- resultados finais da votação de domingo, em todos os países da União Europeia, aqui, em Portugal, aqui
- os resultados eleitorais em Portugal reflectem uma realidade que se verificou por toda a Europa, uma maior dispersão de votos pelas forças que normalmente não estão nos governos e uma forte condenação dos partidos que normalmente estão;
- o Partido Popular Europeu foi o que mais eleitos alcançou, logo seguido pelo Partido Socialista Europeu, mas o primeiro perde um grande número de deputados europeus e o segundo também sofre uma redução, embora muito pequena;
- apesar de juntos, e pela primeira vez em muitos anos, PS, PSD e CDS representarem 59,16%, para que as alternativas reais ganhem uma força inequívoca, é preciso que este número desça ainda mais. Basta olhar para os números de 2009 e perceber que nessa altura, os três juntos, representaram 66,63%, um número bem diferente dos 78,41% das Legislativas de 2011. Tem sido mais fácil penalizar os partidos do chamado "centrão" em eleições Autárquicas e para o Parlamento Europeu do que nas Legislativas;
- noutros países, a queda dos partidos do "centrão", foi um verdadeiro trambolhão, basta passarmos a fronteira e perceber que num universo de 54 deputados, PP (16) e PSOE (14) elegem 30 deputados, muito longe dos 47 eleitos em 2009;
- é verdade que muitos votos do "centrão" foram desviados para partidos nacionalistas e xenófobos, mas também é verdade que em muitos países, incluindo o nosso, o desvio de votos foi parar a partidos moderados ou a partidos claramente de esquerda, como no Estado Espanhol, na Irlanda ou na Grécia;
- a ascensão dos partidos nacionalistas e xenófobos é uma realidade à qual não devemos fugir, mas também é necessário valorizar que no campo daqueles que defendem uma Europa mais justa, solidária, igualitária e cooperante, houve um reforço significativo dos resultados eleitorais. Querer ver apenas a parte má da questão pode ter o condão de conduzir a um estado de aterrorização geral, estado esse que poderia levar a uma desistência colectiva da luta contra os nacionalistas e xenófobos;
- em Portugal há vários vencedores, porque num quadro de maior abstenção acabam por aumentar o número de votos em relação a 2009 - CDU (36.642), PS (86.867), MPT (210.228), PCTP-MRPP (11.450), PPM (3.878), PNR (1.939). Em relação ao número de deputados eleitos, CDU e PS passam a ter mais um cada e o MPT passa de zero para dois;
- obviamente que não é o MPT que ganha nada, é Marinho Pinto;
- dos partidos que pela primeira vez se candidatam a eleições para o Parlamento Europeu, há que destacar os resultados do LIVRE (2,18% - 71.413 votos) - apesar de não conseguir eleger Rui Tavares -, que obtém um melhor resultado do que o BE quando este se candidatou pela primeira vez, e do PAN (1,72% - 56.229 votos), que a cada nova eleição vai cimentando a sua posição;
- a CDU continua numa trajectória de consolidação e reforço da sua posição nos vários orgãos de representação da democracia burguesa. Mais do que os resultados e os votos em si, prefiro valorizar a crescente quantidade de pessoas que a cada dia que passa se identifica mais com as propostas e a reflexão feita pelos partidos da CDU. É mantendo esta linha de acção, com os ajustes necessários às alterações do panorama social e político, que a CDU continuará a crescer e a atrair mais gente para a construção de uma nova sociedade;
- a CDU sobe em todos os distritos a sua votação e/ou percentagem, com excepção de Évora e Madeira. Tal como nas Autárquicas do ano passado, é evidente que há mais CDU fora dos grandes centros urbanos e dos sítios onde tradicionalmente a sua implementação é maior. O crescimento nestas áreas tem de ser alvo de um processo de consolidação que possa de uma vez por todas quebrar a impossibilidade de a voz da CDU representar estas populações nas instituições nacionais e locais. Mais uma vez o exemplo da minha terra, Viseu: resultados de 2009/2014, distrito - 4,06%/4,95% (mais 414 votos), concelho - 3,60%/5,57% (mais 454 votos), freguesia de Viseu (centro) - 4,02%/6,55% (mais 156 votos);
- em 2014 houve menos 45 mil inscritos no boletim de voto, e a abstenção aumenta cerca de 3%, que correspondem a menos 278 mil pessoas a votar. Ora os números dos últimos 3 anos, mostram-nos que emigraram mais de 250 mil pessoas. Depois podemos somar os 14 mil presos que não puderam votar, os 7 mil eleitores de Murça que boicotaram o acto eleitoral e mais um ou outro boicote. Para além disso, é altamente improvável que tenhamos 9.455.135 eleitores, num país com pouco mais de 10 milhões de pessoas. Teremos, pelo menos, 2 milhões de pessoas com menos de 18 anos;
- se os cadernos eleitorais estivessem limpos, se milhares de portugueses não tivessem sido forçados a emigrar, se os consulados funcionassem melhor, a abstenção certamente seria menos assustadora. A verdade é que nunca chegaria a números aceitáveis, pessoalmente, acho que uma abstenção superior a 25% deve ser sempre factor de preocupação, estudo e reflexão.
