Eu que sou um ignorante, como já tenho demonstrado aqui noutras ocasions, desconhecia a história de Daria Shornikova, umha rapariga russa que tem desenvolvido trabalhos de traduçom e sociolingüística arredor da nossa língua.
Enquanto assistia o vídeo, os pilares sobre os quais tinha construído o meu mundo caíam provocando um barulho de perguntas de corte existencial que nom soubem esclarecer e, por isso, exponho o assunto agora nesta plateia.
A história é a seguinte. Daria é umha rapariga russa. Num momento dado, desde a Rússia, conhece a língua e a cultura galega e apaixona-se por elas, como já tinha acontecido a Márquez, a Chao, a Hemingway ou a Lorca. Mas Daria, que é russa e que se apaixonou pola língua e pola cultura galega, dá um passo mais e decide aprender o idioma.
Neste ponto da aprendizagem, Daria que –insisto– é russa, que se apaixonou pola língua e pola cultura galega e que já fala galego, viaja a Compostela. E Daria, por fim na Galiza, aventura-se a falar galego.
Mas à amiga Daria, –que é russa, que se apaixonou pola língua e pola cultura galega e que fala galego–, os galegos respondiam-lhe sistematicamente em castelhano. A integraçom, portanto, era total.
Era Daria a mais galega de todas as russas?
Eu, como Daria, também estou apaixonado pola língua galega, como Daria, também estou apaixonado pola cultura galega e, para mais coincidências, como Daria, orgulhoso, também falo galego na Galiza. Acontece-me também que em muitas ocasions um número nada desprezível dos que eu achava compatriotas me respondem em castelhano, como fam com Daria.
Será entom que somos nós, os galegofalantes, os mais russos de todos os galegos?
No vale de Loureda onde eu nascim e crescim, aos que eram do lugar de Fortesende chamavam-lhes de russos polo seu caráter rabudo... Vai tu saber se, afinal, a razom do nosso monolingüismo partia da base de termos sido república soviética, e nós sem termos notícia!
Fica a saber, minha terra, que os russos da Galiza e as galegas da Rússia, com praxe marxista, continuaremos a falar galego contra vento e maré. Ora, claro... a partir de hoje –tés que entendê-lo– o galego grafado em cirílico!
Ai... País!