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Domingos Antom Garcia Fernandes

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Outeiro crítico

Verbas no ar. Um outro mundo possível

Domingos Antom Garcia Fernandes - Publicado: Domingo, 25 Março 2012 16:49

Domingos Antom Garcia Fernandes

Isto nom tenta ser umha crónica da apresentaçom, por segunda vez em Ponte Vedra, da novela de Íria Morgade, Verbas no ar, que a autora e mais eu fizemos o dia 9 de Março. Sim, umha espécie de remoinho de ideias arredor dos convulsos tempos actuais.


De que vai o livro? Dum levantamento a nível mundial que defronta os que movem os fios do poder com os que lutam por outro mundo possível. Formula-se num futuro hipotético no que se trataria de pôr ao sistema neoliberal numha situaçom limite. Nom é, pois, umha novela a respeito do 15M, tampouco acerca da primavera árabe. É umha fábula, umha fantasia, na que se aguarda que o capitalismo transnacional, posto no atoleiro, com a corda na garganta, amostre a sua verdadeira faciana. Detrás diste romance crítico e alternativo estám os sonhos dos NMSA. Está, já que logo, permeada de horizontalidade (em acareaçom com as velhas formas de fazer política) e jogam um papel fulcral as novas tecnologias para o súbito e o imprevissível. Procede-se a um jogar com a história, imbuido de poesia e de utopias, no que se tenta dessacougar, onde se transluz o ver de agradar à nena, que foi (e ainda é. E nom só polo que marca a infância, mas antes por ser umha moça de pouco mais de vinte anos, porém, nom umha promessa, aliás umha realidade literária muito madura), com raiva diante da injustiça e descontentar aos que fecham os olhos perante um mundo cruento. É um nom, já se indicou, à política anterior, também as pseudosoluçons dos tecnocratas, que procura cavar e erguer as mentes, espertar as imaginaçons, defender a diversidade (de gentes, de acçons... É o caleidoscópio do mundo), sair do fatalismo. Um novo pensamento que nom é moral religiosa, nem raça, nem cultura ao uso. Os pessoeiros caminham com a Humanidade, som a Humanidade por construir. Umha Vera, jornalista crítica, realista ao tempo que ateigada de sonhos e de ilusom, ligada aos que quere, sem a conciência opiada. Andrade, um velhinho intelectual honrado que pode voltar a ter esperanza e que simboliza a memória... Xiam que luta por umha nova terra e umhas novas relaçons humanas em igualdade, que se revolve contra o mundo televisado e falso da sua nai, que comunga com a vida em fervença, que ve de construir umha nova subjectividade. Okenna, um informático africam, pobre e anti-sistema. Adahoa, negra, imigrante, vulnerada, criada..., e que, mália a tudo, nom perdeu a capacidade de amar. Carmela, a nai, ideologizada polos mass media, embebedada da linguagem do mundo virtual dos poderosos, opiada (ligada aos discursos humanistas de democracia, direitos humanos, terrorismo..., isses discursos que mascaram o mundo real). Dorianne, que somos tudos, quando olhamos a precariedade, a ruina, o desespero, a violência estrutural... E outros mais, embora nom se desvendem, pois nada preenche a leitura dista preciosa escrita. Umha escrita pola que desfilam os homes de branco (os poderes fácticos), as pantalhas baleiras, a emoçom quando pululam as mais diferentes línguas nos comunicados dos que se encaram com o sistema, os tentos de mercar os mais comprometidos, a denûncia da criminalizaçom das revoltas, as diáfanas análises de Vera, os anceios de rachar com o individualismo, as palavras ocas dos "novos herois da democracia", os milheiros de formigas humanas que temtam berrar sem garganta, um nós heterogéneo, a uniom planetária em pequenas acçons, as flores fronte às bombas, a dança macabra de realidade defronte à utopia, lindas verbas sobre umha Gaia concebida na imaginaçom e arelada, et cetera. Umha constante prosa poética acugulada de frases curtas e punçantes, que nos lembram os aforismos de Nietzsche. Há tantas imagens, tantos pensamentos, tantas sugestons, tantas reflexons..., que semelha que aproveitou as limitadas páginas para verquer tuda umha riqueza acumulada nos anos de infância e adolescência, como se a mensagem nom se puidera adiar ou correra o risco de nom se poder fazer chegar. Também o entusiasmo jovem de nom deixar rem sem dizer...

E por mais que a novela, já se disse, nom se centra no 15M, umha boa parte dum longo colóquio sim. E para abrir o mesmo servirom de acicate umha série de pontos inspirados em boa medida num recente artigo de Carlos Taibo: Los retos del movimiento del 15 de mayo. Assim: como combinar a presença pública (grandes campanhas) com um trabalho local de carácter descentralizador; o trânsito do cidadanismo ao anticapitalismo; a formulaçom de propostas aos governos ao tempo que se criam espaços de autonomia; o evitar o curtoprazismo; a luta universalista em contra do produtivismo e do antipatriarcalismo; ir além de defesa do Estado de Bem-estar; a luta por se assentar; a vinculaçom com os mundos estudantil, laboral e rural; os perigos de extinçom; estar atentos ao possível abraço do urso dum PSOE na oposiçom...

Também foi objeto de debate A Comuna de Paris (1871) que aniquilou os instrumentos de domínio burguês – exército profissional, instituiçons da democracia burguesa... - Como diria Lenine, o novo Estado da Comuna nom estava separado da maioria nem por acima dila. Bakunim atacou o conceito dumha organizaçom centralizada e disciplinada. Marx e Engels responderom que a Internacional era um motor para a revoluçom e nom um salom de debate para elaborar elegantes teorias. E por que caiu A Comuna? Segundo Marx por nom ter reproduzido nos demais centros o movimento revolucionário. Outra vez o do local e o global.

E ainda houvo tempo para matinar sobre os Estados-Naçom e o seu labor de fragmentaçom da dissidência e também para denunciar o idealismo dos que pensam que a revoluçom terá de ser das conciências e esquecem aquilo de Marx de que "Nom é a consciência dos homens que determina sua existência, mas ao contrário, é a sua existência social que determina a sua consciência."


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