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WikiLeaks e a batalha do ciberespaço

021210_ciberLa Jornada - [Tradução do Diário Liberdade] Editorial 02/12/2010- A filtração pelo WikiLeaks de mais de um quarto de milhão de telegramas classificados, cruzados durante mais de quarenta anos entre o Departamento de Estado e suas missões diplomáticas ao redor do mundo, já fez correr rios de tinta de informação e debate sobre o inaudito acontecimento. Uma conclusão muito importante se refere ao potencial das novas tecnologias para tornar possível o que até duas décadas atrás não era concebível, senão como o muito improvável resultado de um sofisticado aparato de informação integrado por múltiplas redes de pessoal altamente profissional convenientemente inserido em todas as regiões geográficas do planeta por alguma das duas superpotências de então. Outra, derivada da primeira, é a possibilidade que se abre de desnudar diante do mundo a conduta arrogante, agressiva, interferencialista, racista, criminosa, em suma, decadente e declinante do império estadunidense.


O que o WikiLeaks está revelando até hoje – e isto é muito importante ter em consideração – não são os telegramas trocados sobre a suja matéria operacional entre o quartel geral da CIA, em Langley, e suas estações, com ou sem fachada legal, dispersas por todo o mundo. Por isso, na maior parte dos casos, não se trata de informação sobre ações e tendências que não conhecíamos ou não tivéssemos intuído já, mas como ocorre com o golpe de Estado em Honduras, o substantivo é – verdadeiro monumento ao cinismo – sua qualificação de "ilegal" e "ilegítimo" em informe a seus superiores pelo embaixador yankee em Tegucigalpa. Algo parecido ocorre com a campanha conspirativa e de descrédito internacional de Washington contra o presidente Hugo Chávez ou a debilidade imperial diante a altivez de Israel, pese a dependência daquele de sua ajuda militar e econômica. Da mesma maneira, a constatação reiterada até o infinito dos obsessivos desígnios estadunidenses contra o Irã, catalogados por Fidel Castro e numerosos experts em geopolítica como um caminho que conduz irreversivelmente a uma guerra nuclear suicida.

Entre as inumeráveis apreciações sobre a transcendência da filtração do WikiLeaks, recomendo ler a muito medular e sintética escrita pela jornalista cubana Rosa Miriam Elizalde, quem considero uma das pessoas mais qualificadas na atualidade sobre a batalha de ideias contra a dominação capitalista no ciberespaço. Por essa razão, citarei extensamente seu texto intitulado WikiLeaks humilha o Cibercomando, publicado originalmente na página web de Cubadebate:

"O golpe é demolidor para a política imperial estadunidense, que havia aprendido a conviver com os meios tradicionais, domesticando-os. Agora estes sabem que tem que se adaptar à nova era do ciberespaço, com suas milhões de fontes autônomas de informação, que se tornaram uma ameaça decisiva à capacidade de silenciar no qual sempre se baseou a dominação.

"O que estamos presenciando é histórico e humilhante para os falcões imperiais. Com seu audaz trabalho de coordenação entre os meios tradicionais e os chamados meios sociais, o WikiLeaks ganhou a primeira grande batalha da 'Era da Informação' contra os mecanismos que nas últimas décadas os Estados Unidos e seus aliados governamentais e midiáticos utilizaram para influir, controlar e coagir...

"O que desatou os alarmes em Washington é que o WikiLeaks demonstra que um pequeno grupo de jornalistas e informáticos, utilizando habilmente as novas tecnologias e manobrando nas redes sociais e nas águas turvas da comunicação transnacional, pode colocar em xeque a maior superpotência do mundo e seu super exército ciberespacial, com 1.000 hackers, um orçamento multimilionário e uma esmagadora campanha de terror, para se impor em todo o mundo, com o pretexto da cibersegurança, a ciberguerra".

E agora vem uma colocação fundamental de Elizalde pelo seu valor como conclusão prática, que nos faz vislumbrar o que poderíamos catalogar de enxame de novas guerrilhas revolucionárias do ciberespaço, trocando por computadores o que em outras circunstâncias foram os fuzis.

"...certas chaves que não deveria desdenhar nenhuma estratégia de resistência: o conhecimento e a apropriação das novas tecnologias, o valor da transparência informativa, o ciberespaço como âmbito de ações tanto ofensivas como defensivas e as extraordinárias possibilidades da internet como ferramenta de luta".

 

Traduzido para o Diário Liberdade por Lucas Morais (@luckaz)


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