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neoliberPCO - No começo dos anos 80 do século passado, diante da crise do capitalismo, a burguesia imperialista conseguiu encontrar uma "saída" para evitar o colapso do sistema econômico: o neoliberalismo. Depois de destruir forças produtivas em duas guerras mundiais, o modo inventado para prolongar a agonia de um modo de produção caduco e em contínua decadência foi atacar a classe operária e dar os bens do Estado aos capitalistas. Foi o jeito de o lucro continuar sendo possível.


Com um precedente na ditadura militar chilena, colocada no poder em 1973, que já tinha demonstrado o fracasso dessa política, o neoliberalismo começou a ser implantado nos países avançados. As derrotas da greve dos controladores de voo pela administração de Ronald Reagan, nos Estados Unidos, e da greve dos mineiros, pelo governo de Margareth Thatcher na Grã Bretanha, abriram caminho para a implementação do neoliberalismo em escala mundial.

Na base, esteve a entrada no mercado mundial de centenas de milhões de operários asiáticos, principalmente chineses, que ganhavam salários mensais de US$ 30, o que foi o pilar para o controle da inflação, o desemprego e para entregar as empresas públicas para os capitalistas.

Na América Latina, o Brasil foi uns dos últimos países a ingressar na implantação de políticas neoliberais em larga escala, durante os governos FHC, a partir de 1995, com uma série de derrotas da classe operária, brutalmente reprimida, e a privatização de uma série de empresas estatais.

Mas enquanto o neoliberalismo começava no Brasil, na Venezuela já tinha acontecido o Caracaço, que abriu caminho para os governos nacionalistas, com a vitória eleitoral de Hugo Chávez em 1998. Era a primeira derrota do neoliberalismo na região, diante da resistência das massas.

A Guerra do Gás na Bolívia

Foi a resistência das massas que deteve o neoliberalismo no começo do século XXI. Em 2003, na Bolívia, aconteceu a Guerra do Gás. O País era governado por Gonzalo Sánchez de Lozada, apelidado de "El Gringo", por causa de seu espanhol falado com sotaque norte-americano.

Lozada queria levar adiante um plano do governo anterior, de vender o gás descoberto no departamento de Tarija (na segunda maior jazida mineral da América do Sul) na década de 90 a preço de banana para o México e, principalmente, para os EUA. Enquanto isso, grande parte da própria população não tinha ainda acesso a gás, e cozinhava com lenha.

A Pacific LNG, la British Petroleum e a Repsol YPFA já planejavam a venda do gás boliviano com ganho de US$ 1 bilhão anuais, dos quais a Bolívia ficariam com apenas 18%, US$ 180 milhões. A situação levou a uma revolta popular. Lozada ordenou uma brutal repressão contra a população, mobilizando o exército. O povo exigia a nacionalização do gás e, em outubro de 2003, de armas na mão, entrou em confronto com a repressão do exército boliviano, principalmente na cidade de El Alto.

O confronto ficou insustentável para o governo, e Lozada, El Gringo, fugiu para os EUA. Dois anos depois, Evo Morales, um dos líderes da revolta, seria o primeiro ameríndio eleito presidente em um País com 55% de ameríndios, 30% de mestiços (entre brancos e índios) e apenas 15% de brancos. Também seria o primeiro presidente eleito com a maioria dos votos, 54%, o que o dispensava de fazer alianças para governar. Por causa da resistência popular à política neoliberal do imperialismo, o nacionalismo burguês acabou chegando ao poder.

O fiasco norte-americano no Iraque e no Afeganistão

Outra iniciativa do imperialismo para impor o neoliberalismo mundialmente foram as guerras que o presidente George Bush começou no Oriente Médio. Primeiro no Afeganistão, em 2001, e depois no Iraque, em 2003. O plano original era invadir uma série de países na região, que Bush passou a chamar de "Grande Oriente Médio" (que incluía países do norte e da costa leste da África).

De certa forma, o plano continuou, na medida do possível, com a tentativa de derrubar o regime de Al Assad na Síria, com o golpe no Egito e com a derrubada de Khadafi na Líbia. Mas a ideia de ocupar mais países, e de ocupar o próprio Irã, teve que ser abandonada. As populações do Iraque e do Afeganistão opuseram uma dura resistência à ocupação norte-americana em seu território. O exército invasor jamais conseguiu controlar totalmente a situação.

Em 2007, diante da iminente derrota militar, que obrigaria a uma retirada humilhante, o imperialismo norte-americano entrou em acordo com as milícias xiitas e com o Irã (de maioria xiita). Os guerrilheiros xiitas foram incorporados ao Estado iraquiano, e, com ajuda do Irã, foi conseguida uma certa estabilidade no território ocupado. Por esse motivo, agora, na base dos bombardeios do Estado Islâmico, foram retomados os acordos com o Irã, o maior inimigo do imperialismo norte-americano na região desde a revolução de 1979, porque o Irã acabou se tornando o País mais estável da região, tal o grau de crise dos mecanismos de dominação.

As invasões norte-americanas no Oriente Médio para roubar petróleo e ajudar a continuar a política neoliberal foram um completo fiasco.

Uma nova ofensiva neoliberal

Depois do aprofundamento da crise capitalista em 2008, aumentaram as contradições entre os governos nacionalistas burgueses e o imperialismo. Colocou-se para o imperialismo a necessidade de impor uma nova onda neoliberal em todo mundo.

Os governos nacionalistas burgueses são um obstáculo para isso, pois representam burguesias nacionais e, ao mesmo tempo, são mais fracos diante da classe trabalhadora em seus países.

Nos últimos anos, o imperialismo norte-americano já participou de e impulsionou a derrubada de uma série de governos nacionalistas burgueses, além de algumas tentativas fracassadas. Como no golpe contra Zelaya em Honduras e Lugo no Paraguai.

Na Líbia, o imperialismo aproveitou uma revolta popular para atacar Khadafi e derrubá-lo. No Egito, impulsionou os protestos contra o governo da Irmandade Muçulmana que levou os militares a derrubarem Morsi, militares fartamente financiados pelos EUA durante décadas. Na Ucrânia, utilizou os fascistas, que também financiava a décadas, para precipitar a derrubada de Yanukovich. Na Tailândia, usou os militares para derrubar Yingluck Shinawatra. Na Venezuela, a oposição, que já recebeu quase US$ 100 milhões dos EUA desde que Chávez venceu as eleições, tenta derrubar o governo há mais de dez anos.


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