Foto: Agencia Prensa Rural (CC BY-NC-ND 2.0)
Em 1971, a Administração de Richard Nixon, nos Estados Unidos, aplicou o calote da desvinculação do dólar do padrão ouro devido à impossibilidade de enfrentar os crescentes gastos da Guerra do Vietnã. Era o fim da “ordem” estabelecida pelos acordos de Bretton Woods de 1944 pela qual os Estados Unidos se comprometiam a manter a conversibilidade do dólar ao ouro e os demais países o passavam a usar como principal lastro para as próprias moedas.
Em 1974, explodiu a chamada crise mundial do petróleo que esteve na base do colapso das políticas “keynesianas”, da nova escalada da inflação e do desemprego, e do colapso das ditaduras militares com as quais o imperialismo norte-americano tinha inundado os países atrasados. O “keynesianismo” foi a política aplicada pelos governos das potências centrais com o objetivo de conter a crise capitalista aberta em 1929, em cima do aumento dos gastos públicos, principalmente direcionados para obras de infraestrutura e gastos militares. Mas, na realidade, a contenção da crise de 1929 somente aconteceu em cima da brutal destruição das forças produtivas durante a Segunda Guerra Mundial. O esforço de reconstrução da Europa em escombros, por meio do Plano Marshall, a partir de 1948, impulsionou um período de relativa prosperidade nos países desenvolvidos que durou por, aproximadamente, 20 anos e que teve como lápide a crise mundial do petróleo de 1974.
Um novo ciclo de revoluções se abriu em cima do impulso da crise capitalista. A Revolução de Portugal, de 1974, foi o tiro de largada. Em 1979, a Revolução no Irã, o país mais forte do Oriente Médio e o principal instrumento do imperialismo norte-americano para controlar a região, foi o ponto culminante.
O movimento operário experimentou uma forte ascensão em escala mundial. No início da década de 1980, a inflação oficial superou os 20% anuais nos Estados Unidos.
A contenção do movimento operário aconteceu após a derrota da greve dos mineiros do carvão na Inglaterra (1984), que durou um ano, e da greve dos controladores aéreos nos Estados Unidos (1985), que resultou na demissão de 13 mil trabalhadores, e com a entrada dos trabalhadores chineses no mercado mundial ganhando salários miseráveis. Assim começava a aplicação das chamadas políticas “neoliberais”, em escala mundial.
O movimento grevista foi duramente atacado, com demissões das lideranças, além de demissões em massa. Importantes setores industriais foram migrados dos países desenvolvidos para os países atrasados, principalmente para o México, a China e outros países da Ásia. Um novo enorme número de trabalhadores, com salários miseráveis, foi incorporado ao mercado mundial, no final da década de 1980 e no início da década de 1990, a partir do colapso da antiga União Soviética.
O chamado “neoliberalismo” se transformou na política do conjunto da burguesia mundial para conter a crise. A esquerda burguesa e pequeno burguesa em geral, assim como a burocracia sindical, se transformaram em instrumentos dessa política no Brasil e no mundo.
Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.