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afeganistãoAfeganistão - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] As conversações de paz entre o governo de Kabul e o Talibã parecem ter estancado. Delas participavam também os governos da China e do Paquistão, e estavam previstas de se estender por dois meses.


Afeganistão: destruído por conflitos, país pode se tornar uma nova Líbia. Foto: Balazs Gardi (CC BY-NC-ND 2.0)

O anúncio oficial da morte do Mullah Omar, o líder do Talibã, pelos serviços de segurança afegãos, acirrou os rachas internos. As ações das várias facções do Talibã têm ficado fora do controle da direção central.

O Talibã é composto por vários grupos e tribos, muitos deles com pouca comunicação entre si por causa da geografia muito montanhosa e ao atraso do país.

O racha principal no momento acontece entre os apoiadores do Mullah Akhtar Mansoor, o braço direito do Mullah Omar, e os parentes e grupos ligados diretamente ao Mullah Omar.

O Mullah Mansoor é um dos dirigentes mais próximos ao ISI, a agência de espionagem do Paquistão.

Em Doha (Catar), o chefe da representação do Talibã que participava das negociações de paz, Syed Mohammad Tayyab Agha, após o Mullah Mansoor ter anunciado que iria convocar uma Shura (conselho) para tomar a decisão sobre o sucessor.

Nos dias 7 e 10 de agosto aconteceram poderosos atentados a bomba em Cabul, a capital do país.

O Afeganistão se encontra numa situação em que pode evoluir para uma nova Líbia, com a proliferação de grupos locais que exercem o poder com autonomia, a mesma situação que aconteceu após a retirada dos soviéticos na década de 1980.

Uma escalada dos ataques do Talibã poderia enfraquecer muito a posição do governo nas negociações.

O Estado Islâmico ainda é muito pequeno no Afeganistão e não consegue aparecer como uma ameaça para o Talibã. Mas o próprio Talibã afegão mantém estreitas relações com o Talibã paquistanês e com alguns grupos da al-Qaeda que atuam no Paquistão, na Índia e na China. O Novo Caminho da Seda chinês pode ficar ameaçado por meio das ações desse grupos. Na região ocidental da China, existe a minoria Uighurm. E foram investidos centenas de bilhões no Paquistão e na Ásia Central.

A vez das potências regionais (China, Paquistão e Índia)?

A posição do governo afegão tem se enfraquecido conforme as tropas norte-americanas têm se retirado do país e o Talibã continua avançando. Além de manter uma certa unidade política, que impeça o colapso, deverá, inevitavelmente, procurar uma saída negociada com o Talibã, enquanto o controle da situação fica, a cada dia, mais precário.

As contradições entre os governos do Paquistão, cujo serviço de inteligência suporta o Talibã afegão, e o Afeganistão tendem a desescalar por causa da crescente fraqueza do governo de Cabul. Sem o Paquistão para o governo de Cabul não somente seria impossível se manter no poder, mas até se manter na mesa de negociações. A certa gritaria sobre a vista grossa para as atividades do Talibã no território do Paquistão e a tentativa de impor o Mullah Mansoor como líder, tem como objetivo principal o consumo interno.

As potências regionais, como o Paquistão, a Índia e a China, tentam aproveitar o enfraquecimento do imperialismo e aumentar a influência sobre o país que é a porta para as repúblicas da Ásia Central, muito ricas em petróleo e, principalmente, gás. O Afeganistão também é rico em minerais. A invasão do país em 2002, durante o governo de George Bush Jr, tinha como objetivo converter o país num nó (“hub”) de distribuição do gás da Ásia Central. O projeto colapsou por causa da guerra civil.

Com a crise aberta pelo anúncio da morte do Mullah Omar, os chineses ficaram sem interlocutores. As relações com o governo afegão com quem mantêm poucas relações, além de representar um governo de crise, não devem ficar no foco da política dos chineses. Nas eleições de 2014, os dois principais candidatos à presidência do Afeganistão, Ashraf Ghani e Abdullah Abdullah, chegaram a uma espécie de empate técnico. Hoje dividem o governo, mas com relações contraditórias. O mais provável é que os chineses tentem atuar por meio do Paquistão, com quem mantêm fortes laços.

No Afeganistão, assim como acontece em escala mundial, avança a desestabilização política conforme a crise capitalista se aprofunda. A direção é a dos centros, os países desenvolvidos.

Um novo colapso capitalista deverá acontecer no próximo período. Além da “libianização” do Afeganistão, também veremos a “afeganistanização” de vários países europeus, e também de outros nos quatros cantos do planeta.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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