Nota final: na noite de domingo, Jerónimo de Sousa anunciou que o PCP iria apresentar uma moção de censura ao governo na Assembleia da República. Passos Coelho e Seguro afirmaram que perante a aritmética das cadeiras da A.R. esta moção tem o seu resultado condenado ao fracasso, Passos Coelho ainda acrescentou que esta era uma iniciativa mais partidarista do que outra coisa. Seguro, entretanto, já disse que o PS votará a favor, mas a verdade é que desde hoje que o Seguro diz já conta muito pouco, as facas já se afiam pelo Rato.
É sempre bonito ouvir um primeiro-ministro a desvalorizar a utilização de uma ferramenta democrática que tem tanta validade como outra qualquer, saiba-se ou não o seu resultado final. Seguindo a lógica de raciocínio de Passos Coelho, deixo desde já uma sugestão ao grupo parlamentar do PCP: deixem de apresentar propostas de lei, resoluções, etc., assim como assim já se sabe que não vão passar, para quê trabalhar com a veleidade de achar que quem nos governa tem carinho e apreço pela democracia?
Quinta feira é dia de, nas ruas, voltar a pedir a demissão do governo. Nas ruas, tal como nas urnas, também há os que se abstêm e os outros.
- os resultados eleitorais em Portugal reflectem uma realidade que se verificou por toda a Europa, uma maior dispersão de votos pelas forças que normalmente não estão nos governos e uma forte condenação dos partidos que normalmente estão;
- o Partido Popular Europeu foi o que mais eleitos alcançou, logo seguido pelo Partido Socialista Europeu, mas o primeiro perde um grande número de deputados europeus e o segundo também sofre uma redução, embora muito pequena;
- apesar de juntos, e pela primeira vez em muitos anos, PS, PSD e CDS representarem 59,16%, para que as alternativas reais ganhem uma força inequívoca, é preciso que este número desça ainda mais. Basta olhar para os números de 2009 e perceber que nessa altura, os três juntos, representaram 66,63%, um número bem diferente dos 78,41% das Legislativas de 2011. Tem sido mais fácil penalizar os partidos do chamado "centrão" em eleições Autárquicas e para o Parlamento Europeu do que nas Legislativas;
- noutros países, a queda dos partidos do "centrão", foi um verdadeiro trambolhão, basta passarmos a fronteira e perceber que num universo de 54 deputados, PP (16) e PSOE (14) elegem 30 deputados, muito longe dos 47 eleitos em 2009;
- é verdade que muitos votos do "centrão" foram desviados para partidos nacionalistas e xenófobos, mas também é verdade que em muitos países, incluindo o nosso, o desvio de votos foi parar a partidos moderados ou a partidos claramente de esquerda, como no Estado Espanhol, na Irlanda ou na Grécia;
- a ascensão dos partidos nacionalistas e xenófobos é uma realidade à qual não devemos fugir, mas também é necessário valorizar que no campo daqueles que defendem uma Europa mais justa, solidária, igualitária e cooperante, houve um reforço significativo dos resultados eleitorais. Querer ver apenas a parte má da questão pode ter o condão de conduzir a um estado de aterrorização geral, estado esse que poderia levar a uma desistência colectiva da luta contra os nacionalistas e xenófobos;
- em Portugal há vários vencedores, porque num quadro de maior abstenção acabam por aumentar o número de votos em relação a 2009 - CDU (36.642), PS (86.867), MPT (210.228), PCTP-MRPP (11.450), PPM (3.878), PNR (1.939). Em relação ao número de deputados eleitos, CDU e PS passam a ter mais um cada e o MPT passa de zero para dois;
- obviamente que não é o MPT que ganha nada, é Marinho Pinto;
