Com um voto contrário, 153 senadores deram curso à petição do presidente russo, Vladimir Putin, para deixar sem efeito a resolução adotada em 1 de março passado, com a qual referendava suas prerrogativas como comandante em chefe das Forças Armadas a empregar as tropas fora da Federação.
A decisão do Senado, última instância parlamentar, antes da assinatura do presidente, entra em vigor a partir de hoje, segundo declarou a titular do Conselho da Federação, Valentina Matvienko.
O porta-voz do Kremlin Dmitri Peskov tornou pública ontem uma carta de Putin a Matvienko, na qual solicitava ao Senado a revogação da citada disposição extraordinária, associada às possibilidades de abertura de um processo negociador na Ucrânia.
Peskov se referiu ao encontro extra-oficial celebrado na segunda-feira última em Donetsk entre representantes do governo ucraniano e das regiões do sudeste desse país, focado em possíveis negociações para cessar o conflito. No encerramento da votação nesta quarta-feira no Senado, o senador Andrei Klishas esclareceu que a Rússia não modificou sua visão sobre os acontecimentos na Ucrânia.
A avaliação é a mesma e parte de que ali ocorreu um golpe de Estado anticonstitucional, a principal causa da atual crise, pontuou Klishas.
Para o vice-titular do Conselho da Federação Ilyas Umajanov, com a decisão de 1 de março Rússia ratificou seu status de grande potência, que "define de maneira independente sua política exterior de acordo com seus interesses nacionais".
Essa disposição, sublinhou o senador, cumpriu em seu momento um papel histórico em razão de seu significado político e militar, informou a agência ITAR-TASS.
De maneira geral, na comunidade parlamentar predomina o critério de que, considerando às complexidades da situação, na Ucrânia se abre uma luz ao processo político.
A decisão de Putin de apelar a essa competência contemplada na Constituição emanou das petições formuladas por ambas as câmaras do Parlamento, em virtude da violência desencadeada pelos agrupamentos fascistas contra a população russa do sudeste ucraniano, depois do golpe de Estado em Kiev, em fevereiro passado.
Em qualquer caso, o presidente russo expressou a esperança em que a crise ucraniana possa ser solucionada por meios políticos e diplomáticos.