1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 (1 Votos)
Pedro Monterroso

Clica na imagem para ver o perfil e outros textos do autor ou autora

O diabo revisitado

A Velha Senhora

Pedro Monterroso - Publicado: Domingo, 05 Abril 2015 10:35

NOTA: O comportamento da embaixadora portuguesa, Maria de Fátima Perestrello, que forçou a entrada numa cerimónia presidida pelo ministro dos negócios estrangeiros da Finlândia, causou escândalo no país. Esta, depois de lhe barrada a entrada, por não estar inscrita na lista de convidados, perguntou empertigadamente: "Você não sabe que sou a embaixadora de Portugal e que o meu pai também foi embaixador?" Notícia original em http://www.iltalehti.fi/uutiset/2015030919308862_uu.shtml


Ó, minha senhora, mas lá são finlandeses! Lá estou eu com coisas, não quero bajular o estrangeiro em detrimento de coisa nenhuma, nem desvalorizar o produto português, quero eu dizer, mas lá rumam para a democracia e certas coisas já estão, digamos que, ultrapassadas... Eu sei que é chata essa coisa, seria muito mais interessante, povo-clero-nobreza e burguesia para explorar pessoas e diamantes. Mas não dá, os tempos mudam e parece que se quer a democracia. Eu próprio não sei em que moldes se quer esta, há muitos contrassensos lá, embora me queira parecer que mais os há por cá. Sei que, em qualquer molde, faz esta comichão no rabo, a muita gente, porque quer ela que todos sejam humanos!

Ai os títulos, minha douta senhora! A entrada foi-lhe barrada e a senhora empertiga-se com o título seu e de seu pai, deus o valha, que também fora embaixador deste país? Muito bem representado andamos, vivesse eu na Finlândia e, acusando-me inevitavelmente a fisionomia sul europeia, dizia antes que era espanhol! E, minha senhora, deve saber que, se algo entende de história (o que duvidarei, pela indução do sucedido), antes Tudo, em capital letra, que espanhol. Mas a senhora não me deixaria outra solução. Ó valha-me a Santa Engrácia, do mal, o menos! Fez-me a sua afirmação lembrar outra, igualmente marcante, embora pela inteligência, durante um episódio do documentário "A Guerra", de Joaquim Fortado, na qual o entrevistado, relatando os tempos da outra senhora, mãe dos títulos e vícios proto-burgueses desta república endemoninhada, dizia "as senhoras Marias tornavam-se todas Senhoras Donas Marias, quando atravessavam o equador". Capitulando os títulos e a estupidez extemporânea perpretada durante a colonização portuguesa, a senhora aventura-se na Finlândia onde, apesar de não ter atravessado a linha longitudinal do Ecuador, atravessou a linha de Greenwich e todas as outras imaginárias linhas que nos fazem ser um país de medíocres políticos e embaixadores, como tão bem os caracteriza. Quer levar o quê para a Finlândia? Os bons costumes do passado português, senhora dona embaixadora?

Não me faça trincar cebolas cruas para fingir o choro do riso que me causa. É que, às vezes, prefiro parecer o que não sou.


Diário Liberdade é um projeto sem fins lucrativos, mas cuja atividade gera uns gastos fixos importantes em hosting, domínios, manutençom e programaçom. Com a tua ajuda, poderemos manter o projeto livre e fazê-lo crescer em conteúdos e funcionalidades.

Microdoaçom de 3 euro:

Doaçom de valor livre:

Última hora

Quem somos | Info legal | Publicidade | Copyleft © 2010 Diário Liberdade.

Contacto: info [arroba] diarioliberdade.org | Telf: (+34) 717714759

Desenhado por Eledian Technology

Aviso

Bem-vind@ ao Diário Liberdade!

Para poder votar os comentários, é necessário ter registro próprio no Diário Liberdade ou logar-se.

Clique em uma das opções abaixo.