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140713 mursiEgito - Brasil de Fato - O livre funcionamento do Canal de Suez e o desenvolvimento de uma indústria turística na península do Sinai são os elementos fundamentais aos estadunidenses na região.


O Canal de Suez é o único lugar no mundo onde os interesses geoestratégicos do imperialismo estadunidense convergem com os interesses econômicos do mundo ocidental. Por aí, passam os navios petroleiros que abastecem com petróleo e gás a Europa, os EUA e o Canadá, juntamente com os cargueiros que transportam 80% do import-export entre os países da União Européia e o mundo asiático.

Em termos geoestratégicos, o livre funcionamento do Canal de Suez e o desenvolvimento de uma indústria turística (controlada pelo Mossad israelense) na península do Sinai são os elementos de equilíbrio para o cumprimento das orientações estadunidenses no Oriente Médio que, em primeira linha, determinam a existência militar e a expansão econômica do Estado de Israel nessa região.

Por sua parte, o governo islâmico de Mohammed Morsi nunca questionou Israel, mostrando um respeito quase canino pelos EUA, tanto que inventou a Zona de Livres Trocas no Sinai, unicamente para favorecer os interesses econômicos das transnacionais e das empresas sionistas sem receber nada em troca.

Além disso, todas as privatizações que a Tríade FMI, Banco Mundial e Banco Europeu sugeriu foram autorizadas pelo presidente. É claro que nunca foi proposta a privatização de empresas criadas ou gerenciadas pelos militares.

Então, por que houve o golpe contra Morsi e o afastamento de todos os parlamentares da Irmandade Muçulmana?

A principal causa econômica do golpe é que esse governo, com seus incontroláveis níveis de incompetência e de corrupção, estava empurrando o Egito para a bancarrota.

Alguns analistas afirmam que teria sido simpática aos militares a proposta da campanha Tamarrod (demissão de Morsi e novas eleições), uma vez que o default do Banco Central do Egito teria arrastado para o buraco da crise econômica grande parte das empresas gerenciada pelas Forças Armadas.

É bom lembrar que o Ministério da Defesa emprega cerca de 20 mil militares nos setores administrativos de suas empresas e mais de 40 mil trabalhadores civis, distribuídos nas fábricas de aparelhos domésticos (geladeiras, ar condicionados e máquinas de lavar); de eletrônicos (computadores, televisores e rádios); na sucursal da montadora estadunidense Jeep, para fabricar os carros Cherokee eWrangler; e nas empresas de construção civil, que construíram quase todos os hotéis no Sinai, as principais estradas nacionais e, mais recentemente, o novo campus da Universidade do Cairo.

Além disso, as Forças Armadas criaram uma rede de supermercados e postos de gasolina onde os produtos são vendidos a preços mais baixos porque essas empresas, por serem militares, não pagam impostos à receita federal.

O que determinou a destituição do presidente Morsi foi a necessidade de controlar a ênfase revolucionária da campanha Tamarrod. Entretanto, a realização de novas eleições sob a total influência das lideranças da Praça Tahir podia exigir a submissão das Forças Armadas às novas instâncias legislativas. Desta forma, seria praticamente impossível garantir o cumprimento das orientações geoestratégicas do império estadunidense. Um contexto que abriria a discussão também sobre as obrigações políticas e econômicas para com Israel e o financiamento estadunidense de 1,3 bilhões de dólares por ano ao exército do Egito.

Por outro lado, a demanda de solidariedade para com os palestinos da Faixa de Gaza teria quebrado o diktat sionista de impedir a venda de produtos egípcios, mesmo se esse território faz fronteiras com o Egito.

Mesmo os oficiais e os soldados recebendo uma preparação política "imperial", com a morte política de Hosni Mubarak houve uma abertura política e cultural que impede o Conselho Superior das Forças Armadas de manipular, ainda, a história do Egito.

De fato, hoje é praticamente impossível tentar desqualificar a Revolução dos jovens oficiais de 1954 e obscurecer a liderança política do coronel Gamel Nasser que colocou o Egito na frente do Pan-Arabismo, do Movimento dos Não Alinhados, nos esforços pelo respeito à soberania política e econômica e, sobretudo, na vanguarda da luta contra o Estado sionista de Israel pela reconquista da Palestina.

O golpe de Estado contra o presidente Morsi foi, de fato, um momento de ruptura institucional que corresponde às reivindicações da campanha Tamarrod assinada por 22 milhões de egípcios. Mas é também um potencial entrave contrarrevolucionário para todo tipo de propostas do movimento popular que pretende ir além da simples destituição dos incompetentes e corruptos políticos da Irmandade Muçulmana.

Foto: Wilson Batista/ABr


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