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Diana Cordero

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Tempos de luta antifascista

Estado espanhol: Ajuda financeira? Falso. Resgate puro e duro. Não nos deixemos enganar

Diana Cordero - Publicado: Quarta, 13 Junho 2012 01:42

Palavras vazias que encobrem uma realidade que tem sido duríssima. A banca festeja, a UE festeja, o FMI festeja, os partidos do capital também. Mas o mais importante aqui é que não acabemos festejando nós o que é uma sentença de morte a médio prazo, uma sentença lancinante e sem obstáculos. Este resgate, que nos dizem que será sem imposições, na realidade implicará um antes e um depois nas nossas vidas.


Sabemos que a banca não pagará – nunca paga – e quererão que paguemos os de sempre. Isto significa mais encerramentos de fábricas, mais cortes nos serviços de saúde e educação, mais desempregados, mais impostos, despedimentos no setor público e no setor privado, ou seja, um dia a dia mais difícil, com uma população desprotegida e vulnerável, sem as mais elementares garantias dos nossos direitos básicos. Longe ficou o "estado de bem-estar" social-democrata, que já está desfocado, precário, e ao alcance de poucos.

Há muita indignação e alarme - não pelos ataques à economia do povo trabalhador, que vem desde há anos - , mas pela manipulação e pela mensagem que nos chega através dos meios de comunicação social, que dizem que devemos alegrar-nos com este "empréstimo aos bancos". Mentira! Este é apenas pura e simplesmente um resgate disfarçado. A única coisa que muda são as palavras.

"Nós não somos a Grécia", "Este não é um resgate como o de Portugal, Grécia e Irlanda", "É um empréstimo suave": Também é mentira. Atenção, os media, o governo, e alguns líderes da partidocracia, repetirão estas palavras de ordem várias vezes, até que as façamos nossas. O importante é não acreditar nelas.

Ouvir que as condições impostas pelo Eurogrupo estão limitadas ao setor financeiro significa que continuam a tomar-nos por idiotas. Ler no El Pais que este resgate significa "A ajuda para a Espanha é uma aposta dupla da União no euro e no projecto europeu" é pouco menos do que um insulto. Que um grupo de "opinadores" nos diga que é a última oportunidade que a Europa nos dá, para demonstrar-lhes que somos sérios, enche-nos no mínimo de desgosto .

Mas há uma palavra que nos serve, e é a palavra oportunidade. E esta é uma oportunidade que temos para sair desta derrocada de manipulação e pilhagem, de políticas genocidas, e abandonar esse falso paradigma de que "não somos a Grécia", com o qual tratam de domesticar-nos e dividir-nos.

É que as pessoas com cancro sem tratamento por falta de médicos e serviços, a desnutrição das crianças, o desespero dxs desempregadxs por falta de horizonte, a rebelião dos heróicos mineiros que hoje lutam intensamente contra os cortes, o 15-M organizando-se nos bairros, mostram-nos que sim, somos a Grécia, somos iguais a qualquer lugar que está a ser atacado e despojado da sua dignidade, e somos como qualquer outro povo arrasado pelas políticas neoliberais.

Não é uma honra que nos comparem com um povo que luta como o grego, como o argentino, como o venezuelano? Não sabemos que o inimigo pretende introduzir essa crença falsa e arrogante de "europeísmo", que só beneficia os grandes da UE em detrimento dos países do sul, dos europeus de segunda?

Que não nos confundam, que não continuem a enganar-nos, na realidade, não nos deixemos enganar. A única saída é levantarmo-nos e lutar de uma vez por todas contra este sistema assassino, que vem cortando e avançando sobre os direitos humanos de uma grande parte da população, e que a partir deste resgate se prepara para nos dar o golpe final.

Poderão por oportunismo político alguns partidos capitalistas dizer que este resgate é uma "má notícia para a Espanha", ou denunciar que haverá cortes, ou mostrar uma falsa preocupação com o impacto na nossa economia, ou "exigir" explicações ao governo. Mas também aqui não devemos enganar-nos. Este processo não começou hoje, mas há algum tempo foi aprovado e acordado por todos os partidos que vêem que a única saída é mais capitalismo. Um capitalismo que nos pintam como "humano" se for bem administrado, mas contém em si uma falsidade evidente: o capitalismo nunca foi um sistema para servir as pessoas e suas necessidades, mas exatamente o contrário. O capitalismo tem mais a ver com morte, destruição e extermínio.

Há muitos perigos e muitos desafios. E há-os de todos os tipos. Os riscos de manipulação e domesticação pelos partidos e pelos meios de comunicação social, a avalanche de cortes que vai nos deixar mais pobres e carentes, a repressão a que terão de apelar quando protestemos e tentemos resistir, quando sairmos para as ruas.

Por isso, a única possibilidade é que nos organizemos, que apelemos às organizações sociais e sindicais de base, para que cada espaço seja um espaço de luta. Durante este tempo, os movimentos de base têm-se multiplicado e as suas ações estão espalhadas por todo o estado espanhol. Devem ser multiplicadas exponencialmente para que possamos alcançar uma frente sólida e com respostas contundentes.

Resistir é um tarefa múltipla que tem dois eixos principais: não acreditar nas mentiras dos agentes neo-liberais e daqueles que, historicamente, nos traíram, denunciá-los, e organizar-nos para resistir a cada avanço de ajustes e tesouradas. Esta intervenção que já existe e a partir de hoje se tornará mais evidente, só podemos combatê-la nas ruas.

Tradução de Vermelhos.net


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