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260410_marx.jpgVermelho - Um dos escritores mais vendidos na Europa nestes últimos meses, Karl Marx deixou de ser o filósofo inspirador de líderes comunistas como Lenin e Stalin para se transformar em uma espécie de oráculo para economistas que buscam uma explicação plausível para a crise dos subprimes, iniciada nos EUA, que devasta mercados e impõe perdas devastadoras para populações inteiras, a exemplo do que ocorre agora com a Grécia.


Além de buscar as causas do declínio econômico das grandes nações capitalistas do mundo, provocado por uma onda de ganância sem precedentes, o aumento significativo nas vendas dos escritos de Marx significa, para alguns analistas, uma releitura do comunismo como solução para os descaminhos da economia globalizada.

Parte-se do princípio que, para Marx, não é a consciência do homem que determina o seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser social é que determina a sua consciência. O “ser social” do homem está ligado a sua existência, aos modos de produção a que está submetido e são os modos pelos quais os homens produzem os bens materiais necessários à vida humana que são os geradores das grandes mudanças históricas.

Os homens sempre se organizaram para produzir bens. Os primitivos eram nômades, extraiam da natureza os meios para sua sobrevivência e quando a caça, os frutos, as raízes acabavam eles se transferiam para outra área. Enquanto o homem saía para caçar e colher, a mulher permanecia em “casa”. Foram elas que observaram que as plantas nasciam das sementes jogadas: era o início da agricultura e o fim da vida nômade.

Mas, para cultivar o solo e criar o gado, o homem precisou tomar posse de um determinado território: era o fim do comunismo e o começo da propriedade privada. Mesmo sendo, nas sociedades primitivas, a propriedade dos meios de produção comum e não existindo ainda o dinheiro foi nesse período que começou a propriedade privada que junto com o desenvolvimento da agricultura propiciou o acúmulo do que era produzido por algumas famílias que detinham a propriedade, quem não tinha propriedade nem meios de produção trabalhava: era o começo da luta de classes e o fim da paz na terra.

Quando o esforço de produção já tinha condições de gerar excedentes, surgiu a escravidão. Agora uma minoria detém os meios de produção e, por consequência, é dona da força de trabalho e do produto do trabalho. A condição natural do homem não é a escravidão, então logo surgem também as revoltas. Para proteger os proprietários das revoltas dos escravos surgiu o Estado.

Quando Igreja Católica e Estado se unem surgem os servos. A Igreja pregava a obediência dos servos aos senhores e o respeito à autoridade real que provinha de Deus.

Os donos das terras detinham o poder econômico e político, faziam as leis, é o Estado cumprindo o seu papel: defender os detentores dos meios de produção. Aos servos que não eram escravos, restava trabalhar nas terras do senhor tendo alguns dias para trabalhar para si, não podendo abandonar o feudo em que nascera.

A partir do séc. XIV, começa a se constituir o capitalismo. A situação do escravo que se tornou servo que agora é assalariado, segundo Marx, é melhor, mas longe do que se pode chamar de liberdade. O modo de produção capitalista tem por finalidade obter lucro e aumentar o capital. A riqueza do proprietário advém não da venda do produto mas da mais-valia que é a diferença entre o que o operário produz e o que lhe é pago por essa produção.

A distribuição de consumo desigual devido aos homens ocuparem postos ou lugares no mundo do trabalho é responsável pelo aparecimento das classes sociais.

Para Marx, a “base real” da igualdade e da liberdade é o processo do valor de troca. Toda mercadoria deve ser levada ao mercado para ser trocada. E para que essa mercadoria possa ser trocada é necessário uma relação entre proprietários que, de livre e espontânea vontade (liberdade) e em condições de igualdade, efetuem a troca. Esta é uma relação de compra e venda entre o proprietário do meio de produção e o trabalhador, proprietário da força de trabalho. A celebração de um contrato pressupõe capacidade jurídica, liberdade e igualdade.

O assalariado tem uma ilusão de liberdade e igualdade quando assina o contrato de trabalho. Ele não tem a liberdade de vender ou não sua força de trabalho, ou vende por quanto o proprietário deseja pagar ou morre de fome. O contrato não lhe permite decidir sobre o que vai produzir e em que condições, não escolhe o horário, o ritmo de trabalho, não decido sobre salário, não projeta o que vai ser feito é comandado de fora, por forças estranhas a ele.

Entrega, assim, a única coisa que lhe pertence: a força de trabalho; perde a posse de seu produto, perde-se a si mesmo, já não é mais a referência de si mesmo: é um alienado. Sua “livre vontade” não passa de coação legalizada. A igualdade e liberdade que legalmente existe não passa de ilusão criada pelo capitalismo que manipulou e manipula as leis, a política e todo o sistema.


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