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Manoel Santos

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Às vezes ouço passar o vento

Em estado de rebelião

Manoel Santos - Publicado: Segunda, 25 Outubro 2010 02:00

Manoel Santos

O jornal L"Humanité, que em tempos pertenceu ao Partido Comunista Francês e que hoje é uma referência para os movimentos sociais e políticos da esquerda transformadora na república gala, saiu com um interessante editorial no passado dia 19 de Outubro intitulado Em estado de legítima rebelião.


O diretor de redação, Patrick Apel-Mulher, que era quem o assinava, findavam o texto: "O cisma é cada vez maior entre uma casta que pretende impor uma regressão social e um povo que se rebela. Legitimamente".

O da legitimidade da revolta social está fora de toda a dúvida, por muito que os políticos e a mídia mais poderosa teimem em criminalizá-la, deturpá-la ou, afinal, deslegitimá-la. Já sabemos como o fazem: desviando a atenção para acontecimentos pontuais de violência urbana -já agora, muitas vezes entendíveis- para ocultar a discussão de fundo. O realmente importante.

A revolta social é legítima, não há dúvida. Primeiro, porque qualquer Constituição européia abriga o direito à greve e à manifestação. Portanto, legítima e legal. Mas sobretudo porque quando a classe política sofre de surdez e de cegueira, quando se importa mais com ficar bem com as grandes instituições financeiras internacionais, como o FMI, ou com os colegas do Conselho Europeu -para ver quem controla melhor a sua cidadania-, do que atender as demandas do povo, é mais que legítimo que este reclame o regresso à democracia roubada. Ou mesmo a uma melhor e mais participativa democracia. E o único meio para fazê-lo, o único buraco que nos deixa a hegemonia dos capitalistas radicais, é sem dúvida a rebelião.

O poder político cai demasiadas vezes na tentação de confundir democracia com eleições, coisas bem diferentes, sendo muito comum que os mandatários se louvem de não cederem perante as pressões da cidadania, quando o lógico deveria ser o contrário. Têm a obrigação de ceder. O posto de poder que ocupam não é deles. É nosso.

Ao mesmo tempo, é bem mais legítimo exercer a rebelião, como acontece estes dias na França e noutros países europeus dos quais a imprensa pouco conta -leiam por exemplo sobre a Islândia-, do que manter no poder a base de decisões que nada têm que ver com o que contaram nas campanhas eleitorais ou com o que em teoria corresponde com a linha ideológica do partido de serviço. Ninguém votaria num candidato que dissesse que ia jogar com a previdência, com a idade de aposentadoria, com o despedimento, com os serviços sociais e que ainda afirmasse que seu intuito é a subsidiar -e em muitos casos financiar a fundo perdido- as tolices especulativas dos banqueiros e outros empresários.

Um grevista argentino enviou esta semana uma carta-crónica ao jornal eletrônico Rebelión que intitulava: Uma luta preciosa que há que estender. Na mesma informava de algo que já li na imprensa francesa: "Mais de 80 por cento dos franceses está de acordo com a greve e as manifestações e 60% está de acordo com seguir a mobilização apesar de que o governo vote na lei que combatemos". Isso é legitimidade. Viva la grève! E que se estenda.

Fonte: Altermundo.


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