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nigeria pcoNigéria - PCO - Somente entre 2009 e 2011 foram desviados US$ 6,8 bilhões com o subsídio aos combustíveis. Os especuladores aumentam a espoliação dos recursos através dos mecanismos financeiros, além das atividades depredatórias.


De acordo com um relatório apresentado recentemente no parlamento nigeriano, o governo perdeu em torno de US$ 6,8 bilhões devido somente à corrupção e mal gerenciamento dos recursos do subsídio aos combustíveis entre 2009 e 2011.

O relatório foi o resultado dos trabalhos da comissão que começou seus trabalhos no mês de janeiro com o objetivo de conter as enormes manifestações que tomaram conta do País, contra a eliminação dos subsídios aos combustíveis que fez os seus preços dobrarem. O governo tenta usar o relatório como justificava para manter a eliminação do subsídio aos combustíveis, devido à imposição do imperialismo de direcionar mais recursos ao repasse para os especuladores financeiros, com a justificativa de que dificultariam os investimentos no setor do petróleo, mas o relatório deixa claro que o nível de corrupção, patrocinado pelas multinacionais petrolíferas, alcança níveis assustadores.

Entre as várias constatações documentadas no relatório, os pagamentos de subsídios contemplavam petróleo que nunca existiu ou que não foi consumido na Nigéria. Cita-se o caso de que, em 2009, foram feitos 128 pagamentos de subsídios em apenas 24 horas, por 999 milhões de nairas (a moeda local) ou US$ 6,35 milhões, sendo que na época somente existiam 36 empresas que estavam autorizadas a importar derivados do petróleo. Em 2011, os subsídios aos combustíveis teriam custado 2,6 trilhões de nairas, ou US$ 6,8 bilhões, aos cofres públicos, mais do dobro do que o governo reportou e mais de 10 vezes os custos de 2006. Nesse período de cinco anos, o número de empresas importadoras de combustíveis disparou de cinco para 140.

As crescentes exportações de combustíveis explicam-se pelo sucateamento das refinarias do País e a entrega da exploração e produção para as multinacionais imperialistas, principalmente a anglo-holandesa Shell. As concessões de licenças de importação dependem das liberações do NNPC (Nigerian National Petroleum Comissionou Comissão Nacional do Petróleo da Nigéria) que é controlado por essas mesmas multinacionais.

A depredação da Nigéria pelas multinacionais petrolíferas

A Nigéria é o principal produtor de petróleo da África. O óleo é de alta qualidade, com baixo teor de enxofre, o que reduz os custos de refino e é extremamente crítico no contexto de aprofundamento da crise capitalista mundial, e a corrida desesperada dos especuladores financeiros para salvarem os seus lucros a qualquer custo. O centro fundamental da produção encontra-se localizado no Delta do Rio Níger onde as reservas somam quase 40 bilhões de barris e a produção diária alcança 2,4 milhões de barris. Junto com a produção de 40 bilhões de metros cúbicos de gás, a região é responsável por 70% do PIB nacional, mais de 90% das receitas provenientes das exportações e 65% do orçamento do governo.

Apesar das suas enormes riquezas, o Delta do Rio Níger é uma das regiões mais pobres do País e da África. As multinacionais imperialistas controlam a ferro e fogo a região para continuar roubando os recursos naturais da Nigéria e conter os grupos guerrilheiros que atuam contra o entreguismo do governo. A Shell montou um verdadeiro exército mercenário para controlar a região. De acordo com documentos revelados pelo Wikileaks, em conversações entre uma alta executiva da multinacional e o embaixador norte-americano em Lagos, a capital do País, a Shell possui agentes infiltrados nos principais ministérios nigerianos. Tem sido divulgado pela imprensa burguesa que a Shell, responsável pela produção diária (oficial) de um milhão de barris, desvia grandes volumes da produção que são comercializados em alto mar para evadir impostos e para evitar o pagamento de royalties, atividades que são ocultadas mediante a corrupção das autoridades públicas.

O Delta do Rio Níger tem se transformado numa das regiões mais poluídas do mundo devido às atividades depredadoras, focadas na obtenção dos maiores lucros a qualquer custo, pelas multinacionais petrolíferas – além da Shell, atuam as norte-americanas Chevron Texaco e a ExxonMobil, e as francesas Total e a Agip.

Dos pouco mais de 300 mil barris diários destinados ao consumo interno, são importados em torno de 40% devido ao sucateamento do setor de refino promovido pelas multinacionais como uma forma de aumentar ainda mais os seus lucros.

A pobreza na Nigéria alcança níveis alarmantes, pois as políticas públicas têm sido orientadas a facilitar a exploração e produção de petróleo deixando de lado a produção de alimentos, que agora têm que ser importados e que, devido à especulação nos mercados futuros de commodities, está provocando o aumento da inflação e a queda do poder aquisitivo dos trabalhadores.

Com o aprofundamento da crise capitalista, as potências imperialistas têm intensificado os seus esforços para promover o saque dos recursos da Nigéria de maneira mais direta e facilitada, eliminando qualquer ajuda ao povo trabalhador, mesmo que os subsídios também sejam uma maneira de repassar recursos ao especuladores. A intensificação da especulação com a dívida pública começou a ficar intensa a partir de 2006, coincidindo com o esgotamento da especulação imobiliária nos países centrais, quando o governo foi obrigado a repassar US$ 20 bilhões aos especuladores financeiros, agrupados nos chamados clubes de Paris e Londres, sob a propaganda demagógica de acabar com a dívida externa. Longe de ter acabado, a dívida pública, externa e interna, continua batendo recordes históricos e representa o principal mecanismo de espoliação das massas trabalhadoras, que, em mais de 40%, vivem com menos de US$ 1 por dia. A especulação financeira na Bolsa de Valores de Lagos, principalmente em cima das atividades petrolíferas, é outro dos mecanismos especulativos que têm aumentado o saque do País devido à inundação do mercado mundial com papel moeda sem lastro produtivo pelas potências imperialistas que em operações especulativas a curto prazo levam parte importante das divisas obtidas através das migalhas que são entregues pelas multinacionais após exportarem o petróleo nigeriano através dos mercados especulativos que são a base para a estruturação dos derivativos financeiros em cima dos chamados petrodólares.


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