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Eliseo Fernández

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Memória viva

Do enfrentamento à união

Eliseo Fernández - Publicado: Sexta, 22 Outubro 2010 00:14

Eliseo Fernández

Se calhar, as associações de classe dos canteiros foram das mais dinâmicas de todo o operariado ibérico nos anos finais do século XIX e nos primeiros do XX.


Eram anos de crescimento económico e desenvolvimento do capitalismo, e os trabalhadores da pedra participaram de jeito maciço na ampliação de cidades e na construção de inúmeras obras públicas de nova criação; a mobilidade dos operários deste grémio, muito superior à de outros setores operários, contribuiu enormemente para a extensão das ideias e e a prática do movimento operário no seu conjunto. Uma interessante iniciativa de extensão do movimento operário foi a tentativa de criar uma organização federativa dos canteiros ao nível do Estado espanhol, em finais de 1900. Ao congresso realizado em Madrid, assistiram inúmeras sociedades operárias de todo o Estado, que decidiram a constituição da federação de ofício, sediaram o seu comité central em Bilbau e manifestaram a sua intenção de se unir à central operária socialista, a UGT.

Pouco tempo depois, uma iniciativa da associação de classe de ofícios vários de Compostela viria a fazer efetiva a face mais internacionalista do movimento operário. Foi a ideia de fazer um congresso dos operários da Galiza e Portugal, que passando por cima das fronteiras, servira para instituir uma colaboração permanente entre operários portugueses e galegos. As importantes greves dos canteiros da Corunha e Compostela e o seu conflituoso final, e muitas outras pequenas controvérsias do mesmo caráter acontecidas no sul da Galiza, levaram o operário galego ao convencimento da necessidade de estreitar as ligações com a classe operária portuguesa. Aliás, no estado das comunicações daquele tempo a ideia de uma colaboração entre o operariado português e galego era bem mais realizável que a de uma federação semelhante a nível estatal espanhol.

Existiam naquele tempo fortes relações entre o operariado dos dois países, mas não existia ainda nenhuma expressão formal daqueles contactos. Afinal, o Congresso fez-se na localidade raiana de Tui o 18 de Janeiro de 1901, com a participação de catorze delegados de associações operárias de Portugal (de Viana do Castelo e o Porto) e vinte e nove delegados da Galiza (Vigo, a Corunha, Ourense, Padrom, Ponte-Vedra, Chantada, Celanova, Tui, Marim, Compostela, Monforte e a Guarda). Os delegados presentes, que representavam a 60000 operários da Galiza e Portugal, acordaram fazer duas comissões internacionais na Galiza (Vigo) e Portugal (Viana do Castelo), encarregadas de desenvolver a organização operária nos seus territórios e de criar organizações operárias em aquelas localidades onde não existissem.

Os integrantes eleitos das comissões foram José Inácio Ferreira, Pedro Ferreira, Francisco Luis Barros, José Loureiro e Manuel Costa Barbosa, pela de Viana do Castelo, e Enrique Botana, Patricio Mosquera, Jesús Blanco, Antonio Abeleira e Modesto Martínez, pela de Vigo.

A fixação de um novo congresso operário para um ano depois, veio criar de facto a União Galaico-Portuguesa, e deu início a uma etapa de colaboração entre a classe operária dos dois países. O facto de dar-se uma nova colisão entre operários galegos e portugueses em Vigo no fim do mês de Fevereiro, apenas um mês depois do Congresso, evidenciou que a vida da nova organização não viria a ser de nenhum jeito fácil.

eliseo@nodo50.org


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