Entre as inumeráveis apreciações sobre a transcendência da filtração do WikiLeaks, recomendo ler a muito medular e sintética escrita pela jornalista cubana Rosa Miriam Elizalde, quem considero uma das pessoas mais qualificadas na atualidade sobre a batalha de ideias contra a dominação capitalista no ciberespaço. Por essa razão, citarei extensamente seu texto intitulado WikiLeaks humilha o Cibercomando, publicado originalmente na página web de Cubadebate:
"O golpe é demolidor para a política imperial estadunidense, que havia aprendido a conviver com os meios tradicionais, domesticando-os. Agora estes sabem que tem que se adaptar à nova era do ciberespaço, com suas milhões de fontes autônomas de informação, que se tornaram uma ameaça decisiva à capacidade de silenciar no qual sempre se baseou a dominação.
"O que estamos presenciando é histórico e humilhante para os falcões imperiais. Com seu audaz trabalho de coordenação entre os meios tradicionais e os chamados meios sociais, o WikiLeaks ganhou a primeira grande batalha da 'Era da Informação' contra os mecanismos que nas últimas décadas os Estados Unidos e seus aliados governamentais e midiáticos utilizaram para influir, controlar e coagir...
"O que desatou os alarmes em Washington é que o WikiLeaks demonstra que um pequeno grupo de jornalistas e informáticos, utilizando habilmente as novas tecnologias e manobrando nas redes sociais e nas águas turvas da comunicação transnacional, pode colocar em xeque a maior superpotência do mundo e seu super exército ciberespacial, com 1.000 hackers, um orçamento multimilionário e uma esmagadora campanha de terror, para se impor em todo o mundo, com o pretexto da cibersegurança, a ciberguerra".
E agora vem uma colocação fundamental de Elizalde pelo seu valor como conclusão prática, que nos faz vislumbrar o que poderíamos catalogar de enxame de novas guerrilhas revolucionárias do ciberespaço, trocando por computadores o que em outras circunstâncias foram os fuzis.
"...certas chaves que não deveria desdenhar nenhuma estratégia de resistência: o conhecimento e a apropriação das novas tecnologias, o valor da transparência informativa, o ciberespaço como âmbito de ações tanto ofensivas como defensivas e as extraordinárias possibilidades da internet como ferramenta de luta".
Traduzido para o Diário Liberdade por Lucas Morais (@luckaz)