Facto é que, à esquerda do PS, não se conseguiu mobilizar parte substancial dos votos dos trabalhadores, dos desempregados, dos reformados, dos jovens, que há anos estão a sofrer na pele, não em abstracto, com as políticas de direita do PS, traduzidas no acordo com a troika, assinado também pelos futuros governantes do PSD e CDS.
Não será despiciendo recordar, nesta breve nota, que houve mais 50 mil eleitores a votar em branco, relativamente a 2009, dado que só terá significado claro quando se perceber o perfil e motivações desses eleitores. Será também interessante perceber quem são os 57 mil eleitores do PAN, cuja mensagem se procurou colocar num terreno "acima dos partidos", que parece estar a conquistar espaço em Portugal.
Relevante é ainda o facto de o CDS ter quase o mesmo número de votos e o mesmo número de deputados que a soma PCP / BE, mesmo considerando que o PSD não chegou aos 39%, facilitando assim a subida da direita populista.
Fácil seria neste momento apontar o dedo e formular soluções "óbvias", para que no futuro a esquerda obtenha resultados mais positivos nas urnas. Teria tanto de facilidade como de estultícia pretender resolver o embargo num golpe de mágica. Por isso, apenas me atrevo a desejar que alguns caminhos que começaram a ser percorridos por PCP e BE sejam retomados e aprofundados, desde já na mobilização para a luta social contestando a aplicação do programa de governo do FMI.
Será difícil, "Mas como se costuma dizer tem que ser porque parar, nunca. Ficar parado? Antes o poço da morte que tal sorte", roubando ao Sérgio Godinho uma mensagem de ânimo colectivo.
Fonte: Vermelhos.net