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Belém Grandal

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Permeabilidade, integraçom e interculturalidade

Belém Grandal - Publicado: Terça, 29 Novembro 2011 00:48

Belém Grandal

Há quem acredite na necessária permeabilidade das culturas e da sua expressom imprescindível e sublime que é seu próprio código lingüístico.


A lingua é um elemento indispensável que precisamos para comunicarmo-nos e transmitir ideias, sentimentos, emoçons, atitudes, acontecimentos, feitos etc. Isto ligado inelutávelmente ao contexto e realidade social e cultural em que estám imersas e, vinculada também com ela, muito diretamente, elementos como integraçom e interculturalidade.

Em algum foro da rede lim sobre a impermeabilidade da cultura e sociedades vasca face outras sociedades e culturas que em este momento convivem neste território. Primeiro quero fazer algunhas questons:

Permeabilidade como instrumento favorecedor ou nom, na consolidaçom, fortalecimento e desenvolvimento da identidade dum povo e do seu acervo cultural.

Existe um nexo de uniom entre estes tres elementos, permeabilidade, integraçom, e interculturalidade?

Quereria primeiro referenciar umha análise somera, histórica e social, da Euskal Herria, que começa a fins do século XIX, com a entrada de populaçom alheia a identidade basca e ao seu acervo histórico, social e cultural. Assim, comunidades, povos ou naçons enquadradas à força no entramado artificioso do que se denomina Estado Espanhol, foram-se assentando devagar em Euskal Herria desde fins deste século e inícios do século XX. Acrescentada depois, lá polos anos 60 desse mesmo século, com umha segunda onda de imigrantes que cá vinherom devido ao processo industrializador que se desenvolveu durante todo esse tempo.

Estes povos procedentes e integrantes à força nesse ente estranho e absurdo, denominado "Espanha", conceito este esvaziado de qualquer umha significaçom, caírom sob seu domínio e em grande medida assimilados à cultura "espanhola" e "espanholizadora", além da utilizaçom de certos mecanismos baseados na opressom, repressom e exploraçom das suas populaçons, sendo estas anuladas e impedidas para se desenvolverem por sí próprias, e decidirem um presente e um futuro em liberdade. Procediam, estas comunidades ou povos, de Castela-A Mancha, Castela-Leom, Estremadura, Andaluzia, Galiza... fôrom-se assentando em Euskal Herria na procura dumha melhor qualidade de vida, da que careciam nos seus lugares de origem ao lhes serem arrebatadas por parte das elites, quer burguesas espanholas, quer originárias de ditas populaçons, bem acomodadas dentro desse entramado, todas as possibilidades e capacidades das que dispunham para criar, construir e trabalhar na sua terra, mantendo o sustento material e espiritual que o nutre e lhe proporciona vida.

Muitas das administraçons e instituiçons, quer espanholas, quer bascas, nom desenvolvêrom qualquer um projeto para as integrarem na sociedade e cultura basca. No entanto, ambas administraçons figérom esforços ímprobos para mantê-las afastadas e bem diferenciadas, pondo todo o tipo de pejas e impedindo assim, a sua participaçom em todos os espaços e âmbitos da vida social, cultural, de lecer, quer dizer, para se inte-relacionarem e se involucrarem em todos os problemas e questons que surgem da convivência dia após dia em qualquer comunidade. Deste jeito, pôr as condiçons oportunas para que, trabalhadoras e trabalhadores, chegados além das fronteiras da Euskal Herria constituiram um elemento mais, parte integrante dumha dinámica que proporciona respostas, exprimindo primeiro propostas ajeitadas que, através de atividades e tarefas diversas, resolvam e fomentem a melhora da qualidade de vida das suas e seus moradores.

Tal afastamento e isolamento propiciado polas instituiçons, quer por parte do nacionalismo basco, sobre todo de direitas, ainda que também de esquerda, que achava umha poluiçom para o seu RH negativo, para as suas tradiçons e costumes, mesmo para um sinal de identidade primordial, a língua, com a que se comunicavam e expressavam, quer também polas Administraçons espanholas que desejavam manter um conflito, ainda hoje, alentado e fomentado por essa ráncia espanholidade e que impedia e impede, assim mesmo, a integraçom e interculturalidade, em favor da permeabilidade que define aqueles povos que deitarom e ditam fora a sua identidade para assimilar à alheia.

A integraçom e interculturalidade, som elementos inclusivos, que definem a diversidade e riqueza cultural dos povos para medrar desenvolvermo-nos como pessoas. Entretanto, a permeabilidade produz a homogeneidade que anula as consciências e aniquila as identidades empobrecendo-nos, e reduzindo as nossas capacidades e potencialidades como sujeitos que pensamos por nós próprios.

Muitos galegas, galegos, asim como outras comunidades peninsulares, emigrarom a Europa e integrárom-se totalmente no país de acolhida e na sua cultura, aprendendo a sua lingua, com total normalidade e naturalidade. Isto aconteceu na Alemanha, na França, na Suíça, na Gram Bretanha... Qual é o motivo de que nom acontecera cá, em Euskal Herria?

Foi a política unificadora de Castela e mais tarde do Imperialismo espanhol mais reaccionário e retrógrado, negador e esmagador dos direitos dos povos, das consciências identitárias, da multiculturalidade, da diversidade lingüística, da livre expressom de ideias, do reconhecimento da nacionalidade. Política unificadora que tenta manter a ancoragem dos anos da criminal ditadura franquista em que foi assassinada a razom, a inteligência, a sensatez e a honradez. Em troco dum fascismo embrutecedor que arrasou e arruinou os povos e introduziu a ruindade, a mesquindade, a ignorância e iniquidade como piares básicos dum regime que, nos dias de hoje, nom foi nem condenado, nem depurada a podridom que o criou e lhe deu vida, continuando latente e corrompendo às elites políticas, económicas e tornando a sociedade em decadente.

Continua a se desenvolver umha "democracia" esvaziada de conteúdo ou "seudo-democracia" que nas suas ansias unificadoras, uniformizadoras e homogeneizadoras destrue e aniquila a riqueza social, cultural e lingüística dos povos, tornando-os permeáveis e manipuláveis, impedindo a integraçom e interculturalidade, que supom a inclusom e integraçom na vida da comunidade, nas suas tarefas diárias, respeitando as normas e costumes estabelecidos pola comunidade que lhe proporciona acuvilho. Mas, nom devemos de esquecer que a integraçom e multiculturalidade som elementos favorecedores da consolidaçom, fortalescimento e desenvolvimento da identidade cultural, social e lingüística dos povos. Enquanto, a permeabilidade, fica apenas como um instrumento assimilador e empobrecedor que torna os humanos em seres que integram sociedades inanes e obtusas.


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