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Manoel Santos

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Às vezes ouço passar o vento

Presos políticos, há classes!

Manoel Santos - Publicado: Quinta, 18 Novembro 2010 01:00

Manoel Santos

Apesar de que existem múltiplas definições, poderíamos falar de presos políticos como daquelas pessoas privadas de liberdade, na cadeia ou de outro modo, porque as suas idéias suponham uma ameaça para o sistema político imperante. Quer dizer, podemos falar de presos de consciência ou de opinião, como diz a Anistia Internacional (AI).


Mas como consciências há muitas e presos uma mão-cheia deles, demasiados, também parecem existir classes nisso das pessoas privadas de liberdade na cadeia -fora da cadeia há, certamente, muitíssimas mais-, ou ao menos isso indica o diferente tratamento, tanto mediático como político, destas pessoas no planeta. Cuba e Israel são um grande exemplo.

Aceitando, apesar de que com reservas em muitos casos, os números que dão diversas organizações, em Cuba havia no início deste ano 55 presos de opinião (AI, Relatório 2010). Como aponta Salim Lamrani, depois da elaboração do informe 28 ficaram livres, entre outras coisas por causa da mediação da Igreja Católica e do Estado espanhol. Ficariam portanto 27. Outros dados, como os da Comissão de Direitos Humanos e pela Reconciliação Nacional (CDHRN), mais interesseiros e portanto menos fiáveis, falam de 144. Porém, aceitemos este último número. Ou mesmo vamos dobrá-la e falemos de 288, ou de 500, ou de 1.000, por se não soubessem contar. Coincidamos também em censurar o governo da grande das Antilhas por isto.

Falemos agora do governo democrático de Israel. AI não dá no referido informe dados sobre o número total de presos políticos palestinos em Israel. Se calhar porque o documento está mais centrado na operação Chumbo Fundido, que concluiu em Janeiro e deixou 1.380 mortos palestinos em Gaza, incluídas mais de 330 crianças e centenas de civis. Sim fala, entre outras coisas, de no mínimo 6 objetores de consciência israelenses presos em 2009 por se negarem a fazer o serviço militar -que fazem sobretudo nos territórios ocupados-, de 900 palestinianos que não podem ser visitados por seus familiares na cadeia e de um dado bom: o número de palestinos enclausurados em cadeias israelenses sem cargo nem julgamento desceu de 564 para 278 no ano 2009.

No entanto, existem muitas organizações -como Palestine Behind Bars ou os comités de familiares de presos- que coincidem num cifra número que anda pelos 7.000! Eu mesmo pude visitar, na minha recente viagem a Ramallah, Sumoud Ahmad Sádat, filha de Ahmad Sádat, líder da Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP) desde o assassinato extrajudicial de Abu Ali Mustafa por parte do exército israelense e uma das causas pelas quais Israel cercou Yasser Arafat na Muqhata em 2002. Sumoud, que não vê o pai desde há mais de quatro anos, atualizou os dados para mim: 6.850 presos políticos. Deles, 35 mulheres e 205 crianças entre 12 e 18 anos, os mais por atirarem pedras aos soldados sionistas. O regime de apartheid que pratica Israel com os palestinos não se pode comparar com o sistema de governo cubano nem de longe. Os deslumbrantes números de presos políticos também não. Por que então essa diferença de tratamento? Pensem vocês.


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