Nom vou negar o que de privilegiado tenhem estes/as trabalhadores e trabalhadoras, cujos salários estám muito por cima da média, e muito menos questionar o seu justo protesto pola privatizaçom do serviço (já ficam menos serviços públicos, para alegria da burguesia) mas sim queria debulhar as razons polas quais duns meses para cá se tenhem convertido no alvo das críticas desde os sectores mais diversos e antagónicos da nossa sociedade. Desde o governo espanhol e dos partidos do sistema, acompanhados como nom podia ser doutro jeito dos seus ecos mediáticos, até certos sectores da classe trabalhadora, entre eles a dirigência dos sindicatos reformistas e pactistas, todos a umha pedem a gritos a cabeça deste colectivo em aras dum suposto bem comum em tempos de crise. Mas, por que tanto alvoroto?
Nos últimos meses, passamos dumha clara identificaçom por parte de amplos sectores populares dos responsáveis pola actual crise económica: a banca, empresários sem escrúpulos (como se houvesse algum que os tivesse) especuladores em bolsa, construtores mafiosos e cobiçosos, etc, a umha interessada e difusa melodia de "isto arranjamo-lo entre tod@s" na qual o referido sector aéreo parece nom querer participar por egoísmo e corporativismo.
Esta criaçom mediática dum novo responsável face o qual dirigir a nossa frustraçom nom tem como objectivo caminhar cara umha igualdade salarial mais justa, posto que de ser assim haveria muitos outros sectores nos quais intervir antes deste colectivo, a começar polos salários da classe política, seguido dos directivos das empresas, banca, judicatura e demais família.
O objectivo é no mínimo duplo: por umha parte, criar mais umha cortina de fumo que desvie a vista dos verdadeiros responsáveis da preocupante situaçom económica actual -já que os ecos de La Roja vam ficando apagados por enquanto-; doutra parte, do meu ponto de vista a principal, contribuir de maneira decisiva para o planificado ataque que vem sofrendo nos últimos meses um dos mecanismos mais efectivos de que dispomos a classe trabalhadora para nos defendermos das agressons e dos abusos patronais; isto é, o direito à greve.
Já se ouvírom as primeiras vozes que reclamavam um maior controlo deste direito durante às luitas do metal no sul da Galiza, tentando criar divisom no seio da classe trabalhadora e colocar o resto da sociedade contra esse colectivo em luita. O mesmo aconteceu na recente greve do metro de Madrid, na qual uns serviços mínimos abusivos goravam de partida qualquer sucesso da sua luita. A nova reforma laboral estabelece um ataque claro a este direito na sua tentativa de acabar com a negociaçom colectiva, e mesmo tem soado já a ideia de proibir as greves durante as negociaçons dos convénios.
O patronato sabe que as medidas a adoptar para manter a tua taxa de ganho nom vam ser populares, por isso estám a preparar-se para o que vai vir, e que melhor política preventiva que a criaçom de um sentimento negativo face ao direito à greve que cria à vez divisom e a fractura da já de por si muito danificada consciência de classe. Já nom há trabalhadoras/es em luita polos seus direitos laborais, agora som um grupo privilegiado que toma com "reféns" o resto da sociedade, empregando-se de forma consciente umha terminologia bélica em que há, como em todo confronto armado, dous bandos e na que há que alinhar-se. Todos os ataques que recebem e receberám o colectivo dos trabalhadores e trabalhadoras aéreos contribuirá para a criaçom do ambiente proclive a cortar e controlar este direito fundamental.
Longe no tempo ficárom aquelas práticas sindicais de apoio mútuo e de solidariedade entre nós, a classe trabalhadora, criando caixas de resistência para as companheiras e companheiros em greve, ajudando a difundir as suas reivindicaçons e acompanhando-os na sua luita.
Lembro umhas das palavras de ordem mais coreadas na minha época de estudante: "obreir@s e estudantes, unidos sempre avante". Desconheço se hoje continuam a ouvir-se nas manifestaçons estudantis.
Cumpre pois voltar a sacar à rua a solidariedade de classe, eles estám dispostos a rompê-la por todos os meios, pois tenhem muito a ganhar com isso. A nós toca-nos evitarmo-lo.