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independènciacatPaísos Cataláns - PCO - Representa a condição imposta pelo imperialismo alemão para monetizar a dívida pública em larga escala, repassando o peso da crise para as massas em escala ainda maior.


O setores representantes do imperialismo espanhol foram derrotados. O PSC (Partido Socialista) é a marca catalã do PSOE, e uma das seções mais partidárias do imperialismo espanhol. A derrota eleitoral refletiu a rejeição popular à proposta demagógica do federalismo. A queda ultrapassou a sofrida em 2010, que, por sua vez, já tinha sido o pior resultado da história, foi de 31% para 14,5% dos votos, passando de 28 para 20 deputados. Na capital da comunidade, Barcelona, onde governou por 30 anos, o PSOE ficou na quarta posição.

O enfraquecimento da ala esquerda do imperialismo espanhol é evidente na Espanha como um todo, mas ainda conta com força na burocracia sindical e os movimentos sociais, apesar de ser o pilar de suporte, pela esquerda, do governo direitista do PP (Partido Popular) de Mariano Rajoy.

O PP, apesar de ter obtido a melhor votação nas eleições autonômicas, caiu para a quarta força do parlamento catalão, com 19 deputados.

O movimento Ciutadans, uma organização da direita pró-imperialista menor aumentou o número de deputados de três para nove, captando uma parte dos votos tradicionalmente direcionados ao PSOE.

O ascenso da esquerda nacionalista

A grande novidade das eleições catalãs foi a confirmação da mesma tendência geral que está acontecendo na Europa e no mundo como um todo – o ascenso dos setores da esquerda e o tremendo desgaste da direita.

A ERC (Esquerda Republicana da Catalunha), partido republicano com importante atuação antifranquista durante a ditadura, passou de 10 para 21 deputados e tornou-se a segunda força eleitoral.

A CUP (Candidatura de Unidade Popular), setor ainda mais à esquerda, ligado ao chamado anticapitalismo, conseguiu três deputados em Barcelona e 3,5% no total dos votos, em cima de quatro objetivos principais: a realização do referendo pela independência, a suspensão dos despejos, dos cortes e do pagamento das dívidas ilegítimas.

A ICV-EUiA (Esquerda Unida e Alternativa) passou de 10 para 13 deputados eleitos em cima de um programa contra os planos de austeridade.

A escalada do nacionalismo na Catalunha e na Europa

A manifestação, que levou recentemente mais de um milhão de pessoas às ruas pelo direito de autodeterminação do povo catalão, representou um passo à frente da maciça manifestação, que tinha levado às ruas um milhão de pessoas, no dia 10 de julho de 2007, contra a sentença do Tribunal Constitucional que, após o Congresso, impunha novos cortes ao Estatuto de 2007, e da enorme manifestação de 1977 pela"Llibertat, amnistia y estatut de autonomía". Agora, as reivindicações foram por um estado independente, que é negado pela Constituição de 1978, base do atual regime, que foi estruturado em cima do suporte do PSOE, do PCE (Partido Eurocomunista), da burocracia sindical da UGT (União Geral de Trabalhadores) e das CCOO (Confederação Sindical de Comissões Operárias), da direita pósfranquista e até da burguesia nacionalista basca e catalã, que, principalmente a partir dos anos 1960 se integraram à ditadura franquista, – o chamado "Estado das Autonomias". Para conter os movimentos nacionalistas, o imperialismo espanhol outorgou alguns direitos a mais (até regime fiscal autônomo), principalmente para o País Basco, mas tentou debilitá-lo segregando Navarra.

A Catalunha sempre foi, desde a Idade Média, a região mais rica da Espanha. Com uma população de 7,3 milhões de habitantes, de um total de 46 milhões, e um PIB per capita 18% superior à média nacional, é responsável por 20% das exportações e a metade das relacionadas com tecnologia de ponta; é um importante centro cultural e um dos maiores centros do movimento operário, que em 1936 bloqueou o golpe do general Francisco Franco de maneira contundente.

