"O Filatelista", "Empresa Fornecedora de Mitos", "A Perversão de Longe", "O Mendigo" e "Num Bar de Londres" são os cinco contos inéditos de Fernando Pessoa que vão ver a luz do dia esta semana. Da colectânea "O Mendigo e outros contos" fazem ainda parte outras histórias, já publicadas pela revista Mealibra, do Centro Cultural do Alto Minho, e em França.
"Esta é a primeira publicação de um conjunto de contos de Pessoa em Portugal", afirmou uma fonte da editora Assírio & Alvim, em declarações à LUSA. A prosa ficcional do autor é, apesar de pouco divulgada, bastante variada, nota Ana Maria Freitas, especialista do espólio de Pessoa: "O leitor vai deparar-se com pequenas narrativas centradas numa ideia ou conceito – questões filosóficas, hipóteses metafísicas, observações sobre a sociedade do seu tempo, temas da tradição esotérica".
A obra ficcional do autor remonta à sua adolescência, com a escrita de "jornaizinhos" manuscritos desde, pelo menos, 1902, aponta Ana Maria Freitas. Comum ao trabalho de Pessoa enquanto poeta é o desenvolvimento de personalidades literárias: David e Lucas Merrick, Charles Robert Anon, Horace James Faber, Alexander Search, Vicente Guedes, Pêro Botelho e Bernardo Soares são alguns dos heterónimos recorrentes, bem como "alguns autores pontuais que Pessoa imaginou para uma outra ficção".