"O financiamento ao cinema não depende diretamente do Orçamento do Estado e nada, a não ser a decisão política de boicote ao setor, pode explicar o corte de 100% no apoio ao cinema", diz o requerimento da deputada Catarina Martins que pede a presença de Francisco José Viegas em São Bento. A deputada bloquista acusa o Governo de não publicar a prometida nova lei, "chegando ao absurdo de prolongar prazos de debate público a pretexto da elaboração de regulamentos que continuam por fazer".
"Passaram já todos os prazos e nada avança. As produtoras de cinema encerram portas, postos de trabalho perdem-se, filmes não se realizam. De nada servem as saudações oficiais pelos merecidos prémios que o cinema português tem recebido pelo mundo, se ao mesmo tempo se paralisa todo um setor", acrescenta a deputada bloquista.
O diagnóstico do Bloco vai no sentido do "ultimato ao Governo" subscrito esta semana por um grupo de 21 realizadores, produtores e programadores cinematográficos, denunciando o corte total no financiamento do setor e a promessa por cumprir da nova Lei. "Não há Lei do Cinema, nem financiamento a novas obras. Perdemos a Tobis e nada se sabe sobre o futuro do arquivo da RTP, comprado pelo Estado e sem destino definido. O futuro da Cinemateca, aparentemente condenada a fundir-se com os teatros nacionais num agrupamento complementar de empresas, é incerto", acrescenta Catarina Martins.
A concluir o requerimento entregue na Comissão parlamentar de Educação, Ciência e Cultura, a deputada do Bloco defende ainda que "a tutela não pode continuar em silêncio", pois caso contrário "dir-se-ia que nem existe".