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Manoel Santos

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Às vezes ouço passar o vento

Ouro verde por ouro negro

Manoel Santos - Publicado: Quarta, 25 Agosto 2010 20:28

Manoel Santos

Que há uma série de governos na América do Norte latina que estão constituindo uma vanguarda mundial na procura de uma mudança radical no nosso predador modelo de sociedade é uma obviedade, apesar de que demasiadas vezes a tela de aranha informativa do primeiro mundo, esse que vive regido pelo mais voraz dos sistemas económicos, teime em desacreditar Hugo Chávez, Evo Morales, Fernando Lugo, Rafael Correa... vestindo-os de loucos ditadores ou ignorantes dirigentes.


Mas esses mandatários vão sempre por diante e seus governos avançam, no âmbito interno, mudando para melhor as deploráveis -e históricas- condições de vida de boa parte de sua população e experimentando com mecanismos de participação popular impensáveis no norte; e no âmbito externo erguendo a voz para propor novos modos de integração entre os Estados, novas e mais justas regras de cooperação internacional e, sobretudo, novas formas de pensar o planeta, ou de nos relacionarmos com ele.

O Equador acabou de dar um passo prático, talvez fundamental, para uma nova ética planetária, que é como definiu a sua ministra do Património, María Fernanda Espinosa, a assinatura no passado dia 2 de agosto do fideicomiso entre seu governo e o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) para desenvolver a iniciativa Yasuní-ITT.

De modo simples, diremos que a dita iniciativa, ideada há três anos, quer deixar sob terra reservas de petróleo de até 850 milhões de barris em três xacementos -Ishpingo, Tambococha e Tipuyini (ITT)- do Parque Nacional Yasuní, um dos lugares de maior biodiversidade da Amazonia, no que ainda moram os Tagaeri e os Taromenane, os dois últimos povos indígenas em isolamento voluntário do país.

Em troca, o Equador apela à corresponsabilidade internacional (iriam deixar de ser emitidos 407 milhões de toneladas de CO2) e a novas regras de relacionamento entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, pedindo uma compensação econômica equivalente a só metade do preço que esse petróleo teria no mercado, uns 3.600 milhões de dólares que serão administrados pelo antedito fideicomiso e empregado em projectos de energias renováveis, conservação de áreas protegidas, reflorestação, investimento social, ciência e tecnologia, etc. Alemanha, Bélgica, França, Espanha, Itália e Noruega, assim como muitas instituições privadas, já manifestaram que contribuirão para o dito fideicomiso.

É de justiça lembrar que o Equador -sim, esse Estado andino dirigido pelo mesmo Correa que vemos nas fotos com Chávez e Morales- é um país bem pobre. Tem no ouro preto a sua maior fonte de riqueza, pois constitui 22% do seu PIB e quase 65% de suas exportações. Ao mesmo tempo, o crude que se pretende deixar abaixo dos ricos chãos do Yasuní representa não menos de 20% das reservas do país. No entanto, é capaz de empreender uma aventura radical a favor de um planeta mais saudável e de uma economia mais sustentável. Aventura? Bem, havemos de ver isso nos próximos anos, mas no mínimo alguém dá passos para tentar reverter a agonizante situação do planeta de todos. O que fazem os outros?


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