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Manoel Santos

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Às vezes ouço passar o vento

Comunicação, galego e ativismo virtual

Manoel Santos - Publicado: Quarta, 08 Setembro 2010 02:00

Manoel Santos

A 20 de Fevereiro de 2003, o juiz Juan del Olmo ordenava fechar o na altura único jornal em éuscaro, Euskaldunon Egunkaria, pela sua suposta colaboração com a ETA. Uma censura em toda a regra, como se demonstrou sete anos depois, quando a Audiência Nacional absolvia os cinco directivos processados. Porém, o dano já estava facto, pois não?


Naquela noite de 2003, um grupo de trabalhadores coordenaram-se para tirar no dia seguinte Egunero, um monográfico de 16 páginas sobre o fechamento. Os 11.000 assintantes de Egunkaria receberam a publicação, além de outros milhares que a compraram. Egunero continuou  publicando-se e serviu de ponte até que a 21 de Junho saiu à rua o actual Berria, hoje único diário em éuscaro. Vende mais e pelos vistos é melhor jornal que o seu predecessor. Martxelo Otamendi, diretor primeiro de Egunkaria e agora de Berria, conta que este último nasceu graças ao esforço de 24.000 accionistas -Egunkaria tinha 1.500- e a que "os únicos que decidimos no nosso país sobre a idoneidade ou não de publicar jornais em éuscaro somos os trabalhadores destes jornais e os leitores". Sobretudo estes últimos, acrescentaria eu.

Neste ainda Verão de 2010, os galegos e as galegas vemos como naufragam 15 anos de trabalho de Vieiros, como abala A Peneira, como fracassam as efémeras experiências de GZNación ou Chuza e como A Nosa Terra volta a desaparecer das bancas. Três dos cinco promotores da Associação de Meios Escritos em Galego, nascida em 2004, ficam no cemitério informativo. Há tempo, os editores galegos já tinham advertido sobre a sua delicada situação.

Visto o panorama que enfrentamos na nossa terra no âmbito da publicação -quer de livros ou jornais- integral na língua própria, não sobeja lembrarmos o exemplo euscaldun. Na verdade, parece que a agressiva política contra o galego da actual Junta é uma montanha difícil de escalar, apesar de que os recursos financeiros do governo pertençam a todos e todas nós; e também é verídico que o tecido económico do país, quer dizer, as empresas que com o modelo de financiamento actual da imprensa são peça fundamental na sua sobrevivência por causa da publicidade, não têm o galego como língua veicular. Ou seja, que são empresas instaladas na Galiza, mas não inseridas na sociedade galega, que desprezam quotidianamente o maior valor cultural do povo que as acolhe. Mas não é menos certo que, como apontava Otamendi, afinal são os leitores e leitoras que decidem, e em termos quantitativos as marés populares que já saíram várias vezes à rua contra a política antigaleguista do governo da Junta não se correspondem com o ridículo apoio económico e social que recebem os meios -e livros- escritos em galego. Ou seja, que não os compram e, talvez, não os leiam. Afinal, vemos que o único caminho para a sobrevivência é o activismo real, o que custa dinheiro e sacrifícios, e não só esse virtual, que deixa lúcidos comentários na Internet, interessantes conversas nos bares e orgulhosas marchas pelas ruas do país, mas que não é suficiente para dizer aos inimigos do galego: Chegou!


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