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Domingos Antom Garcia Fernandes

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Outeiro crítico

Coletivizar os bens e privatizar os sonhos

Domingos Antom Garcia Fernandes - Publicado: Domingo, 15 Abril 2012 17:37

Domingos Antom Garcia Fernandes

Este texto corresponde à apresentaçom de Francisco Louça, que fiz a liçom magistral de encerramento na XXIX Semana Galega de Filosofia em Ponte Vedra (13 de Abril de 2012)


Boas noites!

Somente o compromisso político e a amizade permitem que o Francisco – hoje às 13’00 estava no Palácio de S. Bento a interpelar ao Primeiro Ministro – esteja connosco logo dumha maçadora viagem de mais de 5 horas sem paragem. Muito obrigado!

Rem vou a dizer da sua luta comunista desde anos moços (na rede podem achar dilatada informaçom. Com certeza que por vezes com sesgo).

Sim a tracejar alguns fitos, a bom seguro que muito poucos, da sua bibliografia, contribuidora à Crítica da Economia Política

Em A Maldição de Midas. A Cultura do Capitalismo Tardio (1994) analisa o triunfo da razom técnica que “reorganizou a sociedade impondo a economia como uma esfera distinta da acção pública e colectiva, abolindo radicalmente a noção de comunidade” (o que exprimirom com nitidez Marcel Mauss ou Karl Polanyi, quando falavam das economias incrustadas fronte à economia capitalista de mercado). E advoga polo sentido dumha outra civilizaçom: “se no capitalismo os bens materiais são privados e os sonhos são mercantilizados, deve o socialismo contrapor a colectivização dos bens e a privatização dos sonhos”.

Turbulência na Economia. Uma abordagem evolucionista dos ciclos e da complexidade em processos históricos (1997) é avaliada assim polo professor Christopher Freeman: “Este livro será um marco na história do pensamento económico. Ele constitui uma crítica extremamente poderosa e original da econometria dominante, baseada num conhecimento profundo das suas origens históricas e das suas aplicações contemporâneas. Será uma leitura essencial para todos os que se encontram envolvidos no ensino ou na aprendizagem da teoria económica e da construção de modelos. Fornece-nos igualmente novas perspectivas sobre o trabalho de Frisch, Keynes e Schumpeter… É igualmente uma contribuição muito importante para a filosofia das ciências sociais e, em particular, para o desenvolvimento da teoria evolucionista em economia”.

Economia(s) (2009), um livro que publica com José Castro Caldas, é destinado aos que estudam nos primeiros anos do ensino superior, mais assim mesmo a tudos os que desejam saber como funcionam as economias modernas. Apresenta a economia, economias?, como umha ciência social em movimento, ateigada de contradiçons. Propícia umha abordagem histórica, empírica e factual que foge de simplificaçons. E justo no último capítulo di:

A depressão que teve início em 2007 está a pôr a economia à prova. Está em causa a suposta ciência que não preveniu, antes participou, na criação das condições da crise e está em causa a economia (sistema de uso e provisão) que a engendrou (…) Inspiramo-nos na distinção de Aristóteles entre economia e crematística… (…) Defendemos que a Economia enquanto ciência prática ganharia em reconhecer a sua natureza moral e política, deveria cultivar a abertura a outros domínios científicos e o pluralismo interno, centrar-se nas instituições e nom em supostas leis do comportamento individual (…) Defendemos (…) uma economia sustentável, capaz de: (a) garantir a provisão; (b) promover a igualdade; e (c) respeitar os limites ambientais.”

Portugal agrilhoado. A Economia cruel na era do FMI (2011). Como reza a contracapa:

A crise, sempre a crise. Desemprego como nunca, perda de salários, aumento de impostos, uma dívida externa que arruína o país, FMI à porta, tudo temperado com vagos escândalos financeiros demasiado próximos do poder político. A economia era um mistério, agora é uma ameaça.

Este livro afirma que esta crise não é uma inevitabilidade, é antes a consequência da corrupção da economia, da degradação da estrutura produtiva, da destruição do trabalho, da ganância financeira. É uma escolha de governantes, apoiados na pretensão científica absolutista de muitos economistas, que aspiram a criar um século de precarização. Ou, como cantam os Deolinda:”é fico a pensar/que mundo tão parvo/para ser escravo é preciso estudar”. Este curso para o horror económico tem de ser vencido.”

A dívidadura. Portugal na crise do euro (2012). Em colaboraçom com Mariana Mortágua, assim mesmo economista. E também na contracapa di:

Dizemos aos leitores, com toda a franqueza, que escrevemos as próximas páginas com indignação, porque as políticas impostas – mas nom sufragadas - (…) podem porventura ser apresentadas de muitos modos,mas não com o argumento de que são uma alternativa para Portugal ou para Europa. Menos de um ano depois da assinatura do acordo com a Troika, já Portugal sabe que as medidas que estão a ser aplicadas criam uma nova recessão, multiplicam o endividamento, destroem a produção e emprego e, sobretudo,buscam impor um novo regime social de trabalho barato e disponível sem direitos. A única alternativa imposta pela política dominante é a crise, a maior recessão jamais registada no país,como antecipa um relatório do Banco de Portugal. Estamos a ser enganados e explorados pela ditadura de dívida, pela dívidadura”.

E, como sempre acostumo a fazer, vou concluir com um fragmento de Marx, em O Capital – livro que tem maior força analítica hoje, e mesmo no século passado, que quando se escreveu, pois umha série de desenvolvimentos, que se vislumbravam no século XIX, amadurecerom plenamente e som visíveis muito mais claramente - :

O verdadeiro limite do modo de produçom capitalista é o próprio capital, é o facto de que o capital e a sua autovalorizaçom aparecem como o ponto inicial e o ponto final da produçom, como o seu motivo e o seu fim; que a produçom é somente produçom para o capital e nom, ao contrário, que os meios de produçom sejam simples meios para um desenvolvimento cada vez maior do processo de vida em favor da sociedade dos produtores”.


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