- dos partidos que pela primeira vez se candidatam a eleições para o Parlamento Europeu, há que destacar os resultados do LIVRE (2,18% - 71.413 votos) - apesar de não conseguir eleger Rui Tavares -, que obtém um melhor resultado do que o BE quando este se candidatou pela primeira vez, e do PAN (1,72% - 56.229 votos), que a cada nova eleição vai cimentando a sua posição;
- a CDU continua numa trajectória de consolidação e reforço da sua posição nos vários orgãos de representação da democracia burguesa. Mais do que os resultados e os votos em si, prefiro valorizar a crescente quantidade de pessoas que a cada dia que passa se identifica mais com as propostas e a reflexão feita pelos partidos da CDU. É mantendo esta linha de acção, com os ajustes necessários às alterações do panorama social e político, que a CDU continuará a crescer e a atrair mais gente para a construção de uma nova sociedade;
- a CDU sobe em todos os distritos a sua votação e/ou percentagem, com excepção de Évora e Madeira. Tal como nas Autárquicas do ano passado, é evidente que há mais CDU fora dos grandes centros urbanos e dos sítios onde tradicionalmente a sua implementação é maior. O crescimento nestas áreas tem de ser alvo de um processo de consolidação que possa de uma vez por todas quebrar a impossibilidade de a voz da CDU representar estas populações nas instituições nacionais e locais. Mais uma vez o exemplo da minha terra, Viseu: resultados de 2009/2014, distrito - 4,06%/4,95% (mais 414 votos), concelho - 3,60%/5,57% (mais 454 votos), freguesia de Viseu (centro) - 4,02%/6,55% (mais 156 votos);
- em 2014 houve menos 45 mil inscritos no boletim de voto, e a abstenção aumenta cerca de 3%, que correspondem a menos 278 mil pessoas a votar. Ora os números dos últimos 3 anos, mostram-nos que emigraram mais de 250 mil pessoas. Depois podemos somar os 14 mil presos que não puderam votar, os 7 mil eleitores de Murça que boicotaram o acto eleitoral e mais um ou outro boicote. Para além disso, é altamente improvável que tenhamos 9.455.135 eleitores, num país com pouco mais de 10 milhões de pessoas. Teremos, pelo menos, 2 milhões de pessoas com menos de 18 anos;
- se os cadernos eleitorais estivessem limpos, se milhares de portugueses não tivessem sido forçados a emigrar, se os consulados funcionassem melhor, a abstenção certamente seria menos assustadora. A verdade é que nunca chegaria a números aceitáveis, pessoalmente, acho que uma abstenção superior a 25% deve ser sempre factor de preocupação, estudo e reflexão.
Nota final: na noite de domingo, Jerónimo de Sousa anunciou que o PCP iria apresentar uma moção de censura ao governo na Assembleia da República. Passos Coelho e Seguro afirmaram que perante a aritmética das cadeiras da A.R. esta moção tem o seu resultado condenado ao fracasso, Passos Coelho ainda acrescentou que esta era uma iniciativa mais partidarista do que outra coisa. Seguro, entretanto, já disse que o PS votará a favor, mas a verdade é que desde hoje que o Seguro diz já conta muito pouco, as facas já se afiam pelo Rato.
É sempre bonito ouvir um primeiro-ministro a desvalorizar a utilização de uma ferramenta democrática que tem tanta validade como outra qualquer, saiba-se ou não o seu resultado final. Seguindo a lógica de raciocínio de Passos Coelho, deixo desde já uma sugestão ao grupo parlamentar do PCP: deixem de apresentar propostas de lei, resoluções, etc., assim como assim já se sabe que não vão passar, para quê trabalhar com a veleidade de achar que quem nos governa tem carinho e apreço pela democracia?
Quinta feira é dia de, nas ruas, voltar a pedir a demissão do governo. Nas ruas, tal como nas urnas, também há os que se abstêm e os outros.