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Manel Márquez

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Em coluna

Não percamos a batalha das idéias, que a crise a paguem seus responsáveis: os capitalistas

Manel Márquez - Publicado: Terça, 25 Mai 2010 02:00

Manel Márquez

Os capitalistas e a suposta esquerda que nos levaram à crise dizem que os direitos que conseguimos depois de muitas lutas são privilégios e que devemos os perder. A por eles! Greve geral!


São maus tempos para os e as trabalhadoras, pois uma nova forma ditatorial parece que domina as limitadas democracias formais capitalistas. E agora já o fazem de forma rotunda, sem nenhum tipo de rubor e com a conivência dos governos de todos os países de economia de mercado do mundo.

Esta ditadura a do capital em sua vertente financeira decide sobre nossas vidas sem que ninguém os tenha elegido. Controlam os mecanismos do poder econômico mundial e fazem dançar aos países ao são que eles querem deixando na pobreza e a fome a milhões de pessoas ou recortando as exíguos lucros do estado do bem-estar. Não têm moral e as vidas humanas para eles não têm nenhum valor, obter os máximos benéficos é o importante, ainda que isso signifique a destruição dos seres humanos ou do próprio planeta.

Esta nova ditadura, a do capital financeiro, não se conforma com dominar a esfera econômica ou política senão que ademais mediante o uso dos meios de comunicação-desinformação de massas pretende construir um pensamento único de forma que sua dominação e suas regras apareçam ante nossos olhos como algo natural, necessário e inevitável. Sua pretensão é totalizadora e totalitária é um novo fascismo, mais subtil, sem camisas pardas ou negras, mas com colarinhos azuis celeste e formosas gravatas de seda. Mas ditadura no fim de contas.

Mas ponhamos-lhes faces, são multimilionários dedicados à especulação bolsista, bancos, entidades financeiras, grandes corporações ou multinacionais e a classe dominante. Mas estes tipos, como diria Michael Moore, contam com a inestimável colaboração de nossos governos (classe dirigente) e dos meios de informação (classe alienante) que a cada dia cospem as informações que uns e outros lhes proporcionam de maneira que suas propostas criminosas sejam aceitadas sem oposição por parte da chamada opinião publica. A cada dia mais alienada, acrítica e assustada ante um futuro que desconhecem, mas que intuem como infernal.

Após obter grandes benéficos em Grécia, a costa dos cidadãos gregos chegou-lhe a hora ao estado espanhol e mais tarde a todos os países de Europa. Mas os governantes autodenominados socialistas, mas conhecedores desta situação, tal como o resto de forças políticas sistémicas e não fizeram nada, simplesmente aceitar suas diretrizes neoliberais.

O governo espanhol como explicaram vários analistas econômicos em kaosenlared, vai tem realizar o maior recorte social da história contemporânea espanhola: rebaixa de 5% do salário dos servidores públicos, congelação de pensões, corte de gasto farmacêutico, corte em investimento de infra-estruturas (portanto, menos emprego), corte de ajuda ao desenvolvimento de países empobrecidos. Mas sem tocar um cabelo aos que mais têm. Os ricos continuarão investindo no paraíso fiscal das SICAV: Sociedade de Investimento de Capital Variável (empresas de investimento muito queridas por pessoas com grandes capitais, que só pagam 1% de imposto).

Mas, o objetivo deste articulo é analisar também os argumentos ideológicos alienantes que se estão utilizando para esconder os verdadeiros criminosos, os que vão enriquecer-se empobrecendo a maioria. De maneira que seus interesses econômico-políticos fiquem ocultos e assim não se possam ver nem limitados, nem obstaculizados, de forma que a maioria da sociedade os aceite como lógicos e naturais.

A maneira mais singela de justificar suas propostas e ações é buscar bodes expiatórios, isto é responsabilizar desta situação a outros agentes sociais ou grupos humanos. E quem melhor que os trabalhadores, imigrantes ou parados, servidores públicos ou aposentados e pensionistas.

A batalha ideológica começou, levamos dias escutando e lendo em boca de jornalistas dóceis ou de cidadãos cegados pelo medo, todo um conjunto de argumentos de caráter reacionário e mais próprio de discursos filofascistas ou neoliberais que de pessoas que se autodenominam de esquerda ou progressistas e que como podemos ver nem o são nem o serão.

Muitas vezes estes argumentos estão em boca de pessoas que um julgaria instruídas e informadas e outras vezes em trabalhadores desclassados e muitos deles votantes de partidos de dudosa reputação democrática ou de escassa fiabilidade progressista.

Mas que dizem estes finos postulantes a comentadores do canal Intereconomia: basicamente mentiras e afirmações interessadas próprias de quem defende totalmente os postulados mais sujos e miseráveis deste capitalismo criminoso, se este capitalismo financeiro que nos levou a esta crise. Estes vigaristas donos do mundo que deixam sem comer e sem medicinas ou escolas a oitenta por cento da população mundial. Estes caras estão introduzindo na sociedade civil a linguagem própria do capitalismo quando começa a abeirar do fascismo.

