Sistema e sociedade enchidas de injustiças e desigualdades, em que somos obrigadas a viver sob normas, ditados e leis, feitas à medida dos homens, e em que sua hegemonia nos impom, acatar e obedecer, sendo marginalizadas, ocultadas, invisibilizadas, desprezadas, oprimidas, exploradas, mal-tratadas física e psicologicamente, e mesmo assassinadas.
Mas nom surgem todos estes obstáculos e entraves no desenvolvemento pessoal, quer individual, quer social, das nossas capacidades, potencialidades, aptitudes e competências de jeito espontáneo a causa da ruindade de alguns homens neste sistema corrupto e criminal.
Por contra, é um plam urdido polas altas esferas, quer dizer, das elites que o controlam e dominam com o único objetivo, de perpetuar as injustiças e desigualdades de sexo e género qual um mais dos atributos que permitem a vigência desta besta que devora sonhos, esperanças, e motivaçons para atingir a igualdade real de direitos para todas e todos na construçom dum mundo justo e solidário, em que podamos ser parte integrante, partícipes, involucrando-nos em sua mudança revolucionária.
A luita das mulheres pola igualdade de direitos e pola nossa liberdade, debe partir da férrea vontade de saber que é, através da organizaçom, da integraçom, participaçom, coordenaçom de tarefas em diversos movimentos, e assembleias que defendam nossos direitos, luitem com livre determinaçom de atuar em todos os níveis e âmbitos da sociedade. Seja do âmbito que for, cultural, educativo, lúdico, familiar, laboral, político, económico, quer dizer, qualquer espaço ou âmbito, abrindo-se todas as possibilidades.
Através de tarefas formativas, informativas, divulgativas que conscientizem frente à alienaçom que sofremos e, com certeza, reivindicativas, com açons, atividades diversas em que todas podamos contribuir, do jeito que achemos preciso para reverter em nossas maos todo aquilo que nos pertencia e pertence ao ser inerente a nosso ser, existir e criar. Por todo aquilo que foi e é, nos dias de hoje, arrebatado pola força da sem razom machista, por umha parte importante da humanidade em seu próprio benefício.
Sem a luita conjunta de todas, e entre todas, para atingirmos a igualdade ansiada para todas e todos, sem o agir e quefacer diários, sem a denúncia, sem o trabalho constante dia após dia, sem a soma de vozes, de forças e esforços, sem a resistência, os confrontos, e combates fazendo frente a tantas injustiças, sem convicçons que procedem da toma de consciência, sem vontade de criar, fazer, trabalhar, construir, desenvolver e medrar nom poderemos arrincar de vez, as iniquidades e ditados adversos e lesivos contra nosso género, polo facto de ser quem somos, e por estarmos orgulhosas de sê-lo. É o convencimento absoluto de que, sem nós, é impossível desenvolver o imprescindível processo revolucionário que derrube e aniquile de vez, umha sociedade e um sistema económico capitalista que nos troca em seres inanes e idiotas, e às mulheres em escravas, ou em simples objetos de prazer, às quais se nos adjudica os qualificativos de delicadas, débeis, sensíveis, e submissas.
É assim que, para eliminar estes qualificativos, devemos sair à rua, fazer-nos visíveis e fazer-nos escuitar, através da palavra enchida de conteúdo, que é a palabra-açom, oferecendo sentido a nossa luita para nos libertar das cadeias machistas e da violência que causa em todas as suas vertentes, desde a mais sutil, à mais selvagem e lesiva que fire e acaba com as nossas vidas. Nosso combate há ser o início do processo revolucionário que construa umha nova sociedade, em que a igualdade real de direitos, o respeito polas diferenças, impedindo qualquer umha discriminaçom na convivência dia após dias, seja ponto fulcral e um dos alicerces essenciais no surgimento dumha nova civilizaçom, a civilizaçom socialista.
Nesta época de crise estrutural do sistema capitalista, conjugada com a destruiçom dos recursos e espaços naturais degradando-se de jeito progressivo que, de nom evitá-lo a seu tempo, nos aboca à hecatombe e, com certeza, à total aniquilamento da espécie humana e deste planeta.
Somos nós também, as mulheres, as primeiras afetadas por dita crise, já que somos afastadas à força da vida laboral, obrigadas a abandonar nossos trabalhos e voltar à morada para recompor e reconstituir a força masculina de trabalho, quer psicológica, quer material ou física. Somos, também, as primeiras em sofrer a precariedade laboral, os salários mais baixos ainda possuindo a mesma categoria profissional que os nossos companheiros, e as primeiras em padecer os recortes nas condiçons de vida que conlevam, entre outros aspectos, a reduçom de ajudas sociais que supom em muitos casos, fazer-nos cargo das pessoas idosas, nossos pais e nossas maes, e as crianças, sacrificando assim nossa liberdade e o desenvolvimento pleno da nossa existência no caminho da procura face a felicidade.
A violência engendra-se no interior da besta, neste caso, da in-civilizaçom burguesa capitalista, opressora e exploradora. Violência é todo aquilo que supom obstaculizar o passo a realizaçom das nossas aspiraçons e expectativas com o objectivo de enriquecer ao máximo nossas aptitudes, competências, capacidades, potencialidades, do desenvolvimento do nosso ser que cria e construe, enquanto o desenvolvimento do têrr destrue.
A máxima gravidade de dita violência é o assassinato, mas, até este letal extremo existem muitos tipos de violência. Desde o menosprezo, à ofensa, o assédio, humilhaçom, agressom verbal ou física, etc. Contra todas estas devemos luitar até nom ficar, nem sequer, qualquer um resquício.
Nós devemos ser o germe dumha mudança de rumo que propicie o surgimento dumha nova sociedade, aniquilando já, de vez, um sistema injusto, cruel e decadente, que nos mantém atenazadas, encadeadas, o cruel e vil capitalismo.