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180414 vendido.redimensionadoEstados Unidos - Vermelho - [Moara Crivelente] Uma nova análise divulgada por pesquisadores da Universidade de Princeton e da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, comparou a influência do público em 1.779 questões de formulação de políticas, entre 1981 e 2002, e concluiu, com base em dados, o que já se verifica empiricamente: a influência do dinheiro na política afogou as vozes dos eleitores no país.


Frequentemente, no período analisado, os interesses das classes altas venceram as demandas da população geral.

No momento em que, no Brasil, as forças progressistas batalham pela aprovação de leis como a que proíbe o financiamento privado de campanhas eleitorais, o estudo das duas universidades norte-americanas, focado apenas na situação dos Estados Unidos – considerado um "modelo de democracia" por setores da direita brasileira – ressalta que, por exemplo, quando 80% da população pedia algum tipo de mudança, só conseguiram ter suas reivindicações atendidas em 43% dos casos.

A análise coloca em questão, justamente, o peso do lobby corporativo sobre as decisões políticas e a falta de uma reforma no financiamento das campanhas, o que resulta em privilégios verificáveis garantidos às classes econômicas dominantes. De acordo com os autores do estudo, fica ressaltado o poder dos grupos de interesse e de indivíduos que respaldam interesses específicos na política estadunidense e a marginalização de eleitores e grupos públicos.

"Eu esperava concluir que os cidadãos estadunidenses comuns têm um grau modesto de influência sobre as políticas de governo e que grupos de interesse de massa servem para promover estes interesses," disse Martin Gilens, um cientista político da Universidade de Princeton e coautor do estudo, em declarações à filial norte-americana da emissora árabe Al-Jazeera.

"O que concluímos, entretanto, foi que os estadunidenses comuns têm virtualmente nenhuma influência sobre as políticas do governo e que os grupos de interesse de massas, como um todo, não estão, necessariamente, ao lado dos interesses do cidadão comum." Outro coautor do estudo, Ben Page, é citado pela emissora descrevendo uma oligarquia como o "governo de um pequeno número de pessoas ricas", referência à definição do cientista político Jeffrey Winter.

"Nossas conclusões são consistentes com a [indicação] de que os Estados Unidos é uma oligarquia, mas ainda não prova isso," diz Page, ressaltando: "a oligarquia está se intensificando à medida que aumenta a desigualdade econômica e que o Congresso e a Corte Suprema desmantelam regulamentações."

O estudo, que deve ser publicado em poucos meses, demonstra em números concretos a disparidade entre o poder da população e o de grupos de interesse especial. "Não acho que esta conclusão é surpreendente," disse Alexander Furnas, pesquisador da Fundação Sunlight, em Washington, citado pela Al-Jazeera. "O que é realmente fantástico sobre isso é, entretanto, que o estudo fornece apoio empírico sistemático às teorias sobre a influência política," antes apoiadas em exemplos gerais.

Fazendo referência à grande recessão experimentada a partir do final da década de 2000, quando os grupos de pressão das corporações e do setor financeiro são beneficiados em detrimento das políticas sociais de apoio à população, que arca com as "medidas de arrocho", Gilens pontua a impunidade das instituições financeiras e a negligência do governo neste aspecto.

Expressão disso são, continua o pesquisador, as reformas regulatórias insuficientes e um processo de recuperação econômica extremamente desigual, "na qual corporações e estadunidenses influentes têm se saído bem, enquanto a classe média e os norte-americanos empobrecidos ainda estão sofrendo."

"Tudo isso mostra até onde o governo inclina-se na direção dos interesses dos ricos e poderosos," enfatiza Gilens. Entretanto, "às vezes, a população vence por acidente, quando seus interesses coincidem com os interesses das elites, como no caso dos benefícios do Medicare [programa de saúde] imposto no governo Bush. Aquela medida encontrou apoio na indústria farmacêutica, que se beneficiou da lei."

Para os pesquisadores Gilens e Page, uma solução para o sobrepeso dos grupos de pressão das elites seria a reforma do financiamento de campanhas que, provavelmente, será dificultada por uma decisão recente da Corte Suprema, que determinou que as vastas somas de dinheiro nas campanhas equivalem à liberdade de expressão.

"Uma reforma do financiamento de campanhas significativa seria o passo mais importante para tornar o governo mais representativo das necessidades e preferências dos cidadãos comuns," disse Gilens. Page, por sua vez, completa com a necessidade de transparência completa sobre o dinheiro na política e, "mais importante: reduzir a desigualdade de riquezas para de reduzir a desigualdade de poder," enquanto Alexander Furnas também ressalta a participação insistente, com a exigência dos eleitores aos seus eleitos.

Com informações da Al-Jazeera


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