Na década passada, a burguesia catalã e basca obtiveram fartos lucros e tentaram mobilizar a população local para ampliar a autonomia. O Plano Ibarretxe basco, promovida pelo PNV (Partido Nacionalista Vasco), da direita nacionalista, e a tentativa de reforma estatutária, promovida pelo PSC, ERC e ICV na Catalunha, foram derrotados em 2007, pelo PP-PSOE. O PNV foi derrotado nas eleições de 2009 pela aliança do PP-PSOE e a CiU tornou-se porta-bandeira dos planos de austeridade na Catalunha.

Além da Espanha, movimentos similares têm crescido na Grã Bretanha (Escócia, Irlanda), no Flandres belga, na região alpina do Tirol do Sul, na Itália e em várias outras regiões na Europa. A Aliança Livre Europeia, uma coalizão formada por mais de 40 grupos autonomistas, soma movimentos da Alsácia e Córsega, da França, frísios da Holanda, italianos da Croácia, poloneses da Lituânia, e vários outros.

A tentativa de imposição da centralização pelo imperialismo

O problema colocado pela troika (FMI, UE e BCE) é a imposição da centralização. O objetivo é colocar o governo central sob controle total da UE (União Europeia), como condição imposta pelo imperialismo alemão para monetizar a dívida pública em larga escala, repassando o peso da crise para as massas em escala ainda maior. A bancarrota das autonomias e a imposição de tetos fiscais muito mais baixos persegue esse objetivo. O sucesso desse modelo tem vital importância para o imperialismo europeu, pois ele poderá ser replicado para as outras grandes potências em crise, principalmente a Itália e a França.

O PP, com o apoio solapado do PSOE, leva em frente a política do imperialismo espanhol, submetido ao imperialismo alemão, o que tem provocado o aumento das contradições com as burguesias regionais, que tentam recuperar uma parte dos impostos repassados. No caso da Catalunha, o repasse soma € 16 bilhões, ou 8,7% do PIB, enquanto a dívida pública acumula mais de € 40 bilhões. O chamado FLA (Fundo de Liquidez Autonômico), ou € 18 bilhões destinados a socorrer as autonomias, já está quase esgotado. Uma intervenção fiscal na Catalunha, contrária ao recente Pacto Fiscal aprovado no parlamento local, levaria ao colapso político da CiU, fortemente desgastada devido à implementação dos planos de austeridade. Por esse motivo, a CiU tem tentado manipular o movimento independentista e transformá-lo em instrumento de negociação com o governo central, além de desviar a atenção da própria política. Essa política, restrita aos interesses da burguesia catalã, que direciona 60% das exportações ao mercado espanhol e 20% à UE, tem sido também um fator do aumento das contradições com as massas e do crescimento eleitoral dos setores de esquerda. A própria UE tem ameaçado impedir a adesão da Catalunha independente devido ao medo da tendência se ampliar na Europa.

O Orçamento para 2013 previsto pela Generalitat (governo local) deverá promover cortes piores que os de 2010 e 2011 somados, em torno a € 7,3 bilhões, o que implica na submissão ao imperialismo. As metas de déficit público de 1,5% para este ano e 0,7% em 2013 não serão atingidas.

A chamada "esquerda anticapitalista" tem se subordinado às políticas da ANC (Assembleia Nacional Catalã), que coordena todo o espectro independentista, desde a direita, e foi responsável pela convocação das manifestações. Mas a rejeição à CiU está levando ao crescimento de setores mais à esquerda contra os interesses da burguesia catalã e imperialista, como pode ser visto na própria manifestação da ANC, nas greves gerais e locais, nas manifestações estudantis e nos protestos dos Indignados. Estão em marcha tendências pelo direito à autodeterminação dos países catalãs, que também lutam no sentido da revolução operária, a partir das organizações de base dos trabalhadores e da juventude.

As mesmas tendências de luta podem ser observadas nas outras regiões da Espanha, como no País Basco, na Galiza, em Aragão e Andaluzia, mas também em Madri, pois as massas trabalhadoras têm aumentado o confronto contra os piores ataques às condições de vida das últimas décadas. A luta pelo direito da autodeterminação, planteado sob uma perspectiva internacionalista, implica na luta pela derrubada do regime de 1978, o pósfranquismo sob o controle do imperialismo, pela construção da Federação de Repúblicas Socialistas da Península Ibérica, na perspectiva da Federação das Repúblicas Socialistas da Europa e da revolução proletária mundial, que representa a única alternativa que poderá resolver as tarefas democráticas pendentes.


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