Quando nos dizem, isto o salvamos entre todos, é evidente que o que estão pensando é que nós os e as trabalhadoras e não em outros, paguemos seus erros e seus espólios. No fundo estão-nos dizendo que nos apertemos o cinto, jamais lho têm apertado eles, se talvez o ajustaram ao pescoço do povo com a esperança que nos acabemos de morrer.

Os argumentos destes miseráveis têm como objetivo distrair a atenção do cidadão e fazer que este seja incapaz de identificar aos únicos e verdadeiros responsáveis: os sujos capitalista que governam o mundo e seus gestores políticos e não do povoo trabalhador. Dizem que somos uns avarentos que gastamos sem medida (todo mundo precisa uma moradia e a teve que pagasse ao que o mercado marcava) e acima de nossas possibilidades, sem cair na conta que se alguns (não a maioria) assim o fizeram foi porque justamente os que dominam o mundo creram oportuno prestar o dinheiro de seus bancos para obter grandes lucros e não por altruísmo ou filantropia. Mas como podem ser alguns tão miseráveis e tão voz do amo.

O primeiro bode expiatórios que arranjaram na Europa (também nos EUA no Arizona) foi o coletivo dos imigrantes. Seu discurso é simples e velho e resume-se em dizerem que se estas pessoas abandonam a Espanha ou a Grécia ou o país que for, as possibilidades de encontrar trabalho e sair da crise será mais rápida. Em definitivo, que se não há trabalho, que se vão, vamos que recolham seus tarecos e sem estar mais nem aí para nada disso... é mais nunca tens estado aqui e se o estás agora é para roubar pois não tens outra forma de subsistir. Quem em seu são julgamento pode dizer isto, quem em seu são julgamento e não sendo carne de canhão do fascismo é capaz de fazer semelhante afirmação. As pessoas não são objetos de usar e atirar. Pois estamo-las ouvindo nas ruas, aulas, bares, fabricas, comércios do estado espanhol e muitas pessoas dignas fazem como se não as ouvissem como se não se passasse nada... e evidentemente algo pode passar e não acho que o que aconteça se algo positivo.

O segundo grupo de responsáveis pela crise são os trabalhadores sem emprego, os desempregados e desempregadas que cobram sem trabalhar, dizem. Sem ter em conta que estes contribuíram para receberem suas prestações e que o Estado democrático, segundo suas próprias regras e princípios fundacionais deve ser redistributivo e ajudar os mais fracos. Muitos atrevem-se a dizer que reduzindo as prestações (coisa que já estuda o executivo socialista espanhol) se poderá pôr travão ao déficit público. Quando todos sabemos que isto é uma nimiedade se comparado com a fraude fiscal por exemplo ou com os lucros astronômicos que obtém os especuladores financeiros. Mas, para os cidadãos desclassados, sempre é mais fácil ser forte com o débil e submisso com os poderosos.

O terceiro grupo ao que se ataca é ao dos aposentados e pensionistas aos atuais, aos que se lhes tem congelado o salário e não estarão isentos de sofrer recortes em suas pensões como se fez na Grécia (eliminação da metade das pagas extras), mas é mais o objetivo que se propõem e que apresentam como progressivo é que os novos aposentados e pensionistas cobrem menos. Para eles se estão preparando novos sistemas de computo dos anos em que contribuíram, de maneira que o direito a perceber as pensões seja mais difícil e estas ademais se vejam substancialmente reduzidas. A solução que oferecem são a pensões privadas, baste recordar como esse sistema avariou no Chile ou em outros lugares do mundo, ao estar submetidos esses fundos à especulação financeira, deixando o povão de mãos abanando.

O quarto grupo são os trabalhadores em ativo aos quais se quer converter em mãos de obra sem direitos e sem indenizações por demissão, claro isso se está fazendo de forma gradual mas sem perder um minuto. Os novos sistemas de contratação já levam anos em seja linha e a redução das indenizações por demissão foram uma constante inclusive em épocas de bonança. E agora vão por todas.

O quinto coletivo é o dos servidores públicos públicos. A ideia destes neoliberais é clara, querem criminalizar a uma parte dos trabalhadores (muito reduzida por exemplo no Estado espanhol) para enfrentá-los a outros. O argumento de que o setor público na Espanha está sobredimensionado é habitual nas tertúlias e meios de desinformação conservadores e liberais (e também em alguns que se dizem de esquerdas). A realidade é outra, como explicou Vicenç Navarro [1], na Espanha a percentagem é de 9% (a média na Europa dos 15 aos 16%), enquanto em países com uma maior qualidade de vida é bem mais grande (26 na Dinamarca, 22 na Suécia e 19% na Finlândia).

