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travestisTransexualidade - [Daniela Andrade] Coloque a palavra travesti no Google, procurando por imagens e tente encontrar uma foto que não seja de ridicularização, pornografia, fetichização e hiperssexualização das travestis.


Ou seja, a sociedade trata/reduz travesti ao fetiche masculino. E, uma vez que impede que travestis estudem (dadas as agressões diárias (físicas, psicológicas e verbais) vindas inclusive de professores e gestores escolares que simplesmente não respeitam o gênero e a identidade de travestis) [sem contar quando não são expulsas de casa justamente por serem travestis e são alvejadas pela família e comunidade por esse fato] e dado o fato de que raramente uma empresa vai contratar uma pessoa que é associada socialmente como escória (sim, é dessa forma que a sociedade de um modo geral vê travesti: prostituição e roubo), evidente que fica 10 vezes mais difícil para uma travesti se inserir socialmente que para qualquer outra pessoa. Então, não resta outra alternativa à travesti, terá que se prostituir – e aí nós renovamos o preconceito e dizemos que são todas putas e todas sem-vergonha.

Mas, sigamos em frente a fim de demonstrar mais outras formas de agressões a que travestis estão sujeitas apenas e tão somente por serem travestis (isso se chama transfobia): a fim de estarem condizentes com as exigências do mercado da prostituição, travestis geralmente recorrerão à aplicação de silicone industrial no corpo (leia-se óleo para lubrificar engrenagens de avião). Ou é isso, ou é morrer de fome – não há escapatória. Os efeitos do silicone industrial no corpo são extremamente perversos, vira e mexe acontece uma trombose ou quem sabe o silicone viajando até uma artéria provoque um AVC ou infarto.

Na rua, sem família, tendo de se submeter à uma cafetina (ou cafetão) que lhe cobra o dia de trabalho sem que geralmente se importem se você trabalhou ou não, ela está exposta não só às "brincadeiras" de homens que passam e atiram pedras, cusparadas, xingamentos ou jatos de extintores, como também, aos mandos e desmandos de policiais que estão se lixando para o que elas são: seres humanos – está mais do que acertado entre todos de que se quiserem espancar, estuprar e roubar travestis, eles o farão. Veja, ninguém se importa mesmo pra travesti, né?! A sociedade jamais acreditaria no que elas dissessem para se defender, já começa que antes de abrirem a boca já estão erradas por existirem.

Dado todo esse ambiente marginalizador, é fácil deduzir por que acabam se envolvendo com drogas. Sem informação, sem apoio, sem esperanças, sem estrutura, é na maioria das vezes a única válvula de escape.

Se precisarem ir ao médico, serão desrespeitadas quanto ao gênero e identidade que não correspondem ao RG, se precisarem ir a qualquer entrevista de emprego, bar, hotel, balada, aeroporto, rodoviária (...) estão sujeitas ao mesmo. Quando não, terem de aguentar o deboche dos funcionários desses locais que deveriam tratá-las com educação – mas travesti, ficou acertado, que é para se debochar.

Falando de tratamento médico, também faz parte do pacote de agressões e exclusões a falta de atenção no que tange a promoção integral da saúde das travestis, isso significa dispor de equipamento público que esteja qualificado a retirar o silicone industrial dos corpos das que desejarem, depois de esclarecidas. De atendimento qualificado de endocrinologista que consiga atendê-las/tratá-las – veja que hormonização de pessoas trans* difere de pessoas não trans*. Inclusive, as próprias bulas dessas medicações foram feitas pensando em pessoas não trans*, de forma que o profissional precisa realmente se especializar nesse segmento.

Junte a tudo isso o fato de que dentro do próprio meio LGBT, muitas vezes, sofrem exclusões e preconceitos de pessoas que resolvem dizer que qualquer agressão contra travesti é homofobia e que travesti é um homossexual com roupas de mulher (sabemos que homofobia é repulsa à orientação sexual homossexual e também sabemos que travesti pode se atrair por qualquer gênero ou por nenhum deles, não necessariamente travesti se atrai por homem – não dá para dizer que qualquer agressão contra travesti é homofobia, já que o ódio que costumam ter contra travesti vai além do fato de porventura elas se relacionarem com homens. É um ódio pela afronta daquilo que significa na cabeça dos ignorantes um homem "querer ser mulher").

É urgente e perene o socorro a essas pessoas, desacreditadas e humilhadas socialmente. Como bem disse a militante travesti Janaína Dutra: "travesti é como se fosse uma ilha, rodeada de violência por todos os lados".


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