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Janis JoplinEstados Unidos - Opera Mundi - Com apenas 27 anos, cantora sofreu uma overdose de heroína em seu apartamento.


Na noite do dia 4 de outubro de 1970, Janis Lyn Joplin caminhava bêbada pelo centro de Los Angeles com uma garrafa de Southern Comfort, sua marca de preferida de whisky, da qual chegou inclusive a fazer comerciais em revistas. Ninguém ficou assombrado, visto que não era nada estranho vê-la jogada em algum bar, suando em gotas e desmaiando pelo efeito de alguma das várias drogas que consumia. Entretanto, nesta noite em especial, voltava para o seu apartamento após uma tarde inteira injetando heroína com um amigo.

Abriu a porta como pôde, atirou sua bolsa ao chão e se aproximou do telefone. Duas mensagens. A primeira era de Paul A. Rotchild, o produtor de Pearl, disco que então estava sendo gravado. Ele lembrava que Janis deveria ainda gravar Buried Alive In The Blues, a última faixa que restava para completar o disco. O tom da voz de Rotchild parecia mais agudo que o normal, como se intuísse a catástrofe que estava a ponto de ocorrer. Janis apagou a mensagem que havia escutado. A segunda, nem se deu ao trabalho de ouvir. De alguma maneira, nesse momento, pensou em seu amigo John Lennon, que faria aniversário cinco dias depois. Já não recordava, porém, se havia gravado uma mensagem para cumprimentá-lo.

Abriu outra garrafa de whisky, ligou a televisão e se deitou para diminuir o enjôo e a sensação de vertigem. Raios divagantes e impiedosos a confundiam. Passou a lembrar de certa tarde de junho de 1967, quando o público de Monterey Pop Festival a aplaudia de pé. Big Brother & The Holding Company, sua primeira banda, chamou imediatamente a atenção de toda a comunidade gay de São Francisco. A extraordinária atuação de Janis em Monterey a lançou bem alto com apenas 24 anos. Em seguida, como solista, saiu em turnê mundo afora. Dividiu palcos com Jimi Hendrix, The Who, Jefferson Airplane, Grateful Dead e outras lendas contemporâneas. O entusiasmo nas apresentações de Janis logo se traduziram em vendas de discos e cifras milionárias.

Kozmic Blues, Another Piece of My Heart, Summertime, Son of a Preacher Man, Try Just a Little Bit Harder e, acima de tudo, Ball and Chain, são claros exemplos da força, do sofrimento e da paixão de Janis por sua arte. Ninguém na história cantou blues com tanta franqueza, sequer seus criadores negros, dizia parte da crítica. É muito diferente sentir uma letra e incorporá-la à própria vida. Como Janis sempre dizia: “divido o palco com cinco mil pessoas, mas, quando vou para casa, estou sempre sozinha”.

A canção Little Girl Blue, por exemplo, parece ter sido gravada no gabinete de um psiquiatra, sob o efeito de todos os antidepressivos possíveis. Para além de sua estrela e carisma, Janis era provavelmente uma das pessoas mais tristes do planeta. Talvez fosse isso que a fizesse cantar blues. A voz de Janis provinha do fundo da alma, sem dúvida, já que seu corpo estava bastante deteriorado. Jamais em toda a sua curta e convulsionada vida perdeu um ápice de qualidade vocal, nem sequer nas últimas gravações. Seu espírito e sua vocação eram muito mais fortes que os excessos e o descontrole.

Na noite de 4 de outubro, então, cozinhou algo de heroína, injetou como pôde e cinco minutos depois estava morta no chão de seu apartamento. Como ocorre em todas as mortes de famosos, um véu de mistério cobriu o final de Janis Joplin. Não foram encontradas nem drogas nem seringas no local. Há a suspeita de que alguém teria apagado os vestígios.

Nesse dia o mundo pop perdia a voz incomparável de uma verdadeira diva, a única que jamais usou maquiagem. Genial, irreverente, caótica, talentosa, sensível, audaz, poderosa, alcoólica, graciosa, depressiva, amante, prostituta, deusa, alma... dezenas de matizes dentro do pequeno corpo de uma pequena menina do Texas, que deixou nos amantes de blues e de rock um vazio difícil de preencher.

Janis Joplin, branca, foi considerada por muitos como a maior cantora de blues e soul de sua geração, além de a maior cantora de rock dos anos 1960. Morreu com apenas 27 anos. Foi cremada no cemitério-parque memorial de Westwood Village, em Westwood, Califórnia, e numa cerimônia, suas cinzas foram espalhadas pelo Oceano Pacífico.


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