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080711_ppsoeEstado espanhol - Revista Fórum - O cassino está aberto e os proventos, para dizer a verdade, são bastante tentadores. William Hill, a maior casa de apostas de Londres, vaticina que o próximo país a pedir auxílio será a Espanha. Paga 1,1 euros por cada euro apostado.


Rendida a Grécia, e submetida aos draconianos planos de ajustes e cortes que a troika UE/BCE/FMI impõe, o apetite dos mercados começa a procurar a próxima vítima. Portugal e a Itália são os favoritos para os detentores de títulos de dívida pública, dado que os seus crescentes déficits começaram a provocar inquietação por serem maiores do que os seus governos prometeram. Isto, aos olhos do BCE, não é mais do que a demonstração clara e palpável da incapacidade e inépcia das autoridades para gerir as contas.

O erro de estigmatizar a dívida como "o grande problema"

Como assinalei há um ano, o problema não é a dívida mas o desemprego, o erro foi estigmatizar a dívida como o grande problema da economia, não tendo em conta que um problema de dívida não só pode eliminar-se controlando a despesa, mas também elevando o consumo, aumentando os investimentos e o recolhimento de impostos, entre outras coisas. Aplicando os cortes orçamentais como único remédio numa economia famélica, esta debilita-se ainda mais criando uma autêntica bomba de relógio.

Um exemplo de que nas economias débeis o endividamento aumenta sempre é dado pela dos Estados Unidos. Na primeira economia do mundo, as dívidas hipotecárias e de cartões de crédito são agora maiores do que há cinco anos. Hoje, os consumidores têm uma dívida 37% maior do que há dez anos, e muito próxima do máximo de 2,6 bilhões de dólares registados em setembro de 2008. O nível atual da dívida de consumo está em 2,4 bilhões de dólares, como indica Tom Lauricella em The Wall Street Journal.

A dívida hipotecária nos Estados Unidos chega aos 9,9 bilhões de dólares e 23% desta dívida supera o valor das habitações que a originaram. De acordo com Robert Shiller, o preço das habitações pode ainda cair mais 25%. Tal como na Espanha, onde o milhão de propriedades à venda ameaça afundar os preços em 30%. Isto é o que pressiona a liquidez bancária e aumenta as tensões de insolvência que fazem as bolsas viverem jornadas em vermelho, como as das últimas seis semanas. Nouriel Roubini advertiu ontem que a "Espanha corre um risco significativo de perder o acesso ao mercado de capitais".

Estados Unidos, o principal da lista

O FMI assinalou que os Estados Unidos devem aumentar o teto da sua dívida dos atuais 14,3 trilhões de dólares, dado que está à beira da insolvência massiva. Com os incumprimentos das dívidas soberanas na ordem do dia, planos draconianos de ajuste e precariedade financeira global, podemos ver o que está para vir no segundo semestre.

Este tipo de informações eram inimagináveis há três ano. Que agora seja o próprio FMI a dizer que os Estados Unidos estão à beira da insolvência, encerra uma grave contradição do sistema: o FMI nunca auditou as contas do Banco Central dos Estados Unidos, mas fê-lo com as contas dos países do Terceiro Mundo e está fazendo agora com a Grécia. Tem sentido auditar países pequenos, cujo impacto e dano em caso de bancarrota é reduzido e não auditar os países grandes, onde se realizam as grandes fraudes financeiras?

Por isso não deve surpreender que, perante as versões interessadas que circulam segundo as quais a crise da dívida soberana que se desenrola atualmente na Europa é a maior ameaça para os mercados financeiros globais, os economistas do Banco da China assinalem que o autêntico problema "é o da dívida soberana dos Estados Unidos, dado que é muito mais perigosa que a crise da dívida europeia, ao estar ligada a todo o mundo" e como "a crise da dívida soberana dos Estados Unidos continuará a intensificar-se nos próximos anos, continuará a criar altos níveis de risco".

Isto demonstra que as teses defendidas por Josef Ackerman, CEO do Deutsche Bank e membro do Comité Diretivo do Grupo de Bilderberg, empregadas para impulsionar o resgate grego, ao afirmar que, "se a crise na Grécia se estende ao resto da zona euro, isto poderia constituir um desastre muito maior que a queda do Lehman Brothers", eram falsas. Os maiores riscos correm agora por conta dos Estados Unidos e o resgate à Grécia em nada ajudou o governo grego dado que os interesses de Ackerman só defendiam a grande banca alemã. Sabe-se que as medidas de austeridade que serão impostas à Grécia não garantirão nenhum horizonte promissor e, depressa, a veremos novamente em dificuldades como antecipa The Wall Street Journal, que estima para setembro os próximos "resgates" à Grécia. Isto demonstra que, longe de ajudar os gregos, o plano de "resgate" da troika UE/BCE/FMI afunda mais a Grécia dado que ao proteger o sistema financeiro se destrói a qualidade de vida das pessoas.

Artigo publicado em El Blog Salmón, traduzido por Carlos Santos para Esquerda.net.


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