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290714 iraquePCO - A desestabilização da Síria transbordou para o Iraque, o Líbano e a Jordânia. O sul da Síria e o norte do Iraque se encontram sob controle do EIIL (Estado Islâmico do Iraque e do Levante).


 O ascenso guerrilheiro sunita está fazendo parecer a onda anterior, xiita, impulsionada pela Revolução Iraniana de 1979, quase uma brincadeira de crianças.

O regime político iraquiano se encontra à beira do colapso, da mesma maneira que aconteceu em 2007, quando o imperialismo norte-americano fez um acordo com os aiatolás iranianos para evitar a iminente derrota militar. O EIIL luta pela formação de um califato envolvendo o norte do Iraque e uma boa parte da Síria, onde seria aplicada a lei da Sharia. Mas o ascenso sunita está direcionado contra o regime de conjunto. Contra a maioria xiita que governa Bagdá; contra a Lei Anti-terrorista; contra o JRTN (Jaysh Rijal al-Tariqa al-Naqshbandia), grupo Ba'athista liderado pelo antigo membro do governo de Saddam Husseim Izzat Ibrahim al-Douri; contra o esmagamento dos protestos pelo governo. Ao mesmo tempo, a desestabilização está levando à reaparição do Sahwa (Filhos do Iraque), o grupo guerrilheiro sustentado pelos norte-americanos para lutar contra a al-Qaeda no Iraque em 2007. As milícias xiitas lideradas por Muqtada al-Sadr, que colocaram em xeque o Exército norte-americano no mesmo ano, e que foram incorporadas ao governo de al-Maliki, estão se reorganizando, mas ao mesmo tempo têm rejeitado os "conselheiros militares" imperialistas que desembarcaram no Iraque.

A somalização da região avança a passos largos, em escala muito maior em relação à década passada.

A bancarrota da política imperialista no Oriente Médio

A política do imperialismo norte-americano para o Oriente Médio se encontra à beira do colapso. Os acordos da Administração Obama com os aiatolás, com o objetivo de estabilizar o Oriente Médio, não estão conseguindo conter a crise. A política da extrema direita do Tea Party, que apregoa uma saída de força, com a intervenção militar direta, inclusive considerando a guerra atômica contra o Irã, só pode conduzir a uma crise em muito maior escala. Os recentes golpes de estados pinochetistas no Egito e na Ucrânia, influenciados pelos setores de extrema direita que ganham força na política exterior norte-americana, foram tentativas desesperadas para conter o aprofundamento da crise, mas acabaram conduzindo a uma desestabilização ainda maior.

A frente única dos governos nacionalistas com o imperialismo

Os governos nacionalistas burgueses tentam conter a desestabilização nos próprios países fazendo frente única com o imperialismo. Além do regime dos aiatolás iranianos, o governo russo de Vladimir Putin ofereceu amplo apoio ao governo iraquiano de al-Maliki para combater os guerrilheiros do EIIL. Al-Maliki tem rejeitado formar um governo de coalisão nacional conforme a Administração Obama tem pressionado com o objetivo de rachar a base de apoio do EIIL.

Avança o califato do Iraque e do Levante

EIIL representa uma dissidência da direção da al-Qaeda por causa desta ter acabado contendo as ações por causa dos acordos com o imperialismo. Na Síria, o representante da al-Qaeda é o grupo Jabhat al-Nusra, que era uma aliado próximo do EIIL. Recentemente, al-Nusra anunciou que começará a atuar sob o comando do EIIL, que agora passou a controlar ambos lados da fronteira, Albu Kamal na Síria e Al-Qaim no Iraque. Nos últimos dias, EIIL e tribos sunitas aliadas cercaram e atacaram maciçamente o Campo Anaconda, no Iraque, que é uma base aérea chave dos norte-americanos, localizada perto da cidade de Yathrib, a 90 quilômetros de Bagdá. De acordo com alguns órgãos da imprensa imperialista é possível que parte do aeroporto já esteja controlado pelos guerrilheiros.

Algumas regiões da Jordânia já começaram a ser controlada pelo EIIL, como a cidade de Zarqa, onde nasceu o fundador do grupo, Zarqawi, que foi morto por um míssil norte-americano. Desta maneira, se alarga o califato do Iraque e o Levante, incluindo regiões onde estão localizadas refinarias importantes. Desta maneira, a base do acordo do Irã com a Administração Obama se enfraquece. O EIIL estabeleceu uma barreira entre o Irã e a Síria, ameaçando as rotas de apoio ao Hizbollah libanês.

O governo iraquiano conta com o apoio direito das milícias xiitas e do Irã. Muito dificilmente o EIIL conseguirá tomar o controle de Bagdá, a cidade de Sadr, base das milícias Modi de Muqtada al-Sadar. E menos ainda, as cidades consideradas sagradas pelos xiitas, como Najaf e Karbala.

O fortalecimento dos curdos iraquianos

O avanço do EIIL acabou expulsando o Exército iraquiano de Kirkut, que é uma rica região petrolífera. Os Curdos tomaram a cidade e a converteram na capital do Curdistão iraquiana. A devolução para o governo de Bagdá, independentemente do resultado da guerra civil será muito complicada, e só pode conduzir a uma maior desestabilização. Kirkut produz 670 mil barris de petróleo diários, dos quais são exportados para a Turquia por meio de um oleoduto. Por causa dos ataques, a produção caiu para quase 100 mil barris. Por esse motivo, o governo turco, de Erdogan, está acelerando o acordo de paz com a milícia curda do PKK (Partido dos Trabalhadores). Mas o desenvolvimento da situação política está colocando à ordem do dia, a questão do Grande Curdistão, que envolve regiões importantes do Iraque, Irã, Síria e Turquia.

A desestabilização continua se irradiando a passos largos para as regiões vizinhas. O grosso da produção dos 3,3 milhões de barris diários de petróleo acontece no sul do país, em Basra que é uma região controlada pelos xiitas. Mas as principais refinarias estão localizadas no norte do país. O Iraque já passou a ser obrigado a importar mais de 300 mil barris de combustíveis por dia.

A tendência da desestabilização promovida pelos movimentos guerrilheiros já avançou para as regiões vizinhas, como o Iêmen, o norte da África e o Sahel, região localizada ao sul do Deserto de Saara. A extensão natural é a Ásia Central e o norte do Cáucaso.


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