Os argumentos criminalizadores são variados mas em esencia podem-se resumir em considerá-los uns privilegiados: "Olhem que mal estão vocês, contratos precários salários baixos, demissão barata e em qualquer momento, chefes que vos obrigam a fazer o que eles querem, etc". Mas em realidade o que estes energúmenos filofascistas querem é converter os direitos conseguidos por anos de luta e após uma dura oposição em privilégios.

Semeiam o ódio e fazem-nos recordar tempos pretéritos, aqueles nos que era tradição em alguns lugares, de ingrata memória, esmagar aos recém chegados ao trabalho ou à escola, em lugar da ajudar... com o único argumento próprio de um simio doente de que a meu também mo fizeram. Ou o que é ainda pior se eu não o tenho que não o tenham outros, em lugar de usar o único possível: se eu não o tenho e estes colegas se, é que todos os podemos ter e esse deve ser nosso objetivo que todo mundo tenha estes direitos trabalhistas.

Em realidade o que quereriam os capitalista e seus esbirros, carne de fascismo e inimigos do povoo trabalhador, é que ninguém tivesse direitos e que todos estivéssemos submetidos à ditadura do capital... ¡Pois não! somos muitos os que não engolimos.

Enquanto nós os empregados públicos o que pedimos é que os direitos que nós e nós temos (os que somos servidores públicos, muitos colegas não os têm pois são interinos ou contratados temporários) é que também os tenham todos os trabalhadores e trabalhadoras. São direitos não privilégios!!

Nós somos o povo e não gente miserável que deseja preservar para eles sozinhos os direitos laborais e sociais adquiridos depois de muitos anos de luta coletiva e sacrifícios. Nós o que queremos que estes direitos e outros que uma nos ficam por conquistar sejam pára todos e todas.

Nós somos pessoas solidárias e trabalhamos para o povo como médicos, professores, arquitetos, engenheiros, bombeiros, limpadores, contínuos.... estamos para servir o povo não para ser usados como bodes expiatórios em mãos das políticas do capital e do neofascismo.

Não se enganem os trabalhadores, estes cortes salariais que padeceremos os servidores públicos (e que mais cedo que tarde sofrerão todos os trabalhadores) que temos salários mas baixos não solucionarão a crise, seu objetivo é nos dividir. O Estado e o capital não querem que todos tenhamos mais direitos e sim que todos tenhamos menos. Estes novos filofascistas roubaram-nos até a linguagem, chamando privilégios aos direitos!!

As pessoas que não apreciam para nada os direitos adquiridos, não entendem que as coisas que hoje desfrutam se conseguiram pela luta de muitas mulheres e homens ao longo do tempo. Já não se lembram daquilo que se dizia na Espanha do século XX: passa mais fome que um mestre-escola. Ou de como os servidores públicos eram cessados à toa do político de turno, é isso o que querem é essa a sociedade democrática que devemos construir. Uma sociedade submetida ao medo e aos poderosos não é democracia, isso é filofascismo! Digam o que disserem!!

Esses trabalhadores e inclusive servidores públicos desclassados não se lembram que nossos salários eram menos de metade do ordenado de um trabalhador não qualificado nos tempos do boom inmobiliário, nada dissemos os servidores públicos que servimos o povo e nada temos dizer sobre isso agora, quando nosso salário segue sendo na maioria dos casos de menos de mil euros. Quem defenda estes argumentos são nossos inimigos estejam onde estiverem e digam o que disserem.

Todos queremos ter bons médicos, professores, bombeiros ou juízes e bons serviços públicos mas como é isso possível se os que estamos lutando por isso nos vai nosso salários de um dia para outro rebaixados para nos fazer pagar uma crise que não gerámos e que em cima se nos catalogue de privilegiados. Os serviços não melhorassem e como já ocorre muitos médicos e enfermeiras se irão outros países onde o reconhecimento social e salarial seja maio.

Pedem-nos nossos governante que nos apertemos o cinto enquanto eles nada dizem sobre que o indecente salário mínimo de um trabalhador seja de 624 ?/mês, enquanto o de um deputado é de 3.996, podendo chegar, com dietas e outras prebendas, a 6.500?/mês. Ou que um que um professor, um maestro, um catedrático de universidade ou um cirurgião da previdência pública, ganhem menos que o vereador de festejos de uma prefeitura pequena. E não digamos o conjunto dos servidores públicos das escalas mais básicas onde os salários de mil euros são os mais habituais.

Em resumo, querem que a crise a paguemos os trabalhadores e contam com que os mesmos trabalhadores, os mais desclassados ou os menos capacitados ideologicamente aceitem isto argumentos da nova ditadura do capital seus argumentos como única maneira de sair da crise. Crise que como todos sabemos não lhes afeta (como bem mostram esses programas de televisão sobre mansões ou ricos) e na qual estão obtendo excelentes lucros, enquanto nós os trabalhadores uma vez mais só obtemos prejuízos e miséria.

Não permitamos que se saiam com a sua, não decaiamos e não renunciemos à luta e à unidade anticapitalista e utilizemos a única ferramenta que temos: a greve geral.


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