A reunião de famílias separadas é um programa que ambos os governos classificam de "humanitário", e costuma ser enquadrada na tentativa de reaproximação entre os dois países da Coreia dividida.

Há meses, o governo da Coreia Popular, ao norte, tem pedido uma mudança de postura das autoridades sul-coreanas, aliadas dos Estados Unidos e engajadas nas retóricas imperialistas do seu parceiro sobre a "ameaça" para justificar exercícios de guerra. Por sua vez, os treinos são uma provocação contra o vizinho, colocam ainda mais em risco a estabilidade da Península Coreana e ignoram os chamados à diplomacia.

Mesmo com a ênfase da Coreia Popular sobre estas questões, lembrando o papel direto e histórico dos Estados Unidos no afastamento e nas tensões entre os dois lados, a Coreia do Sul anunciou que os exercícios ocorrerão, como planejado, a partir de 24 de fevereiro.

Durante uma reunião de alto nível entre as autoridades coreanas na fronteira, na quarta-feira (12), a Coreia Popular insistiu que, se a Coreia do Sul não vai suspender as simulações de guerra, deveria ao menos adiá-las para ocorrerem após a reunião entre as famílias, programada para ocorrer entre os dias 20 e 25 de fevereiro.

Entretanto, durante uma segunda reunião, nesta sexta, as autoridades norte-coreanas retiraram a sua demanda e concordaram em realizar o encontro entre as famílias conforme o planejado, de acordo com um delegado sul-coreano, Kim Kyu-hyun. Segundo o jornal estadunidense The New York Times, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, teria recusado a demanda norte-coreana.

As autoridades de ambos os países consideram o programa de reunião entre as famílias separadas como uma forma de construção da confiança para dar andamento a um processo diplomático.

O encontro entre as autoridades nesta semana, na fronteira, marcou o diálogo de mais alto nível entre as duas Coreias em sete anos e cumprem uma proposta da Coreia Popular, que emitiu uma série de declarações instando a vizinha à diplomacia e à melhora das relações bilaterais.