Dentro do contexto do mandato que recebi do Presidente da República [ como "terceiro partido", apesar de nunca ter sido eleito como tal ], tive a honra de me encontrar com duas das maiores Confederações do nosso país, a GSVEE e ESEE. Foi especialmente honroso para mim que nos sentássemos, conversássemos e trocássemos pontos de vista com honestidade, durante bastante tempo.
Foi uma reunião de muitas horas, mas também um intercâmbio de visões substancial e produtivo. O que concluo disto é certamente bem conhecido, mas repetirei: O Memorando tem duas grandes vítimas na Grécia: a primeira e grande vítima é naturalmente a nossa juventude , a qual infelizmente é obrigada a emigrar a fim de sobreviver; a segunda grande vítima do Memorando é constituída pelos pequenos e médios negócios. Os negócios médios e pequenos foram colocados na forca, na guilhotina. Com o Memorando, [veio] a austeridade, a pirataria fiscal, a falta de fluxo de caixa [o encerramento bancário foi implementado enquanto Lafazanis e outros membros da "Unidade Popular" estavam no gabinete governamental], o sistema bancário ladrão que se torna constantemente mais voraz. Sob estas condições, os médios e pequenos negócios não podem sobreviver . Eles não têm qualquer futuro. E naturalmente, tão pouco a economia grega, a Grécia e o povo grego têm futuro.
Neste ponto, a mensagem que enviamos é que o país deve livrar-se do Memorando, da austeridade e da dependência nacional. E isto é o que a Unidade Popular garante à luz das eleições. Apelamos aos médios e pequenos homens de negócios, a todos aqueles que trabalham nos médios e pequenos negócios, homens de negócio e trabalhadores , a apoiarem a Unidade Popular na sua luta anti-memorando, na sua luta firme anti-memorando. Com a Unidade Popular, o Memorando será ultrapassado [ver declarações do mesmo homem quando estava no SYRIZA ] e o caminho da recuperação e reconstrução económica, centrado nos pequenos, muito pequenos e médios negócios, pode ser aberto.
Algumas observações simples e de senso comum, de um ponto de vista marxista, quanto ao objectivos declarados desta "Unidade Popular":
1. Não há quaisquer referências à classe trabalhadora como "vítima do Memorando" e da austeridade. Os trabalhadores não existem na Grécia.
2. Não há referência à exploração de classe e à luta de classe, o que logicamente decorre do ponto 1.
3. De facto, Lafazanis declara explicitamente que não há classes, uma vez que apela tanto aos negociantes como aos seus trabalhadores/empregados para uma "luta comum contra o Memorando" (isto é, pede para votarem por ele – é o que significa "luta" no linguajar social-democrata).
4. É claro a partir da declaração acima e dos seus três primeiros componentes que a "Unidade Popular" pretende explicitamente uma organização da produção capitalista e não socialista. A "reconstrução" e "recuperação" de que fala são baseadas explicitamente na ajuda a pequenos capitalistas para sobreviverem contra bancos e monopólios.
5. Por outras palavras, o declarado [ atenção! certamente não é o actual ] programa económico dos Srs. Lafazanis, Stratoulis, Lapavitsas, Kouvelakis, et al. é absolutamente idêntico àqueles dos populista dos EUA na década de 1890 , uns quinze anos antes de Lenine escrever o "Imperialismo".
Em homenagem a essa atmosfera vetusta, nossa ilustração provém da matriz da "Unidade Popular", o People's Party dos EUA, fundado em 1891 e dissolvido em 1907.
Ah, esquecia, os Srs. Lafazanis & Co. chamam a isto "socialismo para o século XXI"...
26/Agosto/2015.
[1] ESEE: Confederação Nacional do Comércio Helénico
[2] GSEVEE: Confederação Helénica dos Profissionais, Artesãos e Comerciantes