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imagesUcrânia - Global Research - [Peter Schwarz, tradução de Carlos Serrano Ferreira] A atual onda de protestos na Ucrânia leva o rótulo "Made in Germany", "Made in UE" e "Made in America". 


A mídia ocidental tem feito grandes esforços para retratar as manifestações em Kiev como uma luta pela democracia e pelo Estado de Direito. Na verdade, elas fazem parte de um conflito sobre questões geoestratégicas. O objetivo é repelir a influência russa e submeter a Ucrânia à dominação da Alemanha, da União Europeia e da OTAN [N.T.: Em Portugal, NATO].

Há nove anos, a Revolução Laranja foi organizada com o maciço apoio político e financeiro do governo dos EUA e de ONGs americanas, como o Open Society Institute do bilionário George Soros. Estas forças foram capazes de anular a eleição presidencial e garantir que o políticos pró-UE e pró-EUA, Viktor Yushchenko e Julia Tymoshenko assumissem os cargos de chefe de Estado e chefe de governo no lugar de Viktor Yanukovich, que foi considerado um político no bolso da Rússia. A dupla caiu rapidamente, no entanto, e Yanukovich pôde assumir o cargo de presidente em 2010.

Agora está sendo feita uma tentativa de colocar no poder um regime que subordinará a ex-república soviética e celeiro do Império Russo à UE. Um exame da liderança política dos protestos revela seu caráter reacionário. Eles são liderados por três partidos, dois dos quais têm relações estreitas com o campo conservador na UE, enquanto o terceiro é abertamente fascista.

O partido Batkivshchyna (Pátria), liderado pela encarcerada Julia Tymoshenko, tem o estatuto de observador no Partido Popular Europeu, a associação de partidos democratas-cristãos e conservadores da Europa. O UDAR (Soco), chefiado pelo campeão de boxe Vitali Klitschko, que reside na Alemanha, é uma criação da União Democrata Cristã (CDU) da chanceler alemã Angela Merkel e seu think tank, a Fundação Konrad Adenauer. O último anuncia publicamente em seu website seminários dedicados à educação política dos membros do UDAR.

De acordo com o estudo intitulado "A extrema direita na Ucrânia" da Fundação Alemã Friedrich Ebert, o terceiro partido, o Svoboda (Liberdade), é "o carro-chefe do núcleo de ideologia de extrema-direita". O nome original do partido era Partido Nazista da Ucrânia e usava como emblema um logotipo que lembra a suástica nazista. Seguindo o conselho da Frente Nacional (FN) francesa , com o qual trabalha de perto, se decidiu mudar para um nome menos provocativo.

Arseniy Yatsenyuk (Pátria) e Vitali Klitschko (UDAR) aparecem em conferências de imprensa junto com Oleh Tyahnybok do Svoboda. Tyahnybok é um neonazista famoso por suas explosões ultranacionalistas, xenófobas e anti-semitas.

Líderes políticos europeus e americanos expressaram sua solidariedade com os protestos na Ucrânia. As mesmas forças que apoiaram tacitamente a brutalidade da polícia que agride impiedosamente aqueles que se opõem políticas de austeridade da UE em Atenas, Madrid e em outras partes, agora proclamam a sua indignação com a brutalidade da polícia ucraniana.

O Secretário de Estado dos EUA, John Kerry instou o governo da Ucrânia a "ouvir a voz de seu povo", enquanto o seu homólogo alemão, Guido Westerwelle, interveio pessoalmente na quarta-feira se misturando com os manifestantes em Kiev. O Secretário Geral da OTAN, Anders Fogh Rasmussen exigiu que o governo ucraniano garanta o direito à liberdade de expressão e de reunião. O governo alemão, que acaba de iniciar um novo processo contra o neo-fascista Partido Nacional Democrático da Alemanha, defende o direito dos fascistas ucranianos manifestarem.

Embora estejam pedindo a renúncia do presidente e novas eleições, a oposição não conta com o apoio da maioria dos ucranianos. A moção de censura contra o governo foi derrotada na terça-feira no parlamento. O Acordo de Associação e Livre Comércio com a União Europeia que a oposição quer implementar teria um impacto devastador sobre uma grande parte da população ucraniana.

