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abuPalestina - Middle East Monitor - [Asa Winstanley, Tradução do Diário Liberdade] Segundo a persistente propaganda israelense, Israel é a "única democracia do Oriente Médio". 


Os líderes políticos ocidentais, sobretudo os dos EUA e Reino Unido, também fazem de vez em quando esse tipo de declaração como parte de sua justificativa para ter relações com Israel. Fazem essas afirmações enquanto que, ao mesmo tempo, apoiam ou criam diretamente regimes brutais de ocupação e tirania por todo o mundo (como o criado no Iraque pelos EUA e Reino Unido, ou a teocrática tirania saudita).

Como ativistas e críticos, temos apontado há muito tempo que Israel é uma etnocracia, ou seja, um estado dominado por um grupo étnico particular que é definido, na lei e na prática israelenses, como o "povo judeu".

Na realidade, como argumentou de forma convincente o historiador israelense Shlomo Sand em seu livro A Invenção do Povo Judeu, não existe tal coisa como um "povo judeu" homogêneo e unificado. Ao contrário, existem muitas diferentes culturas e identidades judaicas, que vão desde as asquenazes da Europa Oriental às do Iraque, Iêmen e Etiópia. Como demonstra Sand, não existe uma cultura secular unificada que mantenha unidos esses povos diferentes.

O estado de Israel discrimina oficialmente a população nativa da Palestina histórica, que em uma manhã de 1948 acordou para descobrir que, de repente, são definidos como "árabes israelenses" por um estado que, no melhor dos casos, os vê com suspeita. O segundo livro do meu colega Ben White, Palestinians in Israel: Segregation, Discrimination and Democracy, é a melhor introdução a este tema.

Como ele destaca, as leis do estado de Israel estão concebidas para garantir que qualquer judeu de qualquer parte do mundo (independentemente de que tenham ou não alguma relação ancestral de fato com a terra da Palestina histórica, agora ocupada por Israel) pode "retornar" a Israel, enquanto que os refugiados palestinos, que têm sido incessantemente expulsos de seus lares por israel desde 1948, não podem retornar a seus lares, nos quais eles ou seus avós nasceram.

Quem seguir a atualidade da Palestina e se informar das práticas israelenses cotidianas no território, verá que Israel não é uma democracia em nenhum sentido significativo do termo.

O estado de Israel impôs, desde o princípio, a mais cruel e brutal forma de governo militar sobre pelo menos uma parte importante da população nativa.

De 1948 até 1966, os cidadãos palestinos de Israel estiveram submetidos a um regime militar, sob o qual careciam de liberdade de movimentos e viveram sujeitos a um regime asfixiante de permissões. Em 1967, Israel invadiu e ocupou ilegalmente a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e a parte sudoeste da Síria conhecida como as Colinas de Golã. Os palestinos dos territórios recém ocupados foram submetidos a um regime militar brutal que, ainda que suas formas tenham mudado desde os acordos de Oslo, se mantém até hoje.

Apesar de legiões de jornalistas ocidentais se instalarem temporariamente em Jerusalém e, em certas ocasiões, em Ramallah, quase todas as suas informações sobre a Palestina ignoram o fato de que o controle israelense da Cisjordânia não é totalmente democrático ou liberal. É um regime de esquadrões da morte e de colonos terroristas, que tortura e viola os direitos humanos mais fundamentais segundo critérios puramente étnicos e sectários.

Os colonos judeus da Cisjordânia são tratados como cidadãos israelenses e estão submetidos ao direito civil israelense (em teoria, pois na realidade gozam de absoluta impunidade para cometer crimes e abusos de todo o tipo contra os civis palestinos). Os palestinos que vivem no mesmo território, onde eles e seus antepassados viveram desde tempos imemoriais, são julgados por tribunais militares segundo leis especiais (um sistema de julgamentos-farsa em que os oficiais militares estampam suas assinaturas nas decisões de seus colegas). Esses "tribunais" emitem condenações em 99,7% dos casos, uma cifra que faria inclusive o mais brutal dos ditadores da região se envergonhar.

A natureza fundamentalmente antidemocrática de Israel mostrou-se, mais uma vez, esta semana durante uma audiência contra Abdullah Abu Rahme [foto], um conhecido ativista palestino do povoado de Bil'in.

Este povoado agrícola está lutando há uma década contra o Muro do Apartheid e o roubo de suas terras por parte do governo de Israel, que as destina à construção de assentamentos nos quais só os judeus podem viver.

Abu Rahme tem sido um dos principais líderes desta longa e não-violenta luta. Em resposta, os israelenses hostilizaram a ele e a sua família, assim como a todo o povo. As crianças foram sequestradas de suas camas durante a noite por valentões do exército israelense.

Os israelenses já haviam prendido anteriormente Abu Rahme, utilizando o patético pretexto de que em sua casa havia sido encontrada uma instalação artística realizada com uma coleção de granadas de gás lacrimogênio utilizadas pelas forças de ocupação israelenses e que tal instalação artística era, na realidade, uma "arma".

Agora, o exército israelense está tratando de condená-lo novamente. Nesta ocasião, o argumento é de que ele é culpado por "crimes ideológicos", segundo informou o site israelense 972. Não é de se estranhar em uma situação em que todo protesto palestino é ilegalizado por meio de decretos militares das forças de ocupação.

O regime torturador israelense na Cisjordânia deve terminar já!

Asa Winstanley é editor-adjunto do The Eletronic Intifada e jornalista investigativo. Vive em Londres.

Traduzido do inglês por Javier Villate para o Disenso e do espanhol pelo Diário Liberdade.


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