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João Delgado

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Ponto de vista

Depois do voto na troika, o regresso ao país real

João Delgado - Publicado: Domingo, 19 Junho 2011 02:00

João Delgado

Após uma campanha eleitoral em que os partidos que assinaram o acordo com a troika quiseram discutir tudo, excepto o conteúdo desses documentos, que se constituem como um verdadeiro programa de governo para os próximos anos, aos poucos a promessa de ajuda vai-se traduzindo em medidas concretas, muitas das quais subvertem os princípios elementares do incipiente estado social em que vivemos.


O acordo político Maioria para a Mudança, assinado entre Passos Coelho e Paulo Portas, traduz, se bem que numa linguagem polida e camuflada, alguns desses princípios subversivos, cuja aprovação depende de alterações constitucionais, que só poderão ser efectuadas se o Partido Socialista assim o aceitar, porque, recordemos, é necessária uma maioria de 2/3 dos deputados para alterar a Constituição.

Tal como Passos Coelho prometera, a direita atira-se ao pote, prosseguindo a privatização da saúde e do ensino, e atacando também a Segurança Social, tudo em nome de um futuro mais risonho para as novas gerações. Chega a ser enternecedor ver como a privatização da saúde se escreve no acordo como a defesa da "humanização da prestação de cuidados de saúde", para a qual se contará com a prestimosa colaboração da "economia social", tal como acontecerá nos sectores da educação e solidariedade. O ataque ao emprego com direitos vem também a coberto de maviosas palavras, pois o que se trata é de viabilizar "a empregabilidade e a contratação". Para concluir estes breves, mas significativos, exemplos, o saque à Segurança Social é descrito como "garantindo a sua sustentabilidade, a solidariedade inter-geracional e a progressiva liberdade de escolha, nomeadamente dos mais jovens". Como se não soubéssemos todos que com a "liberdade de escolha" serão os que têm maiores rendimentos a optar pela segurança social privada, o que a curto prazo levará ao fim do actual sistema universal, que protege todos os cidadãos.

Igualmente o cidadão eleito como Presidente da República veio já ajudar à festa, defendendo um conceito inovador de "serviço público sem visão ideológica", o que, traduzido para português, significa a privatização dos serviços públicos, ou a sua prestação por entidades privadas já existentes, que assim verão melhorados os seus lugares à mesa do Orçamento de Estado, para maximizar lucros que não conseguem directamente, porque os putativos clientes estão cada vez mais endividados e desempregados.

Alguns o disseram durante a campanha eleitoral, e tinham toda a razão: a esmagadora maioria daqueles que votaram no PSD, CDS, mas também no PS, não demorarão muito a acordar para a nova realidade, que ajudaram a construir como o seu voto, e não lhes restará outra solução que não a de lutarem pelos seus direitos, que serão depredados por aqueles que colocaram no parlamento, se a isso não se opuserem com determinação. É a vida, costuma dizer-se; sejam então bem-vindos ao país real.

Fonte: Vermelhos.net


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