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huiChina - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] A “locomotiva chinesa”, assim como acontece com todos os países no mundo, se encontra integrada no sistema capitalista mundial, que é controlado pelas potências imperialistas.


Em 2013 foi criada em Xangai uma zona de livre comércio onde estão sendo implantadas novas reformas orientadas a fortalecer a especulação financeira. Foto: Wilson Hui (CC BY 2.0)

A partir do colapso de 2008, o governo chinês viu as exportações serem impactadas pela queda do consumo em escala mundial. As políticas de contenção adotadas foram o aumento do consumo local, a aceleração da abertura para a especulação financeira e, recentemente, o chamado Novo Caminho da Seda. Todas as medidas fazem parte de uma política geral de crise.

O Novo Caminho da Seda tenta acelerar a circulação das mercadorias entre a China e a Europa por meio de melhorias logísticas e a incorporação de vários países intermediários no fornecimento de matérias primas. A questão central é que a crise atual é uma crise de superprodução. Adicionar um volume maior de mercadorias, no contexto da queda geral do consumo, somente pode conduzir a uma nova e pior crise de superprodução no futuro.

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O aumento do consumo tem sido promovido por meio da alocação de crescentes volumes de crédito. As bolhas financeiras têm se acumulado e crescem, principalmente a bolha imobiliária. Os preços dos imóveis dispararam, assim como aconteceu na maioria dos países atrasados, quando migraram para o setor os capitais especulativos que colapsaram em 2008 nos países centrais. Na China, existem cidades fantasmas, que foram construídas com o objetivo de não deixar a economia parar.

As medidas especulativas abriram o mercado, principalmente a cidade de Xangai, para o aumento da especulação financeira. O sinal de largada foi dado pelo XVIII Congresso do PCCh (Partido Comunista Chinês), que aconteceu em novembro de 2012, com o objetivo declarado de “aprofundar amplamente as reformas” seguindo o caminho traçado pela 3ª sessão plenária do 11º Comitê Central do PCCh, há 35 anos, sob a liderança de Deng Tsiao Ping.

Em setembro de 2013, Xangai, a principal cidade da China, criou uma zona de livre comércio onde estão sendo implantadas novas reformas orientadas a fortalecer a especulação financeira, tais como a plena convertibilidade do iuan, a liberalização das taxas de juros e a internacionalização da moeda. Os principais componentes iniciais da reforma eram 18, focados no aumento da especulação financeira, apesar das restrições sobre 190 setores da economia. Entre as principais reformas estavam a conversibilidade da moeda nacional, o iuan; a determinação pelo mercado das taxas de juros; a abertura para os especuladores financeiros de setores chave da economia, como o de telecomunicações, o bancário, o de seguros, os serviços médicos e jurídicos, e até tudo o que for entendido como lazer, incluindo grande parte dos serviços de Internet. Em torno a 30 grandes empresas industriais e quase 15 grandes bancos, inicialmente, receberam a autorização para instalar-se, o que deverá continuar aumentando durante os próximos três anos. A zona especial começou com apenas 29 quilômetros quadrados, mas tem sido expandida para, em três anos, chegar a 1.200.

A especulação financeira: um clube fechado

A China foi transformada numa fornecedora de mercadorias baratas, na década de 1980. Essa foi a base da implantação das políticas neoliberais com o objetivo de conter o aprofundamento da crise capitalista mundial aberta em 1974.

Após o colapso capitalista de 2008, o chamado “neoliberalismo” colapsou como política. A burguesia imperialista não conseguiu colocar em pé uma nova política por causa da disparada do parasitismo. Por esse motivo, as tendências centrípetas, de afastamento do imperialismo, aumentaram nas potências regionais. A China se encontra à cabeça dessa política. Com o objetivo de conter os chineses, o imperialismo norte-americano passou a aplicar, a partir de 2001, a chamada política do Full Spectrum Dominance (dominação total do espectro) que escalou a agressividade militarista. O cerco contra a Rússia foi apertado por meio da OTAN e foi direcionada, para a região Pacífico da Ásia, a metade do orçamento do Pentágono.

Após o colapso de 2008, os destinos das exportações chinesas se contraíram. A China passou a atuar em mercados de valor agregado, passando a competir, em alguns segmentos, com os monopólios, principalmente os grandes conglomerados coreanos. A Shenzhen, por exemplo, domina 70% dos pequenos drones.

As potências regionais começaram a aplicar uma série de políticas por fora do controle imperialista, como o Banco de Infraestrutura da Ásia, do qual passaram a participar inclusive a Alemanha, a França, a Itália e a Inglaterra; o Novo Banco dos BRICS; a OCX (Organização de Cooperação de Xangai); o desenvolvimento de tecnologia militar própria; a expansão da Rússia para as ex-repúblicas da União Soviética; o expansionismo da China para a África e a América Latina, enquanto os norte-americanos tentavam sair do pântano do Iraque e do Afeganistão. A Arábia Saudita, o principal bastião do controle do petróleo do Oriente Médio, se tornou um importante parceiro comercial da China, com quem realiza o comércio em moedas locais.

Essas políticas criaram pontos de atritos e acirraram as contradições com o imperialismo, principalmente com a principal potência mundial, os Estados Unidos.

O mercado mundial é um clube fechado que foi repartido após brutais guerras mundiais que deixaram como saldo centenas de milhões de mortos. Hoje, a evolução do parasitismo, que é um fenômeno típico da etapa imperialista (fusão do capital industrial e financeiro) do capitalismo, escalou a níveis absurdos. O grande capital não consegue mais extrair lucros da produção. A especulação financeira foi transformada no coração da economia. Somente os ultra nefastos derivativos financeiros movimentam nada menos que aproximadamente 15 vezes o total da economia mundial. O controle da especulação financeira depende de um clube ainda mais fechado. As emissões de derivativos financeiros é controlada fundamente pelos Estados Unidos e a Inglaterra. Após o colapso capitalista de 2008 e a recessão industrial, a Alemanha e o Japão têm aumentado consideravelmente a participação na especulação financeira.

As potências regionais, a China, a Rússia, o Brasil e a Índia tentam ampliar a própria participação no mercado financeiro. Mas se trata de um mercado fechado e altamente controlado e contido por meio de vários mecanismos. Boa parte da internacionalização do iuan (também chamado de Renmenbi para as transações internacionais), por exemplo, tem sido realizada pelos grandes especuladores internacionais, como o banco norte-americano Goldman Sachs, que foi o um dos principais manipuladores da dívida grega no final da década passada.


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