O Acordo da UE exclui a adesão simultânea em uma união aduaneira liderada pela Rússia e que, portanto, separaria a Ucrânia do seu principal parceiro comercial, com o qual a sua indústria e rotas de transporte estão intimamente ligadas. A eliminação dos impostos de importação sobre os produtos europeus também significaria a falência para muitas indústrias ucranianas.

Os termos do acordo, que incluem a introdução de regras da UE para a desregulamentação do mercado de trabalho, a privatização de empresas estatais e a redução da dívida pública, teria um impacto social semelhante aos programas de austeridade da UE impostas à Grécia, Roménia e outros países. O Fundo Monetário Internacional (FMI) já está negando à Ucrânia um empréstimo muito necessário porque o governo se recusa a subir o preço do gás em 40% - um movimento que resultaria inevitavelmente na morte de muitos desempregados e pensionistas incapazes de pagar suas contas de calefação.

O acordo de associação iria transformar o país em um grande repositório de trabalhadores para empresas alemãs e europeias, o que poderia produzir salários mais baixos do que os da China. Ao mesmo tempo, os recursos naturais do país, seu vasto e fértil território e seu mercado interno de 46 milhões de habitantes fazem da Ucrânia uma oportunidade de dar água na boca para as empresas alemãs e europeias.

O acordo também fortaleceria a posição da UE contra a Rússia. A união aduaneira ou União Eurasiana compreendendo a Rússia e a Ucrânia teria uma posição significativamente mais forte nas negociações comerciais com a UE do que uma Rússia isolada.

A Alemanha, a UE e os EUA estão buscando não só objetivos econômicos na Ucrânia, mas também geopolíticos. Dada a perda de influência da Rússia na Europa Oriental desde a dissolução da União Soviética, a incorporação da Ucrânia na UE seria empurrar a Rússia para fora da vizinhança da Europa.

Desde o final do século 18, a Ucrânia constitui uma parte importante do Estado russo e soviético. Além disso, a frota russa do Mar Negro está localizado na Criméia em um porto arrendado à Rússia pela Ucrânia.

Tanto os EUA como a UE tem interesse em enfraquecer a Rússia, que é considerado um importante aliado da China. Imediatamente após a sua eleição, em março, o presidente chinês Xi Jinping viajou para Moscou para fortalecer a "parceira estratégica" dos dois países. Ambos os países se sentem ameaçados econômica e estrategicamente pelas incursões agressivas dos EUA e seus aliados na Ásia, Oriente Médio e África.

A China também está expandindo seus laços econômicos com a Ucrânia, que realiza atualmente cerca de 5% do seu comércio exterior com o país asiático. Em outubro, the South China Morning Post informou que a estatal empresa chinesa XPCC tinha feito um acordo com a empresa agrícola ucraniana KSG Agro para ter acesso a 100 mil hectares de terras aráveis ​​para a produção de alimentos para a China. Esta área deve ser ampliada para três milhões de hectares - o tamanho da Bélgica ou Massachusetts.

A China já deu empréstimos para a Ucrânia de US$ 10 bilhões [N.T.: em Portugal, 10 mil milhões]. A Ucrânia considera suas relações econômicas com a China tão importante que o presidente Yanukovich partiu na terça-feira para uma visita de Estado de quatro dias a Pequim, apesar da crise política em curso.

Este é o pano de fundo das tentativas por parte da UE e do governo alemão de usar os protestos em Kiev para desestabilizar o governo ucraniano. Sua iniciativa foi lançada em conjunto com os EUA, que está sistematicamente ampliando sua presença militar na Ásia para cercar a China e minar a sua influência na região. Para este fim, os EUA intensificou de forma massiva sua pressão sobre a China nas últimas semanas.

A ofensiva contra a Ucrânia levanta profundas questões históricas. Em duas guerras mundiais, a Alemanha procurou colocar a Ucrânia sob seu controle e cometeu crimes abomináveis nesse processo. A desfaçatez atual do governo alemão é cheia de novos perigos. As crescentes tensões internacionais podem rapidamente se transformar em conflito armado.

Esse perigo pode ser combatido apenas por um movimento independente da luta internacional da classe trabalhadora por uma Europa socialista unida.


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