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draghiUnião Europeia - Blog Salmón - [Marco Antonio Moreno] Mario Draghi reconheceu que as políticas monetárias da zona euro para fazer frente à crise financeira são um fracasso total. O preço que a zona euro está a pagar por estas políticas começou a minar inclusive a estabilidade dos países do norte.


As políticas monetárias da zona euro para fazer frente à crise financeira são um fracasso total, como reconheceu o próprio Mario Draghi (atual presidente do Banco Central Europeu) no seu discurso em Jackson Hole, o congresso onde se reúnem os principais banqueiros centrais do mundo. O preço que a zona euro está a pagar por estas políticas começou a minar inclusive a estabilidade dos países do norte transladando uma crise que, segundo Angela Merkel, era dos países do sul.

A Alemanha está a sofrer um sério retrocesso, a Itália voltou a entrar em recessão, e a França pode ser o país a voltar a entrar na senda recessiva, dado que a sua economia se encontra numa situação desastrosa. Ontem (25) o primeiro-ministro Manuel Valls renunciou assegurando que a França não poderá cumprir os objetivos do défice. O governo de François Hollande é um dos mais impopulares de todos os tempos e o avanço da extrema-direita de Marine Le Pen aterroriza os conservadores franceses.

Marine Le Pen quer que a França saia do euro, dado que culpa Bruxelas pelos problemas dos gauleses. Inveja-se a política monetária da Reserva Federal nos Estados Unidos, que permitiu baixar o desemprego de 10% para 6,2 por cento, ainda que Janet Yellen confesse que o resultado é medíocre dado que grande parte do emprego criado corresponde a trabalho precário e mal remunerado.

Ninguém parece tomar em consideração que a economia das bolhas financeiras desencadeadas nos anos 90 colapsaram e que agora todas estas bolhas estão a rebentar. O mundo da alta finança elaborado no período da euforia foi ao fundo e é isso que leva a economia mundial a uma estagnação de longo prazo. O Japão encontra-se na sua terceira década de crescimento zero ou negativo apesar das substanciais injeções de liquidez dos seus governos. A China começou a tornar-se instável e o seu crescimento está a desacelerar rapidamente, enquanto o governo deve confrontar-se com milhares de milhões de dólares de empréstimos fraudulentos. A Europa começa a sofrer o efeito boomerang da crise da Ucrânia e das sanções à Rússia, ainda que ainda não esteja clara a verdade sobre o derrube do MH17 e o tema tenha passado completamente ao esquecimento para os média europeus.

À beira do abismo

Enquanto os banqueiros centrais reunidos em Jackson Hole confirmam que as políticas monetárias fracassaram, podemos afirmar que a economia mundial nunca tinha estado em tão má situação, apesar das injeções de milhares de milhões de dólares no sistema financeiro. Isto é assim porque a política monetária não cria emprego nem crescimento económico: só riqueza para as elites financeiras que não deixam de apostar no grande casino da renda variável e que tem os mercados bolsistas numa enorme bolha.

Todos aqueles que pensavam que a política monetária era um instrumento de precisão como estigmatizou durante 17 anos Alan Greenspan, podem ver hoje a profundidade dos seus erros. Agora precisa-se de um novo paradigma de política monetária e está claro que os banqueiros centrais de hoje continuam apegados ao velho dogma, ainda que Janet Yellen e Mario Draghi comecem a ver a ineficácia destas políticas.

O descontrolo financeiro que em apenas duas décadas elevou os passivos a mais de mil biliões de dólares (700 biliões de dólares reconhecidos pelo Banco de Pagamentos Internacionais no ano 2011, isto é mais de dez vezes o produto bruto global) é o que leva a economia mundial ao delírio. A lição de humildade que deram Yellen e Draghi sobre a ineficácia das políticas monetárias é só um primeiro passo. Falta reconhecer que a política monetária não só foi cúmplice do inchaço das bolhas, mas também dos enormes desequilíbrios globais que levam a economia ao estado de coma.

Tradução Carlos Santos


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