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Belém Grandal

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Em coluna

A luita da dignidade é a semente de vencer

Belém Grandal - Publicado: Segunda, 12 Agosto 2013 13:55

Há já 38 anos deste fatídico 12 de agosto de 1975 em que José Ramom Reboiras Noia, mais conhecido como Moncho Reboiras, caiu assassinado a maos dos esbirros da ditadura fascista e terrorista que açotou ao nosso povo de jeito despiadado.


Militante obreiro revolucionário pola libertaçom nacional e social da Galiza, mantivo desde muito novo grande curiosidade pola realidade social em que se integrava, caraterizada polas duras condiçons de vida da classe operária viguesa, que nom diferiam do resto da Galiza, tendo o seu primeiro contato com esta realidade no bairro viguês de Teis, onde morava junto à sua familia.

Começa muito cedo a contactar com grupos culturalistas, percebendo a situaçom de maltrato e perseguiçom que sofre a nossa língua, muito vinculada a umha naçom que estava a ser negada. Todo isto numha época convulsa, em que as mobilizaçons e luitas operárias acontecem cada vez mais fortes naqueles anos de fins da década de 60.

Moncho Reboiras, que se podia ter pensado apenas em finalizar os seus estudos, como assim fijo, com um bom expediente e depois da sua passagem pola Escola de Engenharia Industrial procurar umha situaçom acomodatícia, no entanto, decidiu continuar um caminho mais complexo e difícil, o caminho da transformaçom da sociedade injusta que lhe tocara viver. É assim que, no ano 1960, se integra na primigénia UPG, organizaçom política nacionalista que bebe das fontes marxistas, mas com umha clara orientaçom culturalista.

É a partir desse momento que adquire um compromisso militante mais ativo e orientado a ultrapassar o culturalismo nacionalista de dita organizaçom, com o objetivo de promover a libertaçon nacional e a emancipaçom de classe, tendo como esteio fundamental o marxismo e querendo tornar a organizaçom num partido comunista revolucionário.

A sua tarefa proselitista leva-o a incorporar jovens operários que permitam a proletarizaçom do movimento de libertaçom nacional e a sua expansom por toda a Galiza. Foi decisiva também a sua tarefa na construçom dum movimento sindical que reivindicasse as condiçons próprias da classe trabalhadora galega, além do seu papel fundamental na coesom interna do movimento soberanista.

A sua militáncia abrangia multidom de aspetos, nom ficando apenas na elaboraçom de diretrizes que emanavam da direçom de que fijo parte desde o ano 1972, assumindo desde a realizaçom das tarefas mais singelas, como a elaboraçom de cócteis-molotov, ou pintadas, até a colaboraçom em tarefas de redaçom de documentos, formaçom de jovens militantes ou ser parte num debate estratégico, dando um sentido amplo e global ao seu trabalho militante.

Moncho Reboiras foi umha peça chave nas relaçons internacionais que a UPG começou a estabelecer na década dos anos 70. Um exemplo disto som as relaçons com Portugal, Irlanda e Euskal Herria, como parte do internacionalismo proletário.

Já desde o ano 1974, Moncho tem como responsabilidade prioritária constituir a Frente Armada da UPG, já que fiel ao que dizia a UPG no ano 72: "a classe operária tem que olhar a necessidade da resposta armada à violência do capital e da ditadura franquista e fascista. As classes populares nom poderám ir avante face à sua libertaçom definitiva, a tomada do poder, se nom empregarem a luita armada".
Fiel a isto, confronta-se com o inimigo e é selvagem e cobardemente crivado a tiros na manhá do dia 12 de agosto de 1975, no número 27 da rua da Terra do Ferrol proletário.

E, com certeza, ainda hoje continuamos dia após dia a lembrar Moncho Reboiras nesta fatídica data.

Lembramos a sua luita, a sua constáncia, o seu enorme trabalho e o seu sacrifício que lhe custou a vida com o alvo de atingir umha naçom libertada e umha classe trabalhadora emancipada.

É preciso fazer umha lembrança de Moncho porque a sua luita é a nossa, já que todas as duras condiçons que caíam sobre o povo trabalhador galego e que ele combatia continuam vigentes na atualidade.

Porque a língua que conheceu perseguida, após 38 anos, continua hoje a ser perseguida, além de procurar o Estado opressor a nossa assimilaçom ao projeto homogeneizador e imperialista espanhol.

Porque a nossa naçom continua a ser negada e tentam aniquilá-la os inimigos da nossa pátria.

Porque a classe trabalhadora galega continua a ser oprimida, submetida e explorada polos ditados do capital e do neoliberalismo.

Porque a nossa soberania continua em maos alheias, impedindo-nos decidir por nós próprias o que fazermos com os nossos recursos, já que as elites económicas poderosas ditam o que temos de fazer de fora das nossas fronteiras ou quem dedide cá nom som mais que fantoches ao serviço do grande capital.

Porque as condiçons laborais, de vida e de existência da imensa maioria da populaçom trabalhadora da Galiza estám a se deteriorar com passos de gigante e os cortes na educaçom orientam-se apenas a restringir as possibilidades de acesso da classe trabalhadora a estudos e formaçom superior.

Porque os jovens e nom tam jovens tenhem de procurar melhores condiçons laborais e de vida longe do seu país.

Porque os cortes na sanidade impedem que a imensa maioria da populaçom tenha a possibilidade de desenvolver umhas condiçons e qualidade de vida dignas.

Porque as corruptelas, roubos, fraudes, nepotismos e assim por diante som consubstanciais a este sistema de governo plutocrático, que oferece umhas migalhas aos seus fantoches e esbirros para que bailem o seu mesmo som.

É, pois, inescusável lembrar esta trágica data para que a semente que Moncho estendeu, umha semente de vencer, permaneça entre nós, e para que através da luita, do afazer quotidiano, do trabalho constante de todas e todos, podamos, com certeza, recolher os frutos precisos para mudar de rumo e de vez esta situaçom de dominaçom, opressom e exploraçom da Galiza.

Para libertar de vez a nossa naçom e a nossa classe, e também, como teria dito Moncho se nom tivesse sido assassinado, contra a opressom do patriarcado, pilar essencial do capitalismo, culpável dos males que hoje em dia afetam grande parte da humanidade.

É imprescindível fazer umha lembrança da dignidade, é assim que é preciso lembrar Moncho Reboiras, porque a luita da dignidade é a semente de vencer, e esta semente tem de continuar a ser espalhada e estendida por toda a nossa geografia.

Para que jamais seja semente transgénica que envenena todo o que está perto, e sim semente ecológica que enriqueça o solo que lhe oferece sustento e devagar, com trabalho constante, faga nascer e medrar nova vida. 


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