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2013-09-29-voto votacao eleicoes eleitor cartoes urna lusaPortugal - Manifesto74 - [André Albuquerque] Notas muito soltas que vêm do último domingo, mais baseadas nos números do que noutra coisa. Não me apetece, por exemplo, escrever Marinho Pinto mais do que as vezes estritamente necessárias:


 

- resultados finais da votação de domingo, em todos os países da União Europeia, aqui, em Portugal, aqui

- os resultados eleitorais em Portugal reflectem uma realidade que se verificou por toda a Europa, uma maior dispersão de votos pelas forças que normalmente não estão nos governos e uma forte condenação dos partidos que normalmente estão;

- o Partido Popular Europeu foi o que mais eleitos alcançou, logo seguido pelo Partido Socialista Europeu, mas o primeiro perde um grande número de deputados europeus e o segundo também sofre uma redução, embora muito pequena; 

- apesar de juntos, e pela primeira vez em muitos anos, PS, PSD e CDS representarem 59,16%, para que as alternativas reais ganhem uma força inequívoca, é preciso que este número desça ainda mais. Basta olhar para os números de 2009 e perceber que nessa altura, os três juntos, representaram 66,63%, um número bem diferente dos 78,41% das Legislativas de 2011. Tem sido mais fácil penalizar os partidos do chamado "centrão" em eleições Autárquicas e para o Parlamento Europeu do que nas Legislativas;

- noutros países, a queda dos partidos do "centrão", foi um verdadeiro trambolhão, basta passarmos a fronteira e perceber que num universo de 54 deputados, PP (16) e PSOE (14) elegem 30 deputados, muito longe dos 47 eleitos em 2009;

- é verdade que muitos votos do "centrão" foram desviados para partidos nacionalistas e xenófobos, mas também é verdade que em muitos países, incluindo o nosso, o desvio de votos foi parar a partidos moderados ou a partidos claramente de esquerda, como no Estado Espanhol, na Irlanda ou na Grécia;

- a ascensão dos partidos nacionalistas e xenófobos é uma realidade à qual não devemos fugir, mas também é necessário valorizar que no campo daqueles que defendem uma Europa mais justa, solidária, igualitária e cooperante, houve um reforço significativo dos resultados eleitorais. Querer ver apenas a parte má da questão pode ter o condão de conduzir a um estado de aterrorização geral, estado esse que poderia levar a uma desistência colectiva da luta contra os nacionalistas e xenófobos;

- em Portugal há vários vencedores, porque num quadro de maior abstenção acabam por aumentar o número de votos em relação a 2009 - CDU (36.642), PS (86.867), MPT (210.228), PCTP-MRPP (11.450), PPM (3.878), PNR (1.939). Em relação ao número de deputados eleitos, CDU e PS passam a ter mais um cada e o MPT passa de zero para dois; 

- obviamente que não é o MPT que ganha nada, é Marinho Pinto;

- dos partidos que pela primeira vez se candidatam a eleições para o Parlamento Europeu, há que destacar os resultados do LIVRE (2,18% - 71.413 votos) - apesar de não conseguir eleger Rui Tavares -, que obtém um melhor resultado do que o BE quando este se candidatou pela primeira vez, e do PAN (1,72% - 56.229 votos), que a cada nova eleição vai cimentando a sua posição;

- a CDU continua numa trajectória de consolidação e reforço da sua posição nos vários orgãos de representação da democracia burguesa. Mais do que os resultados e os votos em si, prefiro valorizar a crescente quantidade de pessoas que a cada dia que passa se identifica mais com as propostas e a reflexão feita pelos partidos da CDU. É mantendo esta linha de acção, com os ajustes necessários às alterações do panorama social e político, que a CDU continuará a crescer e a atrair mais gente para a construção de uma nova sociedade;

- a CDU sobe em todos os distritos a sua votação e/ou percentagem, com excepção de Évora e Madeira. Tal como nas Autárquicas do ano passado, é evidente que há mais CDU fora dos grandes centros urbanos e dos sítios onde tradicionalmente a sua implementação é maior. O crescimento nestas áreas tem de ser alvo de um processo de consolidação que possa de uma vez por todas quebrar a impossibilidade de a voz da CDU representar estas populações nas instituições nacionais e locais. Mais uma vez o exemplo da minha terra, Viseu: resultados de 2009/2014, distrito - 4,06%/4,95% (mais 414 votos), concelho - 3,60%/5,57% (mais 454 votos), freguesia de Viseu (centro) - 4,02%/6,55% (mais 156 votos);

- em 2014 houve menos 45 mil inscritos no boletim de voto, e a abstenção aumenta cerca de 3%, que correspondem a menos 278 mil pessoas a votar. Ora os números dos últimos 3 anos, mostram-nos que emigraram mais de 250 mil pessoas. Depois podemos somar os 14 mil presos que não puderam votar, os 7 mil eleitores de Murça que boicotaram o acto eleitoral e mais um ou outro boicote. Para além disso, é altamente improvável que tenhamos 9.455.135 eleitores, num país com pouco mais de 10 milhões de pessoas. Teremos, pelo menos, 2 milhões de pessoas com menos de 18 anos;

- se os cadernos eleitorais estivessem limpos, se milhares de portugueses não tivessem sido forçados a emigrar, se os consulados funcionassem melhor, a abstenção certamente seria menos assustadora. A verdade é que nunca chegaria a números aceitáveis, pessoalmente, acho que uma abstenção superior a 25% deve ser sempre factor de preocupação, estudo e reflexão.

Nota final: na noite de domingo, Jerónimo de Sousa anunciou que o PCP iria apresentar uma moção de censura ao governo na Assembleia da República. Passos Coelho e Seguro afirmaram que perante a aritmética das cadeiras da A.R. esta moção tem o seu resultado condenado ao fracasso, Passos Coelho ainda acrescentou que esta era uma iniciativa mais partidarista do que outra coisa. Seguro, entretanto, já disse que o PS votará a favor, mas a verdade é que desde hoje que o Seguro diz já conta muito pouco, as facas já se afiam pelo Rato. 

É sempre bonito ouvir um primeiro-ministro a desvalorizar a utilização de uma ferramenta democrática que tem tanta validade como outra qualquer, saiba-se ou não o seu resultado final. Seguindo a lógica de raciocínio de Passos Coelho, deixo desde já uma sugestão ao grupo parlamentar do PCP: deixem de apresentar propostas de lei, resoluções, etc., assim como assim já se sabe que não vão passar, para quê trabalhar com a veleidade de achar que quem nos governa tem carinho e apreço pela democracia?

Quinta feira é dia de, nas ruas, voltar a pedir a demissão do governo. Nas ruas, tal como nas urnas, também há os que se abstêm e os outros.

 


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