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Belém Grandal

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Em coluna

Palavra, único instrumento das ditaduras burguesas capitalistas

Belém Grandal - Publicado: Sábado, 28 Janeiro 2012 01:00

Belém Grandal

Os sistemas de governo ocidentais expressados na ditaduras burgesas do capital e suas castes políticas, supeditadas estas, às castes poderosas, restringidas e elitistas económicas, afanam-se em repetir mais umha vez que o único instrumento possível dos e das oprimidas, dos e das dominadas, quer dizer, da imensa maioria da classe trabalhadora e produtora, é a palavra, e com isso aludem também à razom eliminando qualquer umha possibilidade de recurso a formas de luita com utilizaçom expressa da violência.


Quero analisar mais polo miúdo que compreendemos por palavra ou conjunto de palavras, e de seguido, aludir à razom e à capacidade humana de raciocínio e discernimento através da representaçom mental que som os conceitos ou ideias que das realidades nos fazemos graças à experiência individual e social, integrada numha determinada cultura, que desenvolve por sua vez e por ela própria, umha forma de expressom e comunicaçom, umha língua.

Existem muitas categorias de palavras, segundo as quais, cada umha delas cumpre umha determinada funçom numha frase ou numha proposiçom. Aqui e agora, quero referir-me a esse conjunto de palavras que oferecem sentido e possuem um significado determinado vinculado a umha ideia, pensamento, emoçom, facto, sucesso, acontecimento e que além disso, propugnam certos valores e princípios éticos, à margem dos valores capitalistas.

Aliás, unido ineludivelmente a umha experiência concreta e a um contexto social e cultural em que nos desenvolvemos para depois comunicarmo-nos e transmitir aos nossos congéneres, sendo também estes receptores das mensagens. É assim que estabelecemos um feed-back que nos permite inte-relacionar e interagir, já que as ideias entroncam diretamente com a experiência. Sem vivências experienciais do seres humanos, nom existiriam ideias, conceitos e valores ou princípios.

Pois bem, estas ditaduras burguesas do capital que defendem como único instrumento reivindicativo e de luita polos direitos das e dos explorados, a palavra, esvaziárom todo o seu significado, descarregando seu sentido, ideia ou conceito primigénios e objetivos, para trocá-las apenas em continentes, em formas e aparências mais nada e, após descarregado todo o seu conteúdo, acabárom por subjetivá-las e tergiversá-las para adequá-las aos interesses dos poderosos, ao serviço das castes burguesas capitalistas.

Vou analisar aqui alguns destes termos, como som liberdade e democracia.

Já que até agora, estamos integrados e integradas, de jeito impositivo dentro deste constructo estranho que se denomina "Estado espanhol" quero analisar estas palavras e a sua definiçom através de seu dicionário, do dicionário da "Real Academia Espanhola" que, em primeira instáncia, define liberdade como a capacidade que possui o ser humano de obrar conforme a sua própria vontade, com certeza, tendo em conta a responsabilidade de seus atos. Nas seguintes aceçons define-se como a situaçom, condiçons e circunstáncias de quem nom é escravo, nem está sujeito ao desejo doutros de forma coercitiva.

As palavras, som a representaçom e símbolo gráfico, visível, das ideias, conceitos e valores que devem estar necessariamente apoiadas por umha experiência concreta vivenciada, num espaço físico determinado, numha comunidade ou sociedade, que dispom de um acervo cultural, social e um desenvolvimento histórico, económico e político em que se sentem condicionadas.

Enquanto esta experiência é modificada, construída e elaborada para servir aos interesses de umha minoria de poderosos e opressores, com ela, também se vai modificando o uso dos termos ou das palavras e de seus significados, sendo restritos e limitados para adaptá-los unicamente aos ditados de ditas minorias que tentam extrair o máximo proveito delas com o único objetivo de manter os seus privilégios e a ordem estabelecida através de formas, métodos e recursos opressivos, repressivos e coercitivos.

Assim, achamos palavras que nom som mais que umha espécie de recipientes, como arcas, onde guardamos todo aquilo que já nom usamos, já que foi ao longo do tempo histórico e de acontecimentos graves e dolorosos, ocultadas, silenciadas, negadas, distorcidas, e tergiversadas, e, a nom ser recolhidas e resgatadas a tempo, podem acabar sendo corroídas, mesmo destruídas polas manipulaçons dos detentadores do poder.

Se permitirmos dita manipulaçom e tergiversaçom, as palavras trocam em objetos inanes e inertes, sem qualquer vida, nem capacidade para permitir a razom e discernimento lógico e normal, quer das pessoas a título individual, quer das sociedades ou coletividades. Enquanto perdem todo o seu valor originário, adjudica-se outro valor e outra conceiçom subjetiva que tenta manter, justificar e legitimar o poder oligárquico e opressor das burguesias capitalistas e ao mesmo tempo obstaculizar ao povo o exercício da palavra, com umha enajenaçom ou alienaçom que troca os significados corretos em significados em concordância e de conformidade com os interesses das ditas elites oligárquicas dominantes.

Deste jeito, um exemplo do que já comentei até cá fai referência a umha acepçom mais restringida da palavra Liberdade, como "la facultad que se disfruta en las naciones bien gobernadas de hacer y decir cuanto no se oponga a las leyes ni a las buenas costumbres".

