a situação piorou em termos de correspondência entre as qualificações e os trabalhos exercidos.
O estudo revelou uma discriminação absoluta de género em termos dos critérios seguidos pelos empregadores para recrutarem os trabalhadores. Quando se trata de homens, os patrões guiam-se pela experiência profissional (40 por cento), pelo nível de qualificações (38 por cento) e pela mobilidade (31 por cento). No caso das mulheres os critérios são a existência de filhos (49 por cento), a flexibilidade de horário de trabalho (35 por cento) e a aparência física (33 por cento). Em Portugal, a existência ou não de crianças é dominante (41 por cento), mas a aparência física sobrepõe-se à flexibilidade de horário (33 contra 31 por cento).
Na perspetiva das eleições europeias de Junho de 2014, os inquiridos no estudo consideram que o principal tema em termos de igualdade de género deve ser o da discriminação salarial (21 por cento), seguido, ao mesmo nível, pelos da violência contra as mulheres e da compatibilidade entre vida profissional e familiar. Em Portugal a violência doméstica deve ser a principal preocupação (22 por cento), contra 16 por cento do fosso salarial e 13 por cento da compatibilidade entre atividades.