Milhares de pessoas lotaram a principal praça de Istambul neste sábado após a repressão policial dos protestos contra o governo turco, surgidos do projeto de destruição de um parque público em shopping center.
Uma década após o início do seu mandato, o islamista Erdogan enfrenta os maiores níveis de oposição, com grandes manifestações nas três principais cidades e mais de 90 mobilizações um pouco por todo o país. A defesa de um espaço urbano contra a especulação propiciada pelo governo acendeu o protesto das massas, que foram duramente reprimidas pela polícia nos últimos dias.
Com os protestos já em seu segundo dia, policiais usaram gás lacrimogêneo e jatos de água contra manifestantes enfurecidos, alguns dos quais lançaram pedras e garrafas durante uma marcha em direção à praça de Taksim, em Istambul. Quase mil pessoas foram já detidas pelas forças policiais.
Numa área normalmente repleta de turistas, lojas foram fechadas e os manifestantes fugiram para hotéis de luxo em busca de abrigo.
Posteriormente, as forças repressivas turcas removeram barricadas e permitiram que milhares de manifestantes ocupassem a praça numa tentativa de diminuir a tensão. Apesar do recuo da polícia, Erdogan prometeu manter o projeto do governo para a praça, que, segundo manifestantes, deverá acabar com um dos poucos espaços verdes de Istambul.
Erdogan desprezou o seu povo, chamando os manifestantes de "minoria" e desafiou a oposição dizendo que pode facilmente convocar um milhão de pessoas para uma manifestação pró-governo.
Centenas de pessoas ficaram feridas nos protestos, incluindo quatro pessoas que perderam a visão permanentemente após serem atingidas por cilindros de gás ou balas de plástico, segundo a Associação de Médicos da Turquia. Pelo menos outras duas pessoas estariam correndo risco de morte.