A partir desta nova aceçom, podemos comprovar como os seus significados, os seus conteúdos, o seu conceito, foi distorcido para moldá-lo a estes novos tempos em que vivemos e adequá-los aos interesses dos possuidores dos meios de produçom e das riquezas materiais e económicas.

A seguinte palavra que vou analisar é "democracia", que, nas suas origens, é a conjunçom de dous termos gregos, demos-povo e cracia-poder. Esta palavra, ao longo da história, sofreu também mutilaçons importantes que cercearom seu significado original para ajeitá-lo às próprias circunstáncias de que já falamos durante este escrito. Assim, no dicionário da "Real Academia espanhola" democracia é definida como "doutrina política favorável à intervençom do povo no governo, ou bem o predomínio do povo no governo político de um Estado".

A palavra "democracia" nestes tempos que andamos é costume utilizá-la com muita ligeireza para denominar estas ditaduras burguesas capitalistas ocidentais. Elas próprias se autodenominam democracias, esvaziando todo conteúdo da palavra e trocando-a num recipiente que é possível encher com todo aquilo que sacrifique o povo, que cale e silencie o povo, que oprima e explore o povo, que lhe negue a sua palavra, que reprima e anule as suas aspiraçons, as suas ánsias de desenvolver as capacidades e potencialidades inerentes à natureza humana, de pensar por si próprio, de razoar e discernir e atingir conclusons que lhe permitam, como enuncia a definiçom, intervir no governo político do seu povo, ou naçom, do que está a ser sistematicamente afastado.

As vivências ou experiências podem ser ocultadas através de umha repressom que impondo o medo e terror paralisante das consciências, neutralize as mentes e aniquile qualquer resquício de razom e inteligência.

Foi assim, que no "Estado Espanhol", ditas experiências, mostrarom como o "Golpe fascista do 36" e sua post-guerra demoledora que, a dia de hoje, continua a promover das mais altas esferas de governo a impunidade dos genocidas e sepultando na arca do esquecimento umha liberdade e democracia que por aquele tempo presupunha mais acorde a seu valor primigénio e que, este ente estranho e absudo denominado "Estado espanhol" nom começou sequer a construir porque ocultou e distorceu, quer a experiência, quer as palavras, porporcionando a estas outro significado para justificar tanta barbárie.

Deste modo continua bloqueando, tanto a verdadeira palavra, que mantém o valor real desde a sua génese, distanciando-a de umha experiência que ficou sepultada por anos de silêncio imposto, de medo e terror paralisante das consciências, de sofremento de tantas humilhaçons e vergonhas das e dos que luitárom pola liberdade e contra o fascismo e que, além disso, estendérom o ódio e a desforra, eliminando, aniquilando e destruindo o desenvolvimento normal da razom e a inteligência ainda hoje enajenada e alienada.

Foi trocada a razom dos fascistas criminais e genocidas na única razom válida para assim perpetuar a impunidade de suas atrocidades e continuar no poder esvaziando e tergiversando as palavras, deformando as experiências, ocultando-as ou distanciando umhas das outras.

Os meios de comunicaçom, controlo e propaganda, jogam um papel muito ativo e decisivo neste processo de alienaçom e anejenaçom da imensa maioria da populaçom que impede razoar e discernir, bem individualmente, bem coletivamente a relaçom e identificaçom entre conceitos similares ou a diferença e contradiçom entre eles, procurando com toda a informaçom deturpada, concluir quais som os problemas reais que provocam tantas desigualdades, injustiças, falsas democracias, liberdades negadas, palavras esvaziadas de conteúdo e tergiversadas, experiências silenciadas e ocultadas, anuladas as consciências, desprezada e destruida, ou mesmo aniquilada a razom e a inteligência.

Todo isso que deverá provocar um feed-back contínuo em processo de retro-alimentaçom constante entre a palavra enchida de conteúdo, como expressom visível, gráfica, de ideias, conceitos, factos, acontecimentos, emoçons, e valores de uso, nom de troco. Contrastada com umha experiência que contribua para oferecer o valor preciso às palavras vivenciadas em cada umha das subjetividades e coletividades, para destruir o alheamento da razom à que estamos submetidas e submetidos e, portanto, desterrar para sempre umha alienaçom que constringe as mentes e coarta o livre desenvolvimento do ser humano.

É deste jeito que poderemos discernir, com certeza, proporcionando a visivilidade precisa à palavra com todo o seu significado, unida a umha experiência que, do conhecimento, reconhecimento, estudo e análise do passado, sirvam de base para o início da criaçom de umha nova sociedade em que as palavras justiça, solidariedade, igualdade, democracia, e liberdade sejam enchidas com todo seu conteúdo através da dignificaçom do povo trabalhador em luita contra a violência estrutural dos Estados capitalistas, de seus governos e de seus sequazes, mercenários e todo o tipo de colaboradores.

Aqui reside a raiz sobre a que deve medrar umha nova árvore cuja seiva regenerada nutra todos os ramos e as folhas, engordando o seu tronco. Tronco da nova humanidade que manterá viva a esperança no desenvolvimento pessoal e social das capacidades, potencialidades e aspiraçons do ser humano, de sua criatividade máxima com todo o seu valor de uso, deitando fora o que até agora é um valor de troca, umha mercadoria, que sacrifica a vida humana e apodrece com a seiva contaminada o tronco com todos os ramos e folhas, convertendo-o num ser sem vida e putrefacto.

Essa nova raiz e tronco sobre o que cresça a nova humanidade tem de se erguer na procura das democracias socialistas do povo.


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