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oxfam10companhiasInstituto Carbono Brasil - [Jéssica Lipinski] Se as dez maiores empresas de alimentos e bebidas do mundo fossem um país, elas seriam a 25ª nação em termos de produção de emissões de gases do efeito estufa (GEEs), gerando uma quantidade maior do que todos os países da Escandinávia juntos.


Se esse dado já é preocupante, outras informações apresentadas pela Oxfam sobre o impacto climático das maiores companhias alimentícias do planeta também não são nada reconfortantes.

O novo relatório da ONG “Standing on the sidelines” mostra que somente as emissões anuais das operações diretas dessas empresas ― Associated British Foods (ABF), Coca-Cola, Danone, General Mills, Kelloggs, Mars, Mondelēz International, Nestlé, PepsiCo e Unilever – são da ordem de 29,8 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e).

Ainda de acordo com o documento, se forem considerados os impactos indiretos dessas companhias, como os números da cadeia de suprimentos e do uso final dos produtos, as emissões alcançam a marca de 233,9 milhões de CO2e.

A maior parte desse impacto, cerca de 114,1 milhões de toneladas, vem da produção das matérias-primas agrícolas. Isso inclui tanto as emissões causadas pela produção em si, como as emissões do uso de fertilizantes e da pecuária, quanto da expansão das plantações sobre florestas. Para se ter ideia, esse impacto é tão grande quanto as emissões de carbono de 40 usinas a carvão em um ano.

Por isso, a Oxfam pede que as empresas tenham um papel mais ativo no combate às mudanças climáticas e suas emissões. O relatório afirma que todas as dez companhias reconhecem que precisam reduzir suas emissões agrícolas, e sete delas de fato medem e reportam esses gases.

Contudo, o que o estudo aponta é que as metas estabelecidas pelas empresas não têm base científica, se fundamentando apenas no que elas acreditam ser viável, em vez daquilo que é necessário ou justificável. Além disso, a maioria não torna públicos os dados de emissões de seus fornecedores, e nenhuma tem uma meta para reduzir essas emissões ou exige que eles façam isso.

As empresas também não têm apresentado uma posição pública muito firme sobre o debate climático, diz o relatório. Com algumas poucas exceções, como Unilever, Nestlé, Coca-Cola e Mars, a maioria não fala sobre a necessidade de os governos e outras empresas agirem. Apenas duas delas, a Mars e a Unilever, assinaram o Trillion Tonne Communiqué, um comunicado recente de empresas que levam as mudanças climáticas a sério.

Ruim para o ambiente, pior para os negócios

Essa falta de ação já está gerando consequências negativas para as empresas, indica o documento. Por exemplo, em março de 2014, Ken Powell, CEO da General Mills, comentou que, no trimestre fiscal anterior, eventos climáticos extremos haviam derrubado as vendas, custando à companhia 62 dias de produção, ou o equivalente a 3-4% desta, “o que não acontecia há um bom tempo para nós, acredito que décadas”, observou ele. Já a Unilever diz que atualmente perde US$ 415 milhões por ano devido a eventos climáticos extremos como enchentes e frio extremo.

A Oxfam calcula que, embora os mais pobres sejam mais afetados, todos sofrerão com as consequências das mudanças climáticas, e o preço dos produtos dessas companhias pode crescer entre 24% e 44% nos próximos 15 anos, afetando as suas vendas e o lucro.

Mas a ONG afirma que as empresas alimentícias ainda podem virar o jogo se adotarem metas ambiciosas de redução de emissões. Se cada uma das dez companhias assumisse o mesmo compromisso de cortar as emissões da agricultura como, por exemplo, fez a PepsiCo, elas poderiam diminuir 80 milhões de toneladas de CO2 em comparação com o business-as-usual até 2020.

“Ao não cortar as emissões adequadamente, as ‘dez grandes’ estão colocando seus lucros em curto prazo à frente dos interesses tanto de si mesmas quanto do resto de nós. Sua influência e riqueza são os ingredientes perfeitos para pararem de colocar seus negócios em risco e tornarem as mudanças climáticas piores”, concluiu Sally Copley, diretora de campanhas e políticas da Oxfam, ao jornal The